Capítulo 6 + Capítulo 7

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 Não, não e não

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Não, não e não. Isso só pode ser coisa da minha cabeça. Toquei na minha testa para constatar que eu só podia estar com uma febre tão alta que estava delirando. Eu não consigo acreditar na possibilidade do Tony – meu chefe e ex cunhado – tentar me beijar. Será que ele lembra que namorou minha irmã mais velha? Eu aposto que não.

Me concentrar no trabalho provou ser uma tarefa árdua quando meus pensamentos estavam no meu chefe sexy e gostoso tentando me agarrar. Como se já não bastasse as pessoas, na minha vida inteira, terem me comparado com a Ágatha, agora a cereja do bolo foi colocada comigo admitindo que tenho vontade de beijar o ex dela.

Não me levem a mal, eu amo minha irmã, mas desde sempre busco trilhar caminhos totalmente opostos do dela. Se você for parar para pensar, minha irmã mais velha é o ser mais "ideal" que existe na face terrestre. Ela é alta, magrinha, loira, olhos claros, inteligente, passou no vestibular na primeira tentativa para uma faculdade fora do Brasil, é apaixonada por seu melhor amigo de infância e foi correspondida, mesmo ele sendo anos mais velho, é advogada, profissão que meu querido pai idolatra, dentre muitas outras características que a sociedade encara como padrão e perfeita.

Não que eu concorde com a opinião padrão da sociedade antiquada, longe disso. Mas não quer dizer que, em um passado não tão distante, eu não tenha achado que tudo que ouvira era verdade.

"Tem que emagrecer, Kyra, olha para sua irmã bem magrinha"

"Nossa, a Ágatha nem teve tantas espinhas assim como você, isso é porque você se entope de chocolate e gordura"

"Olha, sua irmã vai ser uma advogada com diploma do exterior, você tem certeza que vai fazer publicidade?".

Esses são poucos exemplos de conversas que eu fui obrigada a ter com familiares e conhecidos.

Tenho que deixar bem claro que foi bem difícil para uma menina de 12 anos ouvir isso tudo. Eu não passei por essa fase com facilidade, não aceitei meu corpo nem meus problemas como forma de crescer e evoluir. Ser comparada doía para caralho e foi assim que eu aprendi que nunca deveria fazer isso com absolutamente ninguém. Talvez essa tenha sido a pior fase da minha vida, eu quase odiava a Ágatha por ser tão "perfeita".

"Olha, já to voando de novo", pensei quando vi o Adobe Illustrator aberto da mesma forma que estava a dez minutos atrás. Dispersei meus pensamentos melancólicos e me forcei a continuar as tarefas que estava fazendo, mas não foi tão fácil quando vi Anthony entrando novamente na nossa sala.

— EI! Vamos pro happy hour hoje? - Ele perguntou e antes que eu pudesse entender, todos na sala estavam confirmando e sorrindo. Seria muito rude recusar? Provavelmente sim. — E você, Kyra? É a sua primeira saída com a gente, não dá para faltar. - Ele continuou, me deixando mais nervosa ainda. Encontrar o Tony fora do ambiente de trabalho seria a mesma coisa que colocar fogo em um tanque de álcool, e só tinha um resultado previsto: explosão.

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