"- Me diz que eu posso te beijar... - Assoprei no seu pescoço e depois dei uma leve mordiscada, atiçando-a. - Diz, bebê. Não quero ser acusado de coagir minha funcionária novamente. - Continuei distribuindo mordidas e beijos no seu pescoço e colo. A...
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Entrei na sala chique e sentei de frente para minha psicóloga, uma senhora loira e elegante de 50 e poucos anos. Antes mesmo que eu pudesse falar alguma coisa, as lágrimas brotaram em meus olhos, tão rápido quanto uma formiga surge em um pote de açúcar aberto.
A doutora Tânia é, provavelmente, a pessoa que mais me conhece no mundo inteiro. Eu já perdi as contas de quantas vezes me permiti chorar no seu consultório, sentada nessa cadeira confortável e falando sobre coisas que eu não tenho coragem de contar para ninguém. Absolutamente ninguém sabe das ideias bizarras que passam pela minha cabeça e, anos atrás, quando eu guardava para mim tudo isso, era bem mais difícil viver normalmente, eu sentia que meu corpo e minha alma estavam sendo consumidos... eu sei, é estranho.
Ela me analisava e, não tenho dúvidas, de que já sabia o motivo do meu choro. Ela sempre sabia. Foi o mesmo da semana passada, e ela lembra de tudo que eu falo, por mais insanos que fossem meus pensamentos. Era isso que eu amava nessa mulher, ela me entendia, não julgava, dava conselhos despretensiosos e correlacionava fatos que aconteciam quando até mesmo eu já havia esquecido. Imagina fazer isso com todos os seus pacientes, é no mínimo de se admirar pra caralho.
Resumidamente, flagrei meu ex futuro namorado, no caso, ficante, transando no seu carro com outra mulher, enquanto eu esperava por ele para sairmos para almoçar. Apesar dele não ser meu namorado oficial, nós tínhamos um compromisso, ou, pelo menos, eu achei que tivéssemos.
Aparentemente, ele não compartilhava dos mesmos sentimentos que eu. O problema é que, no final das contas, você pode dizer: "Ele nem era seu namorado, então isso não é uma traição,Kyra". E eu vou responder: "Concordo". Sim, eu realmente concordo. Ele tinha direito de ficarcom outras mulheres. Não que ele deveria fazer isso. Aliás, ele poderia pelo menos ter a dignidade de esperar nosso almoço acabar para transar com outra. Responsabilidade afetiva mandou lembranças, amigo.
Na real, o problema não está nele ficar com outras pessoas, mas sim no que eu sinto quando penso nisso. Eu sei, eu sou problemática. Desde nova. Nem todos sabem disso, a maioria não percebe. Aliás, por que uma menina rica, bonita, que mora num apartamento legal, tem um carro bacana e família presente teria problemas? Eu me questiono isso todo dia...
Acontece, queridos, ninguém é perfeito, e minha cabeça está passando bem longe da perfeição. É nela que eu crio teorias conspiratórias contra mim e é nela que minha baixa autoestima se instala. E não adianta me falarem: "Mas você é tão linda." ou "Você é inteligente e legal.", não é bem assim que funciona e definitivamente isso não me faz sentir melhor, pelo menos não a longo prazo.
Tem dois anos que iniciei o tratamento e tento superar esses problemas. Eu juro que eu me esforço, mas quando algo desse tipo acontece, sinto que voltei a estaca zero. A sensação de ser substituível de forma tão banal acaba comigo, principalmente com esse meu "complexo" de inferioridade. Eu sempre imagino que fui trocada porque, de alguma forma, aquela outra pessoa é melhor do que eu.