Quanto Tony me puxou, eu fiquei surpresa e não consegui esboçar nenhum tipo de resistência. Não que eu quisesse resistir, mas eu deveria. Esse beijo é errado em tantos níveis que eu não gosto nem de raciocinar.
Raciocinar: fica difícil fazer isso com a boca dele me estimulando, mordendo meu lábio e sugando para si. Pior ainda é tentar me afastar quando as mãos grandes e firmes dele seguram minha cintura, roçando na pele exposta pelo cropped. Se eu fiquei excitada só com esse roçar suave e com os beijos, imagina com o resto.
Depois que o Anthony me empurrou na parede e passou a beijar meu pescoço, arrepiando todos os pelos do meu corpo, recobrei uma parte da minha sanidade e um empurrei.
— Eu preciso voltar para a mesa. - Falei com tanta rapidez que me admirei não ter engolido nenhuma palavra, mas antes mesmo que Anthony pudesse retrucar, eu sai correndo.
Fui antes para o banheiro e passei um pouco de água no meu pescoço. Puta merda, como eu tinha deixado isso acontecer. O plano inicial era ficar aqui no máximo uma hora, nenhuma merda poderia acontecer nesse tempo. Agora eu consegui beijar o ex da minha irmã, meu chefe e cara que minha melhor amiga tá afim. Parabéns para mim, Kyra, fazendo merda desde os anos 2000.
— Amiga, acho que já vou. - Falei para Oli assim que sentei-me ao seu lado. O Anthony já estava na mesa e não tirava seus olhos de mim, deixando-me um pouco sufocada com tanta atenção.
— Já? Você me dá carona?
— Claro! - Sorri e me despedi de todos. Tony não pareceu ficar muito feliz com minha saída repentina, mas não insistiu para que eu ficasse.
Nós pagamos nossa parte no balcão e fomos até meu carro.
— Pensei que você fosse querer ficar para tentar algo com o Tony.
— Com aquela tal de Jaque em cima dele não ia rolar nada. - Ela resmungou. — Mas você viu que ele não tirou os olhos de mim a noite toda?! Até quando estava no palco. - Ela suspirou, apaixonada. Eu arregalei os olhos e fiquei prestando atenção na estrada, sabendo que, na realidade, ele olhava para mim, não para ela.
"Ou talvez seja a intenção dele, olhar para as duas e ver qual cai mais fácil no papinho dele" conjecturei. Não sei se o Tony faz a linha escroto, mas que tem milhares de mulheres dando em cima dele, isso tem. E não faz nenhum sentido ele ter escolhido logo eu para insistir, quando na verdade tinham milhares abrindo as pernas para ele facilmente.
Droga, odeio ter esses pensamentos.
Os sinais da minha baixa autoestima sempre dão as caras em momentos como esse, mas, na minha humilde opinião, um cara gato como ele nunca daria tanta bola assim para mim. E se desse, seria apenas uma diversão, como aconteceu com Arthur. Eles nunca me levavam a sério e, para mim, isso só tinha um motivo: minha aparência.
A voz da doutora Tânia veio nos meus pensamentos, lembrando-me de que isso é o distúrbio dismórfico corporal falando. Eu fui diagnosticada com uns 18 anos e fiz o tratamento com o psiquiatra e com minha psicóloga, mas eu não tinha um grau tão grave da doença, o meu caso tinha mais a ver com o bullying que eu sofri. Hoje, ainda bem, o meu tratamento era apenas com psicoterapia e eu consegui melhor muito. Atualmente eu sei que, quando nós nos achamos bonitas, os outros acharão também, e que a imagem tão feia que eu vejo no espelho, muitas vezes, é minha mente tentando me sabotar.
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Imperfeita
Romance"- Me diz que eu posso te beijar... - Assoprei no seu pescoço e depois dei uma leve mordiscada, atiçando-a. - Diz, bebê. Não quero ser acusado de coagir minha funcionária novamente. - Continuei distribuindo mordidas e beijos no seu pescoço e colo. A...