Olhei-me no espelho e me senti horrível. Meu cabelo estava escuro demais, meu nariz tinha um ossinho maior do que o normal e acima da minha calcinha era possível ver uma gordura saltando. Pensei em ligar para uma clínica de estética e marcar uma criofrequência e uma massagem modeladora para reduzir essas gorduras, mas joguei meu celular longe e me neguei a sucumbir aos desejos da minha doença.
Eu poderia me transformar naquelas pessoas que queriam virar bonecos, tipo a Barbie ou o Ken humano. Era isso que minha doença faria comigo e eu preciso ser forte para evitar que aconteça. Se eu fosse fazer todos os procedimentos que já desejei, com certeza, estaria totalmente diferente de como vim ao mundo e, depois de muita análise, concluí que isso não é legal. Somos únicos e não precisamos ser padrões.
Peguei o vestido escolhido para a noite, era preto com mangas e tinha um decote maravilhoso. Minha cintura ficava fina e valorizava meu bumbum: ponto para mim, conseguia identificar minhas qualidades. Terminei de arrumar meu cabelo e minha maquiagem. Calcei meu salto e fui até a sala esperar Olívia chegar com o Uber aqui.
— Vai sair, pirralha? - Erick surgiu na sala de casa vestindo uma cueca samba canção. Lembrei-me que fazia vários dias que eu não esbarrava com meu irmão e senti saudades.
— Vou, sumido. - Aproximei-me dele e o abracei com força. — Não lembra que tem irmã mais nova não?
— Impossível esquecer. - Ele beijou minha testa. — Tá gata! Vai sair com o Arthur, é?
— Arthur é carta fora do baralho. - Revirei os olhos. Tudo que eu menos precisava era me lembrar do Arthur.
— Uh. - Ele riu. — Você é das minhas, pirralha. Não fica com ninguém por muito tempo. - Eu sorri, mesmo sabendo que ele estava errado. Na realidade, eram os homens que não ficavam comigo por muito tempo, mas ele não precisava saber disso. — Só a Ágatha que saiu da curva, passou anos apaixonada pelo mesmo mané.
— Credo, não fala assim do seu melhor amigo. - Eu gargalhei com a provocação do Erick. Ele e meu cunhado, Martin, eram melhores amigos de infância e viviam colados.
— O que você precisa entender, Kyrazinha, é que figurinha repetida não completa álbum. Você está certíssima em não se apegar.
— Hum, então você pode me dizer se nesse seu álbum já tem uma figurinha da Lis ou ainda está faltando... - Joguei verde e ele fechou sua expressão, antes risonha. Era sempre assim, eu perguntava algo para um dos dois e eles ficam putinhos. A Ágatha fingia que não via, mas eu não consigo ser assim, a curiosidade falava mais alto.
— Deixa de ser pentelha. - Ele caminhou para o seu quarto e eu revirei os olhos. Céus, no dia que eu descobrir esse dilema eu juro que rezo três Pai Nossos de joelhos em uma espiga de milho.
"Aqui em baixo, pode descer." Li a mensagem de Oli e me levantei rapidamente. Gritei um tchau para meus pais e tranquei a porta da sala após sair.
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Imperfeita
Romansa"- Me diz que eu posso te beijar... - Assoprei no seu pescoço e depois dei uma leve mordiscada, atiçando-a. - Diz, bebê. Não quero ser acusado de coagir minha funcionária novamente. - Continuei distribuindo mordidas e beijos no seu pescoço e colo. A...