CAPÍTULO VINTE UM

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– Tem como vocês parem com essa merda? – Raphael reclamou. – Pelo amor de Deus, estamos em Búzios, na praia, na frente de um monte de gente, tem como pararem com essa melação em publico?

Melinda riu e logo saiu do meu colo. As pessoas não estavam nem ai para nossa demonstração de afeto. Ela tirou a roupa de praia e foi para o mar enquanto eu, Raphael e Jenny continuamos sentados observando o movimento.

– Tô vendo que você só anda adiando as coisas... – resmungou Raphael.

Aborrecido, o encarei.

– Não começa com essa merda. – abri uma cerveja tirada do cooler. – Irei resolver isso.

Ele suspirou.

– Tem dois meses que você diz a mesma coisa. – disse entre dentes. – Dois longos meses, na verdade quase três. E sabe qual é o pior? É que uma hora ou outra alguém pode acabar falando pra ela.

– Puta merda Raphael, o que você quer? – gritei.

Jenny nós encarou assustada.

– Quero que você não tenha o mesmo final que eu tive. – disse. Seu semblante mudou e ele saiu da cadeira. Jenny me encarou com tristeza e foi atrás dele.

– Que clima chato. – Dexter sentou onde Raphael estava. Meu sengue ferveu na hora. – Deveria ouvir as pessoas que se importam de verdade com você.

– Ainda bem que você não se encaixa nesse quesito. – dali eu via Melinda na agua brincando com algumas crianças desconhecidas. – O que você quer Dexter? 

– Estou de passagem. – ele encarava o mesmo ponto que eu. – Parabéns, ela é linda!

Travei o maxilar.

– Acho melhor ficar longe dela se não quiser conhecer o inferno. – o encarei com seriedade. – É só um conselho.

Dexter soltou uma risada abafada.

– Quem diria hein! – ele ficou de pé. – Fica tranquilo... Não é comigo que você tem que ter cuidado... Velho amigo.

O olhei novamente, mas o mesmo estava a longos passos de mim.

Dexter era meu melhor amigo antes de me tornar o Capo. A família dele sempre foi muito bem vinda em nossa casa, mas, com o passar do tempo meu pai não me deixava ter a diversão que eu queria, e sempre que ele chegava a nossa casa, ele inventava que eu tinha me machucado ou que estava na escola. Mas era mentira, meu pai passou a me treinar, lutar, atirar, entre outras coisas. Aulas em casa e nenhum tipo de experiência adolescente. Quando chegou o dia de me apresentar, meu pai trouxe um CD para mim, onde continha um vídeo de Dexter e seus pais conversando com outras famílias da Máfia. O pai dele não media palavras ao me humilhar, Dexter por sua vez, concordou com tudo. E com isso não o deixei passar na porta da minha casa sem antes dá-lhe uma surra. Quando me tornei o Capo, naquela época, a primeira coisa que fiz foi demitir seus pais, mas sua família com medo do resto do castigo, ajoelhou-se implorando misericórdia para que eu não arrancasse suas cabeças. Apenas deixei Dexter na empresa. Seus pais perderam o posto no concelho e na Máfia. Agora Dexter não pode sair de onde está, é um mero advogado dos Denovav. E é disso que ele vive.

– Ei, está na terra? – a voz de Melinda me desligou do transe. – O que foi? Onde está Raphael?

Engoli em seco pesando em outra mentira.

– Ele saiu com Jenny. – falei, estendi a mão para ela e a fiz sentar em meu colo, como antes. – Está gostando daqui?

– Claro, porém, ficaria mais feliz se você entrasse na agua comigo. – suas bochechas elevaram com o sorriso em seus lábios. Ela me deixou um beijo nos lábios e se levantou novamente. – Vamos?

– Espera só eu guardar essas coisas, vai indo na frente. – pedi enquanto abria sua bolsa.

– Tudo bem! – sorriu.

Guardei meus pertences eletrônicos e caminhei para praia cheia. Na intenção de achar Melinda, olhei tudo em volta, mas não a vi. Ela estava aqui agora a pouco, onde se meteu?

Uma menininha que mais cedo brincava com ela, passou por mim, com certeza ela deve saber onde Melinda está.

– Ei, garotinha, viu a morena que estava com você agora a pouco? – perguntei, a menininha me encarou confusa.

– Dos cachos grandes? – ela perguntou.

– Sim, ela mesma! – falei, meu estomago fervia de ansiedade. Melinda não sairia daqui sem mim.

– Eu não vi não moço. – e saiu correndo.

Decidi procura-la mais longe. De volta para o hotel ela não foi, tenho certeza, Melinda não deve ter ido para longe. Voltei para nossa cadeira, pegando meu celular com ideia de por meus homens para procurá-la.

Raphael ainda não tinha voltado, nem Jenny. Puta merda, não podem mexer no que meu, não podem!

– Cassio, procurem por Melinda, junte todos os seguranças e a procurem, agora... – tentava ao máximo manter o controle.

– Hector? – Melinda tocou meu ombro, no mesmo momento me virei para ela.

Em um ato de desespero tomei seu corpo em um abraço apertado. O medo de nunca a mais ver era tão grande que eu não pensei no ato seguinte:

– Onde esteve Melinda? Porque sumiu assim? – gritei. Agora sim as pessoas estavam prestando atenção em nós. E pra completar, Jenny e Raphael surgiram sem entender o que estava acontecendo.

– Fui ao chuveiro, mas o daqui de perto não funcionava, então procurei outro. – ela disse, com seus olhos confusos e assustados. – O que foi? Não precisa gritar comigo.

Andei de um lado para o outro até me acalmar, o que não estava funcionando. Melinda não sabia de nada, preciso me controlar. 

– Vamos embora, essa praia já deu. – falei rude. Não conseguia manter a calma, Melinda se afastou, sumiu por alguns segundos e eu quase enlouqueci. Tudo por uma merda de chuveiro.

– Tudo bem então. – seu semblante estava fechado e carrancudo. – Mas não precisava dessa merda toda, esse show todo. Não sou uma criança Hector!

E saiu a passos firmes.

– Eita! – Raphael pegou suas coisas. – Ela realmente te deixa maluco hein.

Suspirei, derrotado.

– E como. – caminhávamos lado a lado para o carro enquanto Jenny e Melinda iam a nossa frente. – Por um momento eu achei... achei que tinham feito alguma coisa a ela.

– E quem poderia fazer algo a Melinda? – ele perguntou a me encarar. – Hector, ultimamente você vem sendo tão possessivo, claro, é normal seu, mas esta ao extremo. Melinda não vai fugir de você cara...

– Não até saber toda a verdade. – resmunguei.

– O que anda acontecendo? – ele me parou na calçada da praia, lugar onde eu podia ver nosso carro e Melinda estava em uma boa visão para mim. – Ta escondendo algo de mim também?











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DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora