DA COR DE MARTE

CAPÍTULO DEZOITO

– Sente-se, precisamos conversar! – Wendell dizia. – Somos o concelho Capo, então, mesmo que não queira, obtemos informações sobre sua vida.

– O que sabem sobre mim agora, que eu virei viado? – falei, sem humor.

Fazem exatamente um mês dês de que não vejo Melinda. Na verdade, que não falo com ela. Eu a vi na sua loja algumas vezes, estava mudada, pude ver como seu rosto afinou e seus olhos estavam sem aquela animação contagiante, o brilho havia sumido, e o que mais me chamou atenção, foi seu corpo, parecia menos cheio. Minhas ligações se tornaram cada vez mais inexistente, assim como as mensagens, queria poder ir até ela, mas sei que não daria em nada, com tudo isso, eu me via acabado e sem saída.

Luiz sumiu, mas sei que o mesmo ainda a visita. E eu, eu não consigo dormir direito, um vazio se instalou em mim.

Wendell jogou algumas fotos sobre a mesa, e lá estava ela. Conversando comigo na porta do antiquário. Ela regando as flores em sua casa. Muitas fotos de Melinda de todos os jeitos.

Puta que pariu, tenho certeza de que esse cara quer sarna pra se coçar, só pode.

– Que merda é essa Denovav? – gritei, ficando de pé. Meu corpo fervia por dentro, todo o controle que estava tendo para não meter uma bala na cara desse cara, estava indo por inferno.

– Essa é a sua suposta namorada! – ele cruzou os braços. – Melinda é o seu nome, não é?

Pus as mãos na mesa o encarando com raiva.

– E o que é isso, algum tipo de ameaça? – indaguei. – O que você quer com essa merda Wendell Denovav?

Ele se recostou na sua grande cadeira. Conheço a família Denovav há muito tempo, e o pior de todos que já existiu habitando essa terra, é esse homem diante de mim olhando-me com duvidas e maldade. Ele abraça a Máfia e todas as coisas ruins que existem nela como se fosse seu ar para respirar. Ele, depois de mim, é líder do concelho. Mas novo que eu, e sem humanidade nenhuma.

– Quero que apresente sua mulher a família! – era tudo que eu evitava. Tudo que eu menos queria era isso, a envolver nessa merda. – Afinal, ela sabe não sabe? Com certeza não liga se é o chefe da Máfia não é mesmo?

Vi-me encurralado, porém, com disposição pra qualquer merda que vier pra cima por causa dela.

Se for necessário, vou acabar com todos para mantê-la segura. 

– Melinda não é nada minha! – proferi, o gosto amargo se formava em minha boca. Eu precisava disso.

Wendell riu, saindo de sua cadeira indo para a mesa que estavam às bebidas.

– Ah, que isso?! – disse, enquanto enchia seu copo de Whisky. – É uma pena!

– Eu sou o capo dessa merda, tenho a mulher que quiser. – falei, tomando sua atenção. – E nem você e nem ninguém vai me impedir disso.

– Está sugerindo renunciar seu cargo, Hector? – perguntou, se aproximando lentamente, os olhos arregalados em deboche enquanto um sorriso abitava sua maldita boca. – Caso queira usufruir do que acabou de dizer, então tem em mente deixar sua posição não é?

Cerrei os punhos, controlando-me para não matar esse desgraçado de porrada.

– Desrespeitar as regras por causa de uma mulher, que nem tem o nome forte, e, ainda por cima... – sentou na ponta da mesa, sorrindo ladino, como o capeta. – Nem sabe que o namorado faz parte de uma Máfia, é algo sujeito ao que mesmo? Ah sim, claro, eu teria o prazer de decapitar você!

– Wendell, por Deus, vou avisar para você... – me aproximei do mesmo, ignorando suas ameaças. – Se chegar perto de Melinda novamente, juro pelos céus e infernos que quem vai decapitar alguém aqui será eu!

Avisei e logo caminha para sair dali.

– Ah... – já na porta, Wendell chamou minha atenção me fazendo olhar para ele com sangue nos olhos. – Não se esqueça de dizer a verdade Gollene! – piscou erguendo seu copo de Whisky.

Saí dali a passos duros, eu precisava falar com ela.

                             )(

Mais duas semanas e ainda estou afastado de Melinda. Dessa vez eu mesmo quis me manter distante para protegê-la. São tantas coisas que não consigo pensar direito. Toda vez que tem reuniões, ou eu estou distraído, ou Veronica e Wendell estão me encarando como se soubessem do meu maior pecado, o que é verdade. Nem Dexter está se sujeitando a me irritar. Meu avô está me visitando diariamente, agora que temos a confirmação de que Melinda é a filha bastarda de Marco, ele está mais preocupado que o normal, e por incrível que pareça, não só comigo, mas com ela também.

– Hector, seu puto, acorda! – Raphael entrou no quarto as carreiras, com o tablete em mãos.

Eu me encontrava sentado na cama, olhando para o nada. Sem ter a maior animação de sair para fazer algo.

– Por favor, Raphael, se for de novo esses convites ridículos de festas, eu não...

– Não, cara, olha... – ele mostrou a mensagem, grande e nítida em seu e-mail.

– O que é isso? – indaguei.

– Isso significa que o meu informante descobriu essa merda, e Melinda está correndo perigo, se documento estiver mesmo com ela uma guerra pode acontecer. – disse aflito.

– O que? – levantei rapidamente da cama, tomado por uma agitação, uma sensação ruim. – Tá querendo me dizer que ela possa está com algo que eles queiram?

–Mais que isso cara. – Raphael andou de um lado para o outro. – Melinda tem algo perigoso em suas mãos, e a vida dela pode está em jogo.

Puta merda! 

Deixem sua estrelinha, please! ✨