CAPITULO DEZESSETE

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Melinda congelou naquele momento, podia sentir a tensão que irradiava do seu corpo, com os olhos arregalados, em pânico, ela deu um passo para trás.

Eu tinha pegado ela na sua mentira, ou plano. Não sei definir, mas sei que hoje ela vai me contar o que tanto esconde. E se for algo relacionado a seus pais, por Deus, não sei o que fazer.

Ela sentou-se novamente, engolindo em seco. Seus olhos estavam à beira do alagamento. Cheio d’águas.

– Você, você estava ouvindo? – perguntou, em voz baixa.

Continuei onde estava, não movi nem um dedo para ir até ela.

– O suficiente para perguntar novamente... –respirei fundo, meu sangue fervia junto com meu coração, que estava quase pulando para fora do peito. – O que você esconde de mim Melinda?

– Hector... eu... – sussurrou, baixando a cabeça. – Me perdoa, eu não consigo dizer... Eu...

Caminhei a passos pesados até ela, pegando em seus braços aproximando seu corpo do meu. Naquele momento, não fui gentil ao segurar seu corpo. Estava a beira de explodir.

– Não gagueja caralho! – gritei, seus olhos arregalaram-se tomado por medo e apavoramento. – Me fala a verdade Melinda, que merda você tanto esconde de mim?

Seus olhos me estudavam, mas não como nas outras vezes. Dessa vez havia ódio, repulsa e raiva. Tomado pela fúria, não liguei para esses sentimentos vindo dela.

– Me solta Hector! – ela pedia em tom severo, como se estivesse controlando sua raiva. – Me solta agora!

O ódio de sua voz me fez vir a terra, me despertando e fazendo perceber a merda que fiz. Melinda estava assustada, esfregando os braços.

Um tom vermelhado cobria onde suas mãos desciam e subiam.  Por um momento, essa foi minha intenção, meu egoísmo, porque era assim que eu conseguia tudo. Por meio de dores físicas.

– Cigana, eu... – tentei dizer algo, mas o sentimento escuro me tomou. A raiva ainda estava em mim, mesmo presenciando o medo e raiva da mulher a minha frente. Sentia cada parte minha se desfazendo. O que fiz foi como um soco em mim mesmo. Perder a calma com ela foi um gatilho pro meu desespero.

O desespero dela me ver de verdade, quem realmente sou!

Ela secou as lagrimas afastando-se de mim e foi até a porta.

– Sai da minha casa! – pediu ela de cabeça baixa em sinal de decepção, era isso que eu tinha feito.

– Por favor, Melinda, eu perdi o controle, não consigo ser delicado e... – supliquei.

– Vai embora Hector, agora! – gritou, as lagrimas caiam em suas lindas bochechas. – Não volte mais aqui!

Fui até a porta e assim parei na entrada.

– Me perdoa Cigana, eu não queria te machucar! – ela olhava para um ponto qualquer da casa, enquanto chorava.

 Esperei sua resposta, mas ela não veio. Desci as escadas ouvindo o bater da porta.

                           
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 Já faz três dias que sai da casa de Melinda e todos esses dias ela não entrou em contato comigo. E quando eu ligava para ela, ela não me atendia. Às vezes que passei em frente sua loja estava tudo fechado, as janelas da casa fechadas e tudo apagado.

Entrando em casa, vi Jenny arrumando a sala e me aproximei da mesma.

– Jeniffer! – ela se virou rapidamente, assustada.

– Senhor! – disse.

– Sabe me dizer se Melinda está bem? – indaguei, vi uma briga interna em seus olhos. Ela queria falar, mas não podia. – Pode dizer.

– Perdão senhor, mas não posso falar nada. – ela logo se retirou as pressas.

Mais que merda, eu vou enlouquecer com o silencio de Melinda.

Ouvi a porta ser aberta, Luiz atravessou a sala a passos duros. O mesmo me nocauteou, com um rápido soco na boca. Virando meu rosto, tirando uma pequena gota de sangue.

Ah, esse filho da puta!

Na hora em que eu ia atacar de volta, Raphael rapidamente me segurou.

– Seu desgraçado filho da puta! – Luiz gritou. – Ela está machucada por sua causa, e eu vou te dizer, volte a se aproximar dela que vou fazer pior.

– Você não tem medo seu merda? – gritei, tentando me soltar de Raphael. – Como ousa entrar aqui e me bater? Eu vou acabar com você!

– Você merece mais. – ele tirou o terno o jogando no chão. – Eu tô fora dessa merda! Desconte o quanto quiser, mas olhando pra essa tua cara eu não fico mais!

E saiu, cuspindo no chão.

Raphael me soltou, e eu, em um ato de fúria quebrei tudo na sala. Meu primo ficou ali, parado, até me ver sentar no chão com as mãos feridas por conta dos socos dados nos moveis.

– O que você fez com Melinda? – ele indagou.

Encarei qualquer ponto daquela casa, sentindo todo meu corpo tremer de raiva, ódio, exaustão, tristeza.

Eu queria matar um e ver o sorriso de dela.

– Eu a machuquei Raphael. – o encarei, Raphael tinha pena em seus olhos. Eu não queria isso. – Deixei os braços de Melinda roxos por pura raiva. O pior de tudo foi eu ter ferrado com seus sentimentos. 

Ele ficou em silencio.

Depois de quase duas horas ali, sentando no chão, Dona Ana apareceu e me ajudou a levantar. Pedindo-me para ir tomar banho e dormir.

Depois do aconteceu, não vejo porquê ir atrás dela, talvez Melinda mereça alguém que seja sincero e não a cobre verdades com a bagagem cheia de mentiras.

Como eu!
















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DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora