CAPÍTULO DOIS

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Minha garganta secou por um momento, até meu corpo parou naquele tempo, tempo suficiente para perder os sentindo com o perfume de rosas que vinha do seu lindo corpo.

- Moço? - os delicados dedos com unhas cor azuis marinhos estalavam em enfrente o meu rosto, tirando-me do transe. O que pareceu eternidade. - Moço, está tudo bem?

Engoli em seco, e logo tomei postura.

- Boa tarde senhorita. - falei. Um sorriso se formou em seu rosto. - O que é tão engraçado?

Ela cobriu a boca e logo deixou uma risada abafada escapar, causando arrepios em minha espinha. Puta merda, o que é isso?

- Boa tarde. - ela me encarou novamente, agora mexendo em algumas coisas na bancada que nos dividia. - Por um momento achei que tinha morrido. Que seu espírito tivesse saído de seu corpo ou algo do tipo. Ficou tão pálido!

Ela está tirando sarro de mim?

- Bom... - ignorei sua brincadeira mantendo a seriedade. - Venho aqui, porque sou dono do lugar.

- Ah, serio? - ela regava as flores que havia ali no recinto, no outro lado da bancada. - Três homens vieram e disseram a mesma coisa. O que foi? Gosta de coisas antigas também?

- É que...

- Ah, eles disseram que o chefe deles, o tal do Hector Gollene, também é dono daqui. - ela ainda fazia suas coisas, calma e serena, como se eu não apresentasse ameaça. Suas roupas demonstram a simplicidade, uma pequena blusa na metade das costelas acompanhada de uma longa saia preta. - Eu cheguei aqui há um mês e ninguém veio me tomar nada, foi só eu abrir a loja que rapidamente apareceram tantas pessoas. Aqui não tem ouro não moço.

Ela terminou o que estava fazendo e ficou me olhando, estudando meu rosto, cada parte. Parecia ler minha alma com aqueles olhos. A puta calmaria que transbordava deles, eram tão dominantes, mas não era só isso que havia em seus olhos. Algo mais, algo que quero muito descobrir estava escondido ali, me chamando.

- Ok! - respirei fundo, pondo as mãos sobre o balcão. - Prazer senhorita...?

- Melinda Castelone! - ela disse.

- Senhorita Melinda. - estiquei minha mão para a mesma. - Sou Hector Gollene.

Assim que a mesma segurou em minha mão, ao ouvir meu nome, seus olhos estreitaram. Com o seu contato sobre o meu, uma eletricidade que tenho certeza que ela sentiu também, passou por nós, como um choque, o que fez nos soltarmos rapidamente.

- Ai caramba! - ela sussurrou, e junto com isso, seus olhos escureceram rapidamente. - Não e não!

- O que? - perguntei.

Ela deu a volta no balcão vindo em minha direção.

- Sai daqui. Este lugar não está à venda para ninguém. Está no papel, o lugar é meu e a casa que está em cima também. Então cai fora! - onde está aquela doce mulher que me atendeu? Deus, até brava ela fica linda!

- Então o papel é falso! - eu não posso amolecer, preciso desse lugar. - Senhorita Melinda, por favor, peço que saia da loja essa semana mesmo ou...

- Não sairei. - ela cruzou os braços. - Podem fazer o que quiserem, mas não vou embora daqui.

- É uma pena, meu advogado vira com a policia e com o papel "verdadeiro", então de qualquer jeito terá que sair! - ela me olhava incrédula.

- Está me ameaçando? - gritou. Rapidamente a mesma andou para os fundos, e eu permaneci de costa para o balcão, sem dar conta da merda que fiz, até ouvir o destravar da espingarda. - Ou você cai fora com toda essa merda que disse, ou eu vou fazer um buraco no seu pé.

Ela disse entre dentes. E lentamente me virei para a mesma, que segurava o que eu havia adivinhado. O longo cano da arma estava mirado no meu pé. Só me assustei por que não imaginaria que aquela beleza ambulante tinha algo do tipo guardado, especialmente para mim.

- Sabe que vai ter que sair, não é? - falei. - Eu sairei, mas abaixe isso, você pode se machucar!

Uma risada irônica saiu de seus lábios carnudos.

- Por favor, Hector. - outro arrepio passou pela minha espinha. - Acha mesmo que não sei maneja essa belezinha aqui? Quer testar?

- Não, claro que não! - me aproximei da mesma, vendo que quebrei sua barreira. Ela recuou perdendo a coragem. - Só quero que abaixe isso para conversarmos como adultos.

Alguns segundos passaram até que ela guardasse a arma, e voltasse para o balcão. Porém, seus olhos continham irritação e raiva.

- Não temos nada o que conversar! - ela disse, sem me olhar. - Só vá embora e me deixe em paz.

- Não pode fugir disso senhorita Melinda. - juntei as mãos nas costas. - Bom, irei como pediu. Mas saiba que amanhã cedo estarei aqui com outras pessoas. Pode ser presa se não sair daqui.

Ela não dizia nada, apenas estava de cabeça baixa.

Enquanto eu caminhava para a porta, a encarei novamente, e em uma fração de segundo vi uma lagrima molhar a bancada. Parei ainda observando a mesma, então ela levantou a cabeça secando as lagrimas e foi para os fundos.

Eu não sei o que me deu, mas meu peito apertou com a cena.

Balancei a cabeça e voltei para o carro. Com a boca e os olhos daquela mulher em minha mente.

















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DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora