CAPÍTULO QUINZE

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Caminhei de volta para a sala, e logo Melinda entrou no meu campo de visão. Ela sorria ao conversar com dona Ana. O sorriso mais lindo e cativante que já vi. Mas a sensação de que algo está errado por causa da reação do meu avô ainda não me abandonou. Afastei os pensamentos ruins e me direcionei as duas mulheres que agora me notaram.

– E então? – Melinda mordia o canto dos lábios, era um ato nervoso e ansioso. Sempre que fica apreensiva ela fazia isso. – Ele não gostou de mim, não é?

– Porque acha isso? – Ana já tinha saído dali, e só estávamos nós dois. Puxei Melinda para meus braços fazendo caricias em sua cintura.

– É notável que não sou nenhum pouco como vocês! – falou, ela apontava como se fosse à primeira característica. – E também, que não tenho um nome forte com porte de riqueza... – ela parou, e me fitou com duvidas. – Porque está me olhando assim?

– Tô tentando entender aonde você quer chegar. – falei, mas serio do que devia.

– Vou ser direta. – ela deu um passo para trás afastando-se do meu abraço. A falta do seu calor causou um grande desconforto em mim. – Não sou rica como vocês, e nem tenho um nome forte, cheio de empresas e isso e aquilo.

– Mulher, você acha que estou ligando para isso? Que meu avô está ligando para isso? – perguntei.

Seu silencio preencheu a sala. Suas mãos estavam à frente do corpo, enquanto sua cabeça estava baixa. Melinda estava com vergonha.

– Desculpe. – sussurrou.

– Pelo o que? – dei um passo na sua direção.

– Por ser tão... – bufou. – Me desculpe Hector, ainda me sinto insegura nessa parte, a diferença é tão...

– A diferença não importa. – juntei minhas mãos em suas bochechas quentes. – O que importa é estarmos juntos e nada vai te tirar de mim. E sobre meu avô; ele adorou sua pessoa. Afinal, quem não fica encantado contigo?

– A Verônica! – ela riu me trazendo junto.

– Ah, isso é verdade! – concordei.

)(

Os cabelos de Melinda cobriam boa parte do travesseiro, deixando seu cheiro marcado em minha cama. Enquanto eu observava ela dormir serenamente, acariciei seu rosto redondo e moldado pelos anjos. Depois de tanto insistir, Melinda aceitou dormir comigo, digo, não fazer nada, apenas conversar deitados ao som de alguma musica tocando bem baixinho no som. E entre conversas, olhares, e beijos, adormecemos ali. Naquele mar de paz. Só essa mulher para me fazer deitar ao seu lado sem fazer nada, só apreciar sua presença. Mas tudo foi cessado pelo toque do meu celular me tirando do transe. Levantei indo na direção do banheiro com o celular em mãos tocando feito louco.

– O que foi? – suspirei.

– Bom dia bunda mole. – Raphael riu. – Seu avô me convocou. Estou indo agora. Já está pronto?

– Em dez minutos chego lá! – peguei a escova de dente.

– Melinda tá ai né?! – ele perguntou, porém, seu tom parecia preocupado. – Já resolveu sua vida?

Revirei os olhos.

– Raphael, por favor, são oito horas da manhã. – e desliguei sem o deixar responder.

Saindo do banheiro, encontrei Melinda sentada na cama com uma bandeja sobre seu colo, recheada de bolos, frutas e suco.

– Você não existe! – falei ao me aproximar. –

– Eu mesma fiz. – ela sorria com os olhos. – Enquanto você demorava uma eternidade lá no banheiro, eu fui à cozinha e preparei tudo isso.

– Que grande mulher! – a beijei me sentando a sua frente. – Merece dormir mais aqui comigo.

– Eu mereço ou você merece? – ela perguntou travessa.

Rir.

– Você me pegou! – a olhei novamente, agora reparando no coque do seu cabelo escuro, eu amava quando ela os fazia. Deixando os fios caídos sobre seu rosto. Puta merda, ela era linda pra cacete, e eu não me cansava de olhar para seu rosto, corpo, tudo. – Vou ter que sair agora. Tenho que resolver algumas coisas com meu avô. Pode ficar aqui se quiser.

– Ah não, não! – ela se levantou. – Vou para a loja hoje.

– Claro, eu te deixo lá em frente! – falei.














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DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora