CAPÍTULO QUATORZE

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Desci as escadas, banho tomado, roupas um tanto informal. Pois era um simples jantar com meu avo e minha linda morena. A casa estava cheirosa, na verdade, o cheiro de rosas impregnava todo o clima desse lugar. Eu era louco! Sentia o cheiro de Melinda por todos os cômodos dessa mansão. Chegando a cozinha, dona Ana cozinhava a comida típica da nossa cultura. Uma buchada carregada, eu amava buchadas. Mas a de Melinda passou a ser a minha preferida.

– Humm, ah essa cheiro! – me aproximei da senhora baixa, a feição um tanto incomodada. – O que foi dona Ana?

Ela largou a colher dentro da panela e as outras meninas saíram da cozinha.

– Menino, menino... – pôs umas de suas mãos sobre meu ombro, ou tentou, já que ela era muito baixinha, uns 1,58 por ai. – Sirvo a tanto tempo em sua família... Mas o que está fazendo com a moça Melinda é errado.

Bufei, irritado com a situação, porque todos queriam se meter em algo meu? Eu iria resolver isso, era só questão de tempo. Não poderia estragar tudo agora. Não agora que me sinto vivo. Vivo de verdade!

– Dona Ana, por favor, não comece... – puxei os cabelos. – Já basta Luiz e Raphael, eu...

– Menino... – ela juntou suas mãos nas minhas. – Ouça bem, se ela o ama, vai aceita-lo do jeito que é. Não há amor mais forte que isso!

 – Não é tão fácil assim! – falei, esgotado.

– O que não é tão fácil? – a voz de Melinda me fez olhá-la rapidamente, era assim toda vez que ela chegava. Parecia um tipo de alerta, não sei, Melinda colocava os pés no mesmo recinto que eu e ai a magia acontecia. Porra, Magia?!

Ela trajava uma calça jeans azul que desenhava suas coxas e bunda, um cropped branco rendado, bem delicado, e como sempre, de rasteira combinando com sua blusa. Os cabelos estavam soltos, pareciam mais brilhosos que o normal. Melinda não se maquiava, porém, hoje estava diferente. Havia um batom rosado fosco contornando sua boca.

Só isso!

Só esse toque deixou ela linda pra um caralho! Não consigo me acostumar com sua beleza natural. É quase sempre uma surpresa para mim.

– Boa noite dona Ana! – Melinda já próxima a nós beijou o rosto da minha cozinheira. – Está estonteante hoje.

Ela sorriu, e foi suficiente para imaginar aquele sorriso acabado, o rosto sofrido, magoada, com a decepção tomando seus lindos olhos.

 Eu preciso concertar isso.

– Boa noite menina Melinda! – dona Ana pegou uma bandeja. – Vou arrumar a mesa.

– Quer ajuda? – Melinda rapidamente se prontificou. – Posso ser útil sabia?

Dona Ana apenas encarou minha menina com irritação, irritação essa bem humorada.

– Por Deus menina, apenas fique com seu namorado, já basta nos meios de semana. – ela piscou para nós e saiu porta a fora.

– Viu? Namorados! – ela pulou em meu colo. – Boa noite namorado!

Me perdi em seus olhos, por um segundo saí da terra. Porra, essa mulher...

– Isso é novo!! – falei, minhas mãos foram direto para seu cabelo com cheiro de rosas misturado com mel. – Rotularam algo que nem nós mesmos sabemos se temos.

Sua expressão era indecifrável, mas eu podia ouvir sua respiração falhar.    

– Acha que ela está certa? – Melinda se afastou, uma gotícula de suor brotou em sua testa, me fazendo perceber o quanto ela estava nervosa diante daquilo.

Juntei minhas mãos em suas bochechas, fazendo ela olhar para mim.

– Devemos conver... – sussurrei,

– Senhor, o seu... – Tania parou no mesmo estante assim que viu como estávamos fazendo Melinda desviar sua atenção para a moça a sua costa. – Perdão senhores, mas seu avô acaba de chegar.

– Tudo bem. – suspirei.

                                )(

  

Percebi como meu avô ficou quando viu a mulher ao meu lado. É eu entendo o que ele sentiu. Todos sentem isso. Melinda, educadamente recebeu o velho, que brincou e simpatizou no mesmo estante com ela.

– Vejo porque Hector está enfeitiçado. – ele disse. Já havíamos terminado o jantar. Melinda conversou muito com o velho, o fez rir, e o impressionou tendo conversas em outras línguas com ele. A morena era poliglota, nem eu sabia disso, mas vê-la falando espanhol me deixou duro. É ridículo eu sei, porém, foi tão sexy, e a diaba ainda piscou pra mim.  Estávamos todos na sala de estar, meu avô e eu na nossa cerveja e ela em um simples suco de manga. – Tem parentes aqui Melinda?

– Bem, vivos eu tenho, aqui eu já não sei! – uma tensão caiu sobre seu corpo, pude sentir, ela estava bem ao meu lado com meu braço circulando sua cintura. – Os meus outros parentes vivem na Colômbia, por parte de mãe.

– Ah sim, vejo a cultura estampada. – ele disse sorridente. – Tem uma beleza bem destacada. Se me permiti perguntar. E seu pai?

Os olhos dela escureceram.

– Eu não sei quem é meu pai! – ela disse cautelosa. – Nem mesmo tenho seu nome. Mas fui criada, por pouco tempo, por um homem muito bom.

– É mesmo? – o velho parecia realmente interessado. – Como é o nome de seus pais?

Melinda não via problema em falar sobre seus pais. Ela os amava e tinha orgulho deles. Mesmo eles deixando ela com os tios, o que desconfio de muita coisa deles.

– Ivan Castelone e Melanie Castelone! – ela proferiu, e foi nesse instante em que o copo de meu avo foi parar no chão estilhaçando em pedaços.

O velho pareceu desacreditado, assustado.

– Vovô? – me levantei indo até ele. – Está tudo bem?

Ele voltou a terra, mas não parava de encarar Melinda, que estava sem entender nada.

– Senhor, está tudo bem? – ela perguntou visivelmente preocupada.

Meu avô respirou fundo pigarreando. Ele era bom em disfarçar, mas sei que tinha algo de errado.

– Está tudo ótimo queridos, não se preocupem. – sorriu. – Eu só, por um momento tive uma pequena falta de ar.

Sei que não foi isso, esse velho é ótimo de saúde. Tem pra dar e vender. Ele pegou em sua bengala e se levantou.

– Tenho que ir filho, já está tarde. – ele se aproximou de Melinda pegando em sua mão. – Seja bem vinda à família Melinda, meu neto é realmente sortudo.

Ele sabe que ela não sabe sobre nós. E graças a Deus percebeu no mesmo estante.

– Obrigada senhor, de verdade! – sorriu de volta.  

– Melinda, irei levá-lo a porta. – ela acenou e se retirou. – Vamos vovô!

Quando já estávamos do lado de fora, não aguentei a curiosidade que queimava em meu ser.

– Sei que tem algo errado, por que ficou daquele jeito por causa dos pais dela? – indaguei.

Ele me encarou, tempo suficiente para eu perceber que estava escolhendo as palavras certas para falar. E o que quer que seja, é ruim.

– Amanhã vá à minha casa filho! – pôs a mão em meu ombro. – Estou indo agora, ok?

Acenei em concordância e o abracei me despedindo. O carro do meu avô parou em frente a porta e logo o mesmo entrou.

















Deixem sua estrelinha, please! ✨

DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora