CAPÍTULO VINTE CINCO.

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– Obrigada... – ela disse, mas seus olhos não estavam em mim. –... Por ter me ajudado.

– Sempre ajudarei você. – passei as mãos suadas sobre o rosto. – Você ficara comigo na...

– Não Hector. – ela ergueu o queixo contendo as lagrimas fazendo o canto de sua boca tremer involuntariamente. – Não vou a lugar nenhum com você.

Por um momento meu corpo saiu da terra, o ar me faltou e um buraco abriu abaixo dos meus pés. Melinda estava me deixando, a dor era um estrago. Meu corpo fraquejou por alguns segundos, entorpecido pelo desespero que me engolia pouco a pouco.

– O que está fazendo Melinda? – perguntei ao me aproximar. – Porque não conversamos melhor e...

– Em algum momento parou parar pensar nisso? – ela saiu da cama. Eu estava tão atordoado que não percebi que a mesma estava vestida pronta para sair. – Você se perguntou isso? Como eu me sentiria sobre tudo isso?

– É claro, mas o meu medo, meu medo não deixou eu se quer dar um passo para lhe contar tudo... – havia tanto desespero em minha voz que eu não conseguia raciocinar. Assimilar as palavras. – Cigana eu não posso ficar sem você.

– Hector, eu não consigo, não consigo nem te olhar. – ela caminhou até a porta. – Agradeço por ao menos ter pensando na minha segurança...

– Pense bem, por favor... – caminhei até ela, que já estava com a mão na maçaneta. – Eu faço o que quiser só não me deixa aqui, não faça isso. Estou te dizendo, fiz àquilo tudo para apenas te proteger, porque eu sabia que fugiria de mim.

– Hector, você não me conhecia... Na verdade, você não conhece nem a si mesmo. – ela voltou a me fitar com lagrimas nos olhos. Suas mãos fizeram caminho para meu rosto, acariciando minha pele me fazendo fechar os olhos, apreciando seu toque. – Não pode fazer isso, não podemos continuar assim. Você quebrou a minha confiança Hector. Desculpe, mas não dar. Não dar pra fingir e nem forçar nada.

– Por Deus mulher... – as lagrimas caiam em minhas bochechas enquanto um buraco se fazia no meu peito. – Não faz isso, não destrua a gente.

Ela se afastou levando suas mãos macias para longe do meu contato.

– Você já fez isso! – abriu a porta, e ali, naquele momento eu vi a felicidade contornada de bondade na beira do precipício. A felicidade tinha os olhos mais lindo do mundo, da cor de Marte. Se me perguntassem antes como é está maluco e fascinado por alguém, eu não saberia responder. Eu não saberia se quer começar, não teria noção. O brilho da simplicidade ambulante carregada de ternura, ela tinha um cheiro único, esse ser absurdamente viciante, assim como os lábios estava pronta para me deixar, causando um colapso no meu peito e alma, no meu mundo. Ela me fazia e faz ter as melhores sensações que eram inexistentes para mim. Se para sempre é resumido nisso, se o final de uma boa temporada for isso, eu não tinha noção de que doeria tanto. Ainda mais quando a culpa é minha. A felicidade estava indo embora levanto um pedaço meu. – Adeus Hector.

Melinda saiu e fechou à porta me deixando desesperado, a ficha não caiu na hora, mas assim que entendi o que acabara de acontecer, consegui mover meus pés de dentro do quarto, eu corria corredor a corredor gritando seu nome. Chegando a porta, Raphael estava lá vindo a minha direção.

– Hector, onde está Melinda? – ele perguntou.

Passei por ele procurando por todo o lugar ali, minha cabeça girava. Tudo ao meu redor estava embaçado, eu não conseguia raciocinar direito. Eu precisava achá-la, agora. Ela não poderia ter ido longe.

– Raphael, ache Melinda. – gritei, meu olhos ardiam, assim como minha cabeça latejava. – Agora Raphael.

Raphael não dizia nada, apenas me via ajoelhar e gritar em desespero. Meu peito não parava de doer, rasgando-me por dentro. Parecia que a qualquer momento eu iria explodir de desespero e angústia. 

Depois de minutos ali, no chão do pátio do hospital, Raphael conseguiu me convencer a ir para casa. Estávamos no carro quando meu celular toca, novamente, naquele dia.

– Senhor Hector, aqui é a funerária. – meu coração acelerou com a notícia. – O enterro do seu avô Eugenio está marcado para amanhã de manhã.

Joguei o celular pela janela, Raphael intercalou o olhar entre a rua e eu.

– Sinto muito. – ele disse.

Não podia mesmo ficar pior.

    

)(

 

Lembro-me como as manhãs eram boas, no inicio do ano eu me sentia vazio. Uma casca vazia e sem nada, apenas perambulando por ai. Mas quando o inesperado aconteceu, as manhãs se tornaram quentes e agradáveis. Os sorrisos retribuídos com ternura. Eles me deixam satisfeitos por tempos indeterminados. Não havia resquício se quer de amargura, não como a que estou sentindo agora.

– Hector, levanta dai, o enterro é daqui a pouco. – A voz de Raphael fazia um zumbido em minha cabeça, me deixando irritado. – Vamos cara... Você está dês de ontem aqui.

Dona Ana entrou no quarto caminhando para meu lado, o canto entre minha cama e o criado-mudo nunca me foi tão confortável como esta sendo agora.

– Meu filho? – ela ajoelhou-se a minha frente enquanto eu fitava a grande janela do meu quarto, o sol nascera quente e tortuoso. – É o seu avô.

Meus olhos moveram-se para a velhinha na minha frente.

– Eu não consigo. – sussurrei, meu peito afundou novamente. – Não consigo.

E voltei a encarar a janela.

– Querido, não faça isso com você mesmo, apenas vá se despedir do seu avô. – Ana me fez olhá-la com as mãos em meu rosto. – Ao menos por ele.



















Deixem sua estrelinha, please!✨

DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora