CAPÍTULO QUATRO

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- Quantas vezes tenho que dizer que tudo que está aqui é meu? - disse, entre dentes. Agora estávamos como ontem, ela do outro lado do balcão e eu a sua frente. - Hector, por favor, pare de me perturbar, aceita que é mais fácil. Afinal eu...

- Você não tem outro lugar para ir? - perguntei - Hm?

Sua expressão de tédio imediatamente mudou para algo triste, como ontem. Ela baixou a cabeça tentando esconder qualquer emoção evidente ali.

- Não te interessa! - resmungou, levantou os olhos irritados para os meus. - Veio aqui pisar em cachorro morto, Senhor Hector Gollene?

Atrevida ela!

- Claro que não, vim apenas avisar que seu contrato, quanto o meu, tem algo a mais. O lugar é seu por um mês e logo depois você pode e deve me dar ele. Já que está em letras miúdas lá no final da folha que é assim que tem que ser feito. - avisei.

Melinda respirou fundo, com o cotovelo apoiado no balcão e mão na testa. Ela estava refletindo sobre o que eu falei, sei que estava.

Então, de repente ela saiu dali e foi para os fundos. Alguns segundos se passaram e logo ela voltou com uma folha na mão. Lendo.

Ela me encarou, deixando uma lagrima cair, mas limpou em seguida. Seu rosto demostrava raiva e decepção.

- Tudo bem! - bufou pesadamente. - É tempo suficiente para eu me ajeitar.

Cocei a barba por fazer.

- Sim, pode arrumar um trabalho e logo depois alugar um lugar. - sugeri. - Me desculpe importuná-la senhorita Melinda.

- Pare de dizer o que tenho que fazer! - resmungou guardando o papel. Seus olhos me fitaram novamente, um brilho surgiu neles, suas expressões mudaram tomados por serenidade. - É algum bandido ou algo assim?

Aquilo me pegou de surpresa, se eu disser tenho certeza de que a mesma vai querer se afastar ou até mesmo me expulsar daqui.

- Não! - menti, e sabe de algo, ela não deve me conhecer. E se me conhece, não é pela minha real natureza. - Eu... Tenho uma empresa muito grande senhorita.

- Por favor, quer para de me chamar assim?! - pediu, cruzou os braços sobre o balcão enquanto um sorriso se formava em seus lábios. Daria tudo para saber o gosto deles. - Senhorita é chato. Chama-me de...

- Cigana! - sussurrei, achando que a mesma não iria ouvir, mas estava errado. Sua voz travou na hora. Os olhos dela me encaravam curiosos e divertidos.

- Como sabe? - sorriu novamente. Cada sorriso seu era uma festa no meu estomago. Será fome? - Era o apelido que papai me deu por causa da origem de mamãe.

Engoli em seco, estávamos nos dando bem. Conversar com Melinda era bom, calmo, e eu por um terço de pouco tempo que estou com ela, me sentia bem, muito bem.

- Bom, deve ter ouvido dos meus tios, eles também me chamavam assim! - ela ria, lembrando-se. - Eles dizem que pareço muito com ela na juventude.

Imagino a sorte do pai dela em ter casado com um clone perfeito de Melinda.

- É seus tios diziam. - outra mentira, os tios dela se quer faziam questão de falar de família. - Quantos anos têm Melinda?

- Quantos anos acha que tenho? - indagou, seu sorriso foi tão grande que suas bochechas elevaram, me deixando, novamente, encantado.

- 19? - chutei. Cruzei os braços pondo o meu melhor sorriso no rosto.

- Ah qual é! - ela deu a volta no balcão parando a minha frente. - Não sou tão nova assim, vou te dar outra chance.

Uma de suas mãos estava na cintura, me fazendo observar mais seu corpo, o que para sociedade era feio. Mas para mim, era o mais lindo de todos. Quase minha perdição.

- 22? - me apoiei no balcão para lhe olhar melhor. - Acertei?

Ela gargalhou, porra! Porra!!!

- Sim senhor! - encarou seu relógio carregado de pulseiras. - Me desculpe perguntar, mas estava vindo do trabalho?

- Ah sim, claro! - esfreguei as mãos para secar o suador causado pela euforia. - Então tive que parar aqui!

- Entendo! -vergonha tomava seu rosto. - É que... bom, não quero expulsa-lo.

- Ah, já me acostumei! - sorri ladino, ela me acompanhou, ainda envergonha. - Já vai fechar não é?

- Sim, perdão por... Sabe... - coçou a nuca. - Eu fiquei nervosa, então... Acho que se estivesse no meu lugar também ficaria.

- Provavelmente! - pus uma das mãos no bolso. - Não irei mais incomoda - lá. Até... Quando der!

- Até mais Hector, tenha uma boa noite! - sorriu. Eu poderia viver ali, naquele sorriso, nos olhos, tudo.

Entrei no carro com a ideia de voltar aqui amanhã. Parece loucura, mas eu não veria problema em manter quem sou de verdade longe dela e fazer crescer ao menos uma amizade entre nós.

)(

Assim que passei pela porta do meu escritório, o corpo nu de Verônica se mostrou em cima de minha mesa. Ela comia uvas da bandeja de prata que estava ali perto. Meu humor estava maravilhoso. Então não perdi tempo, já a caminho da bela loira, fui me livrando dos meus trajes. Tomando seu corpo quente e macio para mim. No meio do ato, por um momento, meus pensamentos voaram para Melinda. A pele morena. Queria tocá-la, sentir, ouvir seus gemidos, seu corpo quente no meu... Deus, essa mulher me deixa maluco. Quando a voz de Verônica me avisou que já estava chegando ao seu limite, voltei a terra e percebi que havia gozado.

- Nossa baby, estava inspirado hoje! - ela disse ofegante. Se ela soubesse o motivo da minha inspiração, tenho certeza que pediria minha cabeça, literalmente. - Então, vai querer companhia para o jantar?

Não poderia continuar com Verônica aqui, sei que ela não me faria esquecer aqueles malditos olhos de Marte. E também preciso resolver alguns assuntos relacionados à máfia.

- Tudo bem Verônica, pode ir. - beijei seu rosto. - Tenho algumas coisas para fazer.

- Ok. - o que eu mais gostava em Verônica, era sua maturidade e o quanto ela era uma boa ouvinte. Claro, eu não derramava todos os meus problemas em cima de sua pessoa para que me sugerisse soluções para resolver tudo. . Lembro-me quando me envolvi com a empregada de sua casa, ela ficou chateada e teve toda a paciência do mundo para conversar comigo. Pedi perdão pelo ato, mas ainda sim, foi porque tudo ocorreu em sua casa, uma vez só. Ela sabe que tenho outras mulheres, que saio com elas por ai. Então tenho certeza de que isso não a incomoda tanto.

Ela vestiu sua roupa impecável, e saiu porta a fora depois de deixar um beijo em meu rosto.

- Senhor? - a voz de Tânia ecoou pelo escritório. - Seu avo está a sua espera.

- Há essa hora? - levantei-me rapidamente. - Diga que já estou indo.

- OK!












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DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora