CAPÍTULO VINTE QUATRO.

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Aproveitei a deixa e corri até Wendell, seus homens ocupados com o meu, e Verônica... Onde está essa vadia?

Depositei um soco no rosto de Wendell, enquanto suas mãos tentavam me parar, era notável que o mesmo não podia comigo. Ele veio para cima assim que me afastei, então para poupar tempo saquei minha arma. Eu não ia perder a porra do meu tempo batendo nesse cara, uma bala só falara por mim.

– Sempre fazendo a escolha errada. – ele disse, suas mãos estavam em rendição.

Os homens pararam de lutar e os tiros cessaram. Todos que estavam ali ficaram em silencio. Aproximei-me de Wendell invertendo nossas posições.

Fiz com que ficasse de costa para seus homens, que no momento estavam na mira dos meus. Alguns capangas meus traziam o resto dos homens que estavam lá fora, não foi surpresa ver a maioria deles morto.

-Do que estava falando mesmo? – perguntei.

Wendell riu.

– Não é assim que as coisas funcionam Hector. – ele pressionou os lábios um no outro. – É igual ao seu pai, por isso Lucca tentou acabar com você.

Inclinei a cabeça, confuso.

– Lucca? – perguntei a ele.

– A única diferença é que ele não foi criado por vô, não é? – seus olhos me desafiaram. – Vá em frente Gollene, mate-me, honre seu nome e viva feliz com sua linda Melinda. – ergueu umas das sobrancelhas. – Claro, se isso for possível.

– Não faça joguinhos Wendell. – me aproximei pondo o cano da arma em sua testa. – Eu não vou perder a porra do meu tempo tentando tirar nada de você Denovav. – ergui o queixo o olhando, acenei para ele ajoelhar. – E sim, limparei minha honra por sua traição.

– Claro, claro! – ele ajoelhou-se. – Mas quando terminar verifique se sua linda mulherzinha está... Bem.

– É... – Denovav ergueu os ombros, e foi suficiente para eu dar-lhe um fim. – Eu vou, mas antes, queime no inferno.

Seu corpo tombou no chão, um buraco no seu crânio jorrava sangue em minha sala. Puxei meu celular que tocava do bolso, era uma mensagem de um numero desconhecido, abri e vi a foto de Melinda. Sabia muito bem onde ela estava.

– Ei, cuidem disso tudo. – corri para meu carro e sai rua fora, sem me importar que estivesse em alta velocidade.

Ao estacionar em frente da pequena casa onde eu vivia com minha mãe, sai do carro. Antes de tudo, de me tornar um adolescente rebelde e violento, eu vivia aqui. No subúrbio de Duque de Almeida. Eu não sabia que era feliz com minha mãe, que tudo era completo e bom. Depois que meu pai resolveu aparecer e me fazer de herdeiro, tudo mudou. A escola mudou, os amigos mudaram, e a minha mãe morreu. Naquele dia, o dia em que era pra eu ter ido embora, ter ficado com ela pela ultima vez, resolvi sair e beber com os filhos dos amigos do meu pai.

Foi um completo impacto.

 Nunca quis fazer parte do mundo do meu pai, eu via como eram as coisas. Ele foi sincero demais ao declarar o que fazia e me mostrar como funcionava. A família, ele dizia que eu deveria proteger a família. Mas a única que não consegui foi a minha mãe. Ela se foi naquela época, e isso foi um gatilho para eu me entregar ao que sou hoje.

Caminhei para dentro da casa abrindo a porta, tudo estava empoeirado, os moves no mesmo lugar e até mesmo as fotos. Nada foi removido dali, a casa estava no meu nome e todos os compradores que aparecia eu fiz questão de enxota-los. 

Subi as escadas indo para o corredor da casa, a porta do meu antigo quarto estava entre aberta. Entrei no quarto encontrando Melinda sentada na pequena cama, ela tinha os olhos focados nas fotos em cima da cômoda. Os inchaços de seus olhos denunciavam que ela havia chorado.

– Melinda? – chamei.

Ela me encarou, sem expressão, o que me assustou. Meu estomago fervia em ansiedade.

Melinda não dizia nada, isso estava me deixando louco, precisava ouvir sua voz. Saber o que tinha acontecido.

Aproximei-me dela, mas a mesma se pôs de pé rapidamente, tomando distancia de mim. O bolo de temor cresceu no meu estomago.

– Amor, o que houve? Te machucaram? O que fizeram com você? – eu atropelava as palavras, o desespero maior começou quando ela deu inicio a um choro silencioso.

Ela fungou, respirou fundo fechando os olhos e me encarou novamente.

– Quando você ia me contar? Não... – ela disse, rispidamente. – Até onde você levaria essa mentira toda?

Finquei os pés no chão, minha voz sumiu, queria dizer milhares de coisas, explicar o porquê, mas tudo que consegui fazer foi a olhar, sentindo tudo ao meu redor desmoronar. Sua reação não deixava duvidas do desgosto e nojo desencadeado por mim. Eu via vermelho, a cena de Melinda me deixando, indo embora, os olhos carregados de dor e raiva me causava repulsa, arrependimento.

De mim mesmo.

– Melinda eu... – passei as mãos pelo rosto e dei um passo a sua direção. – Eu...

– Não, não se aproxime. – ela pedia com os olhos cheios d’águas. – Quero só a confirmação de tudo.

– Eu juro por Deus Melinda, eu juro que tentei te contar quem sou de verdade. – as veias do meu corpo saltavam para fora, nunca me vi em uma situação assim, nunca imaginei que olhar para o rosto choroso e decepcionado de uma mulher me incomodaria tanto a ponto de me odiar. 

– Você preferiu levar toda essa merda contigo, esconder tudo isso pra quê? – ela indagou incrédula. – Eu confiei em você Hector, dividi contigo meus segredos, eu, eu...

 Suas pernas fraquejaram me fazendo ir a sua direção, mas suas mãos estenderam-se pedindo que eu parasse.

– Fique... fique onde está, eu já disse. – ela pediu. – Eu fui muito patética me entregando facilmente. Você me exigiu verdades quando tudo que devolvia eram mentiras... tudo!

Engoli em seco fechando os olhos, eu não havia percebido as lagrimas enchendo meus olhos até elas tocaram meu rosto.

– Eu não conseguia Cigana... – encarei o teto tentando conter a vontade de gritar. Gritar de desespero. – Não conseguia dizer a você que sou um mafioso egoísta. As possibilidades de você me deixar eram tão grandes... eu... eu só queria te proteger de mim mesmo.

– Não conta essa Hector. – ela riu nervosamente. – Precisou aquela vadia me mostrar tudo, me mostrar o que realmente você faz que mata pessoas... eu não consigo Hector. Sabe por quê? Eu vi como você matou aquele homem, eu vi como você se transforma... Por Deus, como eu pude?!

Aquela desgraçada da Veronica!!!

– Cigana, por favor, me perdoa. – dei um passo em sua direção ignorando seu pedido. – Eu a amo tanto!

Melinda ficou pálida e em um segundo seu corpo estava indo para o chão, corri para ela pegando-a no meio do caminho. Puxei meu celular ligando para Raphael.

– Primo, graças a Deus. – Raphael disse. – Hector o vovô...

– Estou indo para o hospital – gritei. – Melinda desmaiou. Ligue para nosso medico, diga a ele que estou a caminho, quero ele lá. Agora!!

                                  

)(

– E então doutor? – perguntei, Raphael estava estranhamente inquieto. E eu ansioso e transtornado.

– Ela está bem. Foi apenas um excesso de estresse. – o medico a minha frente inspirou. – Ela quer vê-lo.

– Claro. – o acompanhei até o quarto, ele abriu a porta e logo saiu pelo corredor nos deixando sozinhos.

Ela olhava para janela sentada na cama, nada estava ligada ao seu corpo. O que foi um alivio para mim. Assim que me viu sua feição mudou, pura tristeza.

– Oi. – eu disse. – Está bem?

– Sim, eu acho que estou! – sussurrou.


















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DA COR DE MARTEOnde histórias criam vida. Descubra agora