Capítulo 57

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Volto pra área da piscina, percebendo alguns olhares sobre mim. Com certeza eles ouviram minha briga com Luke.

Percebendo minha expressão, nenhum deles me faz perguntas, felizmente. Volto a me sentar na espreguiçadeira, onde Nate ainda me faz companhia. Fecho meus olhos e massageio minha têmpora, tentando relaxar um pouco. A antiga Megan teria ido embora com Luke sem nem se importar com o que os amigos iriam achar. A antiga Megan beijaria Luke e pediria desculpas por se importar com esses tipos de "bobagens". Ver a expressão de Luke, quando o mesmo foi embora, foi difícil. Mas eu não posso fazer isso. Não de novo. Não posso sentir pena das pessoas e abrir mão de coisas tão simples, mas que para mim são tão importantes.

- Você tá bem? - Nate pergunta depois de alguns minutos em silêncio.

Eu estou?

Penso bastante na resposta. Não quero estragar o dia de Riley, mas a única coisa que eu quero fazer agora é me jogar na minha cama e ouvir uma música bem triste no último volume. Em especial Driver 's license - Olivia Rodrigo. Essa música me destrói.

- Na verdade, não. Tô com um pouco de dor de cabeça - Não é exatamente mentira, realmente sinto algumas pontadas de dor chegando.

- Você quer que eu pegue algum remédio pra você? - Nate pergunta, gentilmente, ficando mais ereto na espreguiçadeira.

- Não - Eu digo, simplesmente, sentindo o olhar de Nate em mim.

- Você quer alguma outra coisa? Um chá ou sei lá? - Ele pergunta, sendo prestativo como sempre. Viro minha cabeça em sua direção, cobrindo um pouco dos meus olhos contra a forte claridade do sol.

- Eu quero ir embora. Você pode me levar? - Eu pergunto, vendo seu rosto corado pelo sol.

- Claro - Nate levanta da espreguiçadeira e eu faço o mesmo.

- Só vou falar com a Riley, um minuto - Eu digo pegando minhas muletas e Nate concorda.

- Vou indo nessa, gente - Ouço Nate dizer enquanto procuro Riley, que não está mais na piscina.

Eu encontro ela comendo o restante dos sushis em um banquinho, numa área mais afastada da piscina.

- Oi - Eu me aproximo e Riley se vira pra mim com a boca cheia sushi e shoyu, me fazendo sorrir com a cena.

- Eu juro que sobraram alguns - Ela me promete.

- Tudo bem, eu já tô satisfeita - Eu falo e ela começa a comer os sushis restantes - Eu só queria dizer que eu já to indo, mas você não precisa vir. O Dylan pode te deixar na minha casa depois e... - Riley me interrompe.

- Sobre isso... então. Eu falei com a minha mãe hoje - Ela diz receosa.

- Com o seu celular? - Eu pergunto e ela confirma com a cabeça - Mas... como?

- Na verdade, foi bem fácil. Você é péssima em esconder as coisas, mas eu deixei no lugar onde você colocou pra você se sentir melhor - Ela diz num tom suave, tentando não parecer rude.

- E como foi com a sua mãe? - Me sento no banquinho ao lado dela, beliscando um sushi.

- Como ela mesmo disse "Não acredito que envergonhou nossa família desse jeito, Riley. Esperava muita coisa de você, mas isso... passou totalmente dos limites. Espero que, com isso, você tenha aprendido que uma mulher não deve sair por aí e ficar com vários homens. Volte para casa para enfrentar o que você mesma causou - Ela diz, sem olhar pra mim, cutucando um sushi com as varetas

- É bastante coisa pra lembrar - Eu a encaro.

- Eu tive tempo de reler muitas vezes, acredite - Ela enrola, entediada, uma mecha de seu cabelo - Sabe,até que ela tá certa - Ela diz e eu quase a interrompo - Não sobre tudo, é claro - Ela explica antes que eu possa contrariá-la - Ela tá certa na parte de que eu preciso enfrentar isso. Eu não acho que sou a culpada, sei que não sou. Mas eu vi as mensagens, Megan. Sei que amanhã na escola vai ser foda. Como diz a sua mãe "O mundo ainda não tá preparado pra uma mulher sexualmente evoluida". E até esse dia chegar, eu preciso ser forte - Riley dá um fraco sorriso, se levantando do banquinho.

Eu odeio não te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora