Capítulo 62

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- De que cor eu pinto? - Eu seguro dois esmaltes em cada mão e olho pra Luke, que não desgruda os olhos do video game em sua frente.

Pela primeira vez na semana, estamos relaxando. Os últimos dias pareceram infinitos, desde o baile até as provas, que estavam super difíceis. Felizmente, os próximos testes são daqui a bastante tempo, então não tenho com o que me preocupar.

É meio estranho pensar que tanta coisa aconteceu em tão pouco tempo. Um baile, fotos vazadas, uma revolução, uma discussão que durou dias, e agora, sinto que Luke e eu estamos recomeçando. Ou melhor, começando, algo muito especial, e devo acrescentar que outros sentimentos estão se aflorando cada vez mais.

- O da esquerda - Ele diz fazendo o sofá balançar com sua agitação pelo jogo.

- Você nem viu que cor é - Eu inclino a cabeça para o lado, o encarando.

- É azul caneta - Luke diz sem nem se questionar e eu fico chocada. - Você sabe que eu tenho ótimos reflexos - Ele se gaba com um sorrisinho, voltando sua atenção pro jogo.

Tiro o esmalte descascado de antes e começo a colorir as unhas com a nova cor, vendo de relance que Luke pausou o jogo para botar sua playlist na televisão.

Uns trinta minutos se passam e eu rio toda vez que Luke se empolga com alguma música e começa a tentar cantar e bater o pé no ritmo. Depois de limpar os cantos de cada unha com o removedor de esmaltes, eu começo a soprar elas, na esperança de que sequem mais rápido, o que realmente acontece. Enquanto faço isso, fico observando Luke, que está no meio da sala, com a guitarra do video game, se sacudindo pra frente e pra trás, conseguindo a proeza de não acertar nenhum acorde. Tento segurar o riso, mas se torna quase impossível quando ele fica feliz por acertar o seu primeiro e último movimento no jogo. Luke se vira pra mim, vendo que estou rindo e cerra os olhos.

- Desculpa - Eu rio mais ainda - Pode continuar seu show - Eu mordo meu lábio tentando parecer séria, mas ainda rio por dentro.

- Tá rindo de mim, é? - Ele chega mais perto, se inclinando sobre mim e chegando bem perto do meu rosto - Faz melhor - Luke olha em meus olhos e eu me levanto, mantendo o contato visual.

- Não vai ser difícil - Pego a guitarra de sua mão e me posiciono no meio da sala, de frente pra televisão.

Se erro algum acorde durante a música, não percebo. Não preciso fazer tanto esforço quanto Luke pra acertar os movimentos, sou boa nesse jogo. Aperto vários botões ao mesmo tempo, conseguindo concluir um dos acordes mais difíceis da música, deixando Luke chocado, e me fazendo atingir uma pontuação super alta. Olho pra ele, que ainda observa a pontuação na tevê, e começo a comemorar, fazendo uma dancinha.

- Não precisava me humilhar também - Luke se joga no sofá, fingindo tristeza.

- Oh meu deus, como ele é sensível - Eu volto pro sofá me aconchegando em seu peito, passando o braço pela sua cintura. Sinto que ele sorri e olho pra cima, tendo certeza.

- Sabe o que faria eu me sentir melhor? - Ele sussurra perto do meu ouvido e sinto um arrepio percorrer minha barriga, coisa que vêm acontecendo bastante nos últimos dias. Não sei o que mudou, mas tenho me sentido muito mais sensível a absolutamente tudo que Luke faz. Sua voz, seu toque, o jeito que me beija...

- Não tenho ideia - Eu suspiro, sentindo seus dedos passearem pelas minhas costas. - Mas posso tentar descobrir - Olho pra ele, sentindo um calor familiar tomar conta do meu corpo quando nossos olhares se chocam. Preciso dele. Agora.

Num piscar de olhos estou em cima dele, sentindo meu coração bater mais rápido do que o normal. Sinto suas mãos firmes em minha cintura.

Me inclino para ele, vendo seus lábios entreabertos, esperando que eu os beije, mas sigo outro rumo, desviando para sua bochecha.

Eu odeio não te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora