Eu odeio não te odiar

Capítulo 70

- Tem certeza que eu tô bem? - Pergunto pela milésima vez, analisando minha tentativa de roupa mais formal e a comparando com a das pessoas ao redor. A maioria está vestida em tons pastéis ou mais claros, enquanto eu, novamente, opto pelo preto básico. Até ontem, eu estava preparada pra aproveitar o sábado dormindo e comendo o dia todo, mas quando Luke me mandou uma mensagem marcando um encontro de última hora e me informando de que o local é meio chique, tive que pegar algumas peças do guarda-roupa da minha mãe pra parecer um pouco mais... adulta.

- Eu já disse que você tá incrível - Luke reafirma, passando o braço por minha cintura e o repousando ali.

Eu sei que estou linda. Constatei isso assim que me avaliei pela última vez no espelho de casa. Mas como não estou acostumada a esses eventos mais chiques, a confirmação de Luke me tranquiliza um pouco.

- Nome por favor - A mulher uniformizada à nossa frente cuidando da entrada do estabelecimento pergunta.

- Luke Evans e Me...

- Desculpe, senhor Evans. Pode entrar por favor - A mulher diz envergonhada, nos deixando passar e nós agradecemos

Assim que colocamos os pés dentro da galeria, garçons todos vestidos de preto nos oferecem bebidas e alguns aperitivos em suas bandejas.

- Aceitam uma taça de vinho? - Luke pega uma, enquanto eu recuso.

- Pensei que a Lídia não trabalhava - Digo, vendo a mesma se aproximar de um grupo de pessoas um pouco afastadas de nós. Seu vestido vermelho de tule com um grosso forro da mesma cor embaixo, acompanham perfeitamente seus graciosos e sutis movimentos enquanto ela gesticula conversando com todos ao seu redor.

- Na verdade meu pai comprou essa galeria pra ela faz pouco tempo, e desde então, a Lídia procura e investe em jovens artistas que não tem dinheiro pra fazer uma exposição. - Luke bebe um gole de seu vinho.

- Nossa, que legal da parte dela - Luke concorda, enquanto caminhamos mais para o centro da galeria.

O lugar parece ainda maior do que é por conta de suas paredes brancas, algumas preenchidas por telas. A iluminação parece ter sido pensada exatamente pra esse evento, destacando os pontos onde há esculturas. O piso amadeirado e liso, se destaca no local, mostrando sofisticação. Alguns sofás baixos e diversos se espalham pelo lugar e me pergunto se são pra sentar ou se fazem parte da exposição.

- Boa noite a todos - Lídia nos comprimenta com o microfone em sua mão, chamando a atenção de todos. - Obrigada pela presença de todos nessa celebração tão importante pra mim e para os futuros artistas aqui presentes - Lídia estende a mão, chamando quatro jovens que caminham um pouco tímidos para seu lado, enquanto nós os aplaudimos. - Vamos comemorar a oportunidade de um futuro brilhante para essas pessoas incríveis que deram tudo de si para estarem aqui hoje! - Algumas pessoas na frente da plateia, que eu imagino serem os pais dos quatro artistas, choram de emoção ao longo do discurso. - Então, quando aquelas cortinas forem tiradas... - Lídia aponta para os quadros, onde todos estão cobertos por finos lençóis brancos. - Tentem ao máximo explorar as experiências, as realidades, as dores, os amores, os prazeres, as decepções, a simplicidade e a alma de todos eles - Lídia fala orgulhosa, enquanto tenta segurar as lágrimas. - É isso. Aproveitem a exposição e liberem logo essas carteiras! - Todos riem e aplaudem, começando a transitar, quando os quadros são finalmente descobertos. - Megan, que surpresa boa. - A madrasta de Luke diz sorrindo ao se aproximar e me dar um rápido abraço. - Que bom que Luke te chamou. Ele sempre fica meio solitário nesses eventos - Ela sussurra a última parte.

- Luke me falou um pouco do que você faz por aqui e a sua atitude em tentar ajudar é realmente incrível.

- É o mínimo que eu posso fazer pra ajudar pelo menos algumas pessoas. Queria eu ter tido essa oportunidade quando era jovem - Ela diz e sinto aquela habitual angústia em sua fala quando o assunto vai pra sua vida profissional.