Capítulo 72

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- Você é péssimo nisso - Vejo Luke errar o alvo pela milésima vez. Me aproximo de seu ombro, endireitando um pouco sua postura. - Tá vendo como está fora de foco? - Eu passo minhas mãos pelas suas, colocando-as onde devem ficar e quando não obtenho resposta, volto meu olhar para Luke, que ao invés de prestar atenção no que estou ensinando, se concentra na proximidade de nossos rostos, em específico em minha boca. - Luke - Eu o repreendo, virando seu rosto pra frente, enquanto tento acalmar o calor que sinto em meu rosto. - Atira - Eu digo o deixando por conta própria.

Luke tenta se concentrar, mas de novo ele erra o alvo e sua bala quase vai parar no homem que toma conta da barraca.

- Só tô aquecendo, ok? - Ele levanta as mãos em sua defesa, para em seguida segurar, com firmeza, o rifle verde de plástico.

- Sei - Coloco minha bolsa em cima do balcão das armas. - Então... - Eu entrego mais uma ficha ao monitor do brinquedo. - Acho que vou dar uma aquecida também - Me posiciono ao lado de Luke, enquanto dou uma leve conferida na minha mira.

Eu jogo dardos com a minha mãe em casa, deve ajudar em algo. Quando vi Luke atirar mal daquele jeito e percebi que se passou mais de uma hora sem nenhum dos dois humilhar, nem um pouquinho, um ao outro, não pude me conter.

Nossas cargas são recarregadas e enfim, começamos a jogar.

Começo pelos alvos fáceis, mais próximos de mim, enquanto Luke continua atirando pra todo lado, me fazendo rir.

Acerto a maioria das plaquinhas em movimento, sentindo o pequeno impacto da arma em minha mão a cada tiro. Percebo o olhar de Luke e até do monitor sobre mim, enquanto foco minha atenção no principal alvo, a boca da figura de um palhaço colado à parede.

Vejo na pequena tela ao lado da minha arma que só tenho uma única bala restante. Me concentro, segurando com afinco o cano da arma e....

- Merda - Bato no balcão, errando por um mísero milímetro.

- Foi quase - O monitor diz, me entregando um urso de pelúcia roxo quase da metade do meu tamanho. - Pelo seu esforço - Ele justifica, com um sorriso simpático que eu retribuo.

- E aí, qual vai ser o nome do nosso filho? - Eu me viro, vendo Luke me olhando, ainda admirado e um pouco perplexo.

- Quando você ia me contar que já treinou com a SWAT?

- Todos temos um passado obscuro, amor - Eu roubo um selinho antes de entregar-lhe o urso e o puxar a caminho do próximo brinquedo.

Quando entramos na cabine azul fechada, um homem baixinho fecha a porta, trancando-a.

- Acho que agora somos oficialmente um casal clichê - Luke se afunda no banco da roda gigante.

- Certeza que não faltou nada da sua lista? - Pergunto num tom zombeteiro e Luke se aproxima, colando seus lábios aos meus.

- Agora não mais - Ele diz me arrancando um sorriso bobo.

Ouço um barulho e nós começamos a subir, o céu escuro tomando conta dos vidros.

Por conta da forte iluminação da cidade, as estrelas acabam ficando um pouco ofuscadas, mas não somem completamente. O parque lá embaixo e as pessoas do tamanho de formigas.

- Olha - Luke aponta através do vidro. As luzes dos prédios, das casas, das lojas, todas se completam. Observo tudo em volta, curtindo o momento.

- Uau - Agora, percebo o quanto somos pequenos. É muito louco pensar que em grande escala, somos apenas pontinhos no mapa, insignificantes. Mas de perto, todos têm vidas, histórias e amores...

Eu odeio não te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora