Capítulo 45

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A primeira noite em casa depois do acidente foi estranha. Eu sei que esse é o meu quarto. Eu sei que essa é minha casa. Mas parece que outra versão minha viveu coisas que eu nunca vou saber. Nunca vou saber o que eu mesma disse ou não disse. Nunca vou saber o que eu fiz ou não fiz. Ou talvez eu lembre. Não sei.

- Filha – Minha mãe diz ao bater na porta – Tá na hora do seu remédio

- Pode entrar – Eu digo e ela abre a porta

Ela me entrega o comprimido e um copo de água.

- Como você tá? – Ela pergunta em um tom de preocupação enquanto eu engulo o remédio

- Eu tô bem, mãe. Não se preocupa – Eu digo pegando em sua mão e ela dá um pequeno sorriso

- Quer alguma coisa? Uma vitamina? Um café? – Minha mãe pergunta

- Mãe, eu acabei de tomar café – Eu digo mas paro pra pensar – Mas eu aceito uma vitamina de morango – Eu digo olhando pra ela e pelo seu olhar, ela parece feliz de poder fazer algo por mim

Enquanto minha mãe prepara minha vitamina, decido levantar com ajuda das muletas e me sentar perto da janela. Só percebo agora que está chovendo. Ah não, trovões.

Enquanto torço pra que a tempestade não fique mais forte, jogo um jogo aleatório no computador.

- Megan, não fique no computador enquanto chove, é perigoso – Minha mãe grita do andar de baixo e eu me obrigo a parar de mexer no computador.

Volto pra cama e fico olhando pra janela, vendo a chuva cair e escorrer pelo vidro. Crio uma competição mental pra ver qual gota desce primeiro. Será que as outras pessoas também fazem essas coisas?

Sou tirada de meus pensamentos quando ouço batidas na porta.

- Entra Mãe – Eu digo rindo – Eu não entendo porque você bate sendo que eu tava esperando vo... – Eu começo a falar mas paro assim que vejo Luke abrir a porta - Quê... O que você tá fazendo aqui? – Eu pergunto surpresa

- Vim trazer sua vitamina – Ele diz me entregando o copo e se sentando na cama

Fico fascinada com sua beleza. Até em uma simples blusa preta ele parece perfeito.

- Você não deveria estar na escola? – Eu pergunto pegando o copo

- Não sei, deveria? Quem disse? Jesus? – Ele fala desviando o olhar

- É sério, Luke. Não quero você perdendo aulas por minha causa – Eu digo olhando pra ele

- Tecnicamente eu não estou perdendo nada. Se eu estivesse lá, minha cabeça estaria aqui, então é melhor eu manter meu corpo junto da minha cabeça do que ficar lá fingindo que ligo pra uma tabela periódica – Ele diz e eu sorrio – E também, está chovendo – Ele diz e eu olho pra janela

- Veio me proteger? – Eu pergunto rindo

- Mais do que isso – Ele diz misterioso – Eu vim pra te entregar essa vitamina – Ele diz e eu rio

Bebo um pouco da mesma e quando afasto o copo da boca, Luke ri

- Que foi? – Eu pergunto – Tô com bigode de vitamina, né? – Eu pergunto me dando conta

Quando estou prestes a me limpar com as costas da mão, Luke me impede e antes que eu possa perguntar o que ele está fazendo, ele se aproxima e me beija.

- Hm, morango – Ele diz passando a língua por seu lábio inferior quando se afasta

Luke coloca a mochila ao lado da minha cômoda e em seguida se senta de costas para mim, para tirar os sapatos. Ele tira o celular do bolso, o colocando na mesinha ao lado de minha cama. Quando Luke enfim se deita ao meu lado, ele nem se acomoda direito antes de me beijar. Eu fico surpresa por alguns segundos, mas logo estou retribuindo o beijo. Com o recente gesso em meu pé e ainda sentindo algumas dores no corpo, eu não consigo me mexer muito, fazendo com que eu tenha que demonstrar toda a minha vontade por ele apenas com a boca. Desde que eu acordei no hospital, todas as poucas vezes que Luke me beijou foram com... tanta vontade. Não que eu esteja reclamando, mas sei lá, parece diferente. De um jeito bom, é claro.

Eu odeio não te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora