Capítulo 60

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- Que homem babaca, como ele pode falar tudo isso?! - Minha mãe se revolta quando conto tudo o que o diretor nos falou mais cedo.

- Pois é, mãe. Mas não vai ficar assim não. - Eu digo ansiando por amanhã.

- Megan... - Ela diz em tom de alerta - Toma cuidado!

- Pode deixar - Eu brinco com a borda da saia preta, pensativa - Hoje... eu falei com o Luke - Me sento de frente para o balcão

- E... como foi? - Ela mexe na panela de brigadeiro.

- Ele ainda não entende o problema, mas eu já tô cansada de toda essa situação, então assim que eu souber que não têm mais chances da Riley ser expulsa, eu converso com ele pra gente resolver tudo - Eu apoio os cotovelos na superfície fria.

- Que bom, filha - O tom em que diz isso é estranho.

Não sei se é por conta dela não conhecer Luke direito, mas toda vez que falo dele, ela usa esse tom de voz. Eu entendo que ela tenha medo, depois de tudo o que passei. Mas Luke não é assim. Ele jamais faria algo pra me machucar.

- Mas você acha que o diretor pode envolver a polícia nisso? - Ela pergunta depois de alguns minutos em silêncio - Eu entendo a intenção de vocês, mas pensem antes de agir - Ela diz preocupada

- Acho que ele não chamaria a polícia, mas de qualquer forma, vamos tomar cuidado. - Saio do banco, deixando a cozinha - Mãe - Dou um passo pra trás - Hoje, quando eu tava falando com as pessoas, várias delas me olharam como se nós estivéssemos exagerando, mas eu sei o quanto a Riley tá sofrendo. Você acha que estamos fazendo a coisa certa?

- Claro que sim, filha. É que a gente é induzida a achar que nossas reações são exageradas, mas não são. Sua amiga teve a intimidade exposta porque confiou num babaca, e agora estão querendo expulsar ela. Quem me dera que no meu tempo existissem meninas como vocês, que se apoiam e se ajudam - Ela leva a panela para a pia, a enchendo de água - Uma vez, um garoto que era da minha sala transou com uma menina três anos mais nova - Ela anda pela cozinha, guardando as louças - Ele filmou ela e mostrou a fita pra todos os outros garotos da turma. A notícia se espalhou pela cidade toda, e como ela era mais nova, foi pior ainda. Ela não tava nem no ensino médio. O pai tirou ela da escola e mandou pra um internato cristão. - Ela termina e eu fico chocada.

- Por que eles fazem isso?

- Acho que essa é uma das perguntas para a qual nunca teremos resposta. Mas nem todos são assim. Seu pai, por exemplo, era totalmente diferente dos babacas com quem eu saía. Às vezes têm alguns que vêm com defeito de fabricação, mas acontece, nada é perfeito. Mas se fizessem terapia, o mundo não estaria do jeito que tá. - Ela diz, jogando o pano de prato em seu ombro.

- Obrigada, mãe. - Eu sorrio pra ela antes de subir pro quarto.

Vai dar tudo certo.

- Vai dar tudo errado - Riley diz do banco da frente do carro de Dylan, olhando pra escola pela janela - Será que eles vão me barrar? - Ela faz o quarto questionamento desde que chegamos, há três minutos.

- Riley, eles não te expulsaram ainda, não podem te impedir de entrar - Dylan esclarece calmamente enquanto tira a chave do carro.

- Verdade, eu só tô muito... ansiosa, sabe? - Riley esfrega as mãos nas coxas, parecendo distraída - Eu sei que não mereço essa expulsão sem sentido... Ou tudo que estão falando por aí - Ela respira fundo - Eu só... tô com medo de que, mesmo depois do que a gente fizer, eles ainda assim não me ouçam - Ela se esparrama no banco, parecendo cansada.

- Eles vão, confia em mim - Dylan aperta sua mão.

- Vamos? - Pergunto vendo ela pelo retrovisor.

Eu odeio não te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora