Capítulo 66

5.6K 464 189
                                    

A semana passa rápida e estranha desde a última vez que falei com Nate. Ele novamente me pediu desculpas ao longo da semana, e pra todas elas eu falava "esquece, Nate. Tá tudo bem", mas a verdade é que, quem não conseguia esquecer era eu. Pensei que a gente tinha voltado ao normal. Amigos como sempre. E pensar que Nate ainda sente algo por mim..., Algo que eu não posso retribuir, faz eu me sentir tão culpada. Eu comecei isso. Eu confundi ele, confundi nossa amizade.

- É só um jantar, Megan. Não precisa ficar tão nervosa - Minha mãe diz, pausando o programa culinário que passa na TV atrás de mim.

- Não é só um jantar... - Vasculho seu porta-joias à procura de algo mais simples para usar. - É um jantar na casa do Luke... com a família dele - Eu desvio o olhar pra minha mãe, que revira os olhos. Acho um colar prata, com um pingente de flor em seu centro, um pouco mais delicado do que estou acostumada a usar, mas acho que contrasta bem com minha roupa.

- Quando eu fui conhecer seus avós, eles me encheram de perguntas como: O que você espera do seu futuro? Qual faculdade pensa em se inscrever? E até se eu era cristã - Ela diz, com incredulidade. - Eles me odiaram quando souberam que minha meta de vida era ser fotógrafa. -

- Nossa, pra mim eles sempre te amaram - Me sento na cama, de costas pra ela, enquanto amarro meu tênis.

- Depois que eu me tornei uma designer de eventos bem sucedida, é claro que eles me amaram - Ela diz, irônica, se acomodando melhor nos travesseiros atrás de si.

Me levanto, conseguindo, depois de muita dificuldade, encaixar o fecho do colar ao redor do meu pescoço.

- Qual das duas combina mais com essa calça preta? - Pego minhas duas blusas jogadas no pufe e as estendo à frente de minha mãe.

- Hum... - Ela pensa por alguns segundos, antes de apontar para a peça da direita.

- Toda de preto? - Pergunto analisando minha calça e a peça escolhida por ela.

- E tem combinação melhor? - Ela pergunta, como se fosse óbvio, pegando sua xícara de chá dos vingadores na mesinha ao seu lado, dando um gole no mesmo. Sua pose intelectual faz um contraste engraçado com a caneca colorida que repousa em sua mão. - Eu sei que você quer passar uma boa impressão... - Minha mãe ajeita o robe de cetim, enquanto se levanta, vindo em minha direção. - Mas a pior impressão possível é eles não conhecerem você de verdade, não acha? - Ela me encara, com as sobrancelhas arqueadas, pegando a peça em minha mão e a balançando na altura de seu peito, de forma sugestiva.

- Ok, você tem razão - Solto um longo suspiro antes de pegar a peça de sua mão.

- Você vai ficar linda - Minha mãe diz, com um sorrisinho vitorioso.

- Talvez eu... - Paro de falar quando ouço o som da buzina no andar de baixo. - Merda - Eu corro pro meu quarto, passando meu top preto por baixo do cropped, que cobre minha pele como um véu escuro até os pulsos. Me olho no espelho, me perguntando pela sétima vez se essa roupa é adequada. Não tenho mais tempo agora.

- Eu vou lá embaixo, dizer que você já tá indo - Em dias nublados e chuvosos, como os de hoje, minha mãe e eu praticamente passamos o dia inteiro de pijama naquele sofá, e sorrio com a tentativa dela de arrumar os fios que fogem do elástico, enquanto ela desce a escada, tentando melhorar seu estado.

Com a ajuda de uma presilha, prendo as laterais de meu cabelo na parte de trás. Pego minha bolsa, enfiando meu celular, rímel, dinheiro e tudo que talvez seja necessário, antes de descer as escadas correndo.

Minha mãe acena da porta para o lado de fora, onde vejo Luke no carro me esperando.

- E se não gostarem de mim? E se eu não souber o que falar?" Pergunto nervosa.

Eu odeio não te odiar Onde histórias criam vida. Descubra agora