14. Deu tudo errado (parte 2)

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10 anos atrás

Pedro estava com seus 22 anos

...

...

Deita a sua cabecinha no meu ombro e chora.

Ouvir essa música fez com que Pedro se sentisse ainda mais triste dentro de seu quarto. O travesseiro sufocou qualquer ruído que pudesse sair de sua boca. Ficou remoendo aquilo por um tempo excessivamente longo. Ficou escondido no quarto de modo que seus pais nem perceberam que ele estava em casa, pensavam que estava no trabalho.

Ficou o dia todo entristecido pensando na cena que tinha visto: Diogo com outro macho além dele. E pior, beijando na boca. Diogo não gostava de beijar na boca justamente por conta de seus dentes grossos atrapalharem na hora do beijo.

Faltou no trabalho hoje apenas para seguir Diogo e saber se ele não estava fazendo outras coisas, mas ele estava. Filho da puta. O que poderia fazer a respeito? Já estava feito. Na verdade, ele ainda estava fazendo. Na parte da tarde, Pedro viu seu celular tocar várias vezes. Algumas de seu serviço, outras do Diogo. Filho da puta cara de pau mentiroso. O ódio esquentou seu corpo e deixou sua mente cheia de pensamentos negativos.

No dia seguinte, ao entrar no trabalho, recebeu um belo de um esporro de seu chefe. Mentiu dizendo que estava doente. Doente de ódio, pensou para si mesmo. Não estava com os pensamentos claros, isso fez com que ignorasse boa parte dos insultos de seu chefe.

Enquanto trabalhava, pensava em uma forma de dizer a Diogo que estava tudo acabado entre eles. Ao atender os clientes, atendeu um que tinha a aparência do coiote que viu no dia anterior. Poderia ser ele? Não tinha certeza. Poderia ser apenas uma infeliz coincidência. Mas as memórias do dia anterior não saíam de sua cabeça e não conseguiu atender o cliente da forma como deveria. Recebeu uma repreensão do coiote por estar distraído.

Não bastasse uma repreensão do cliente, recebeu uma repreensão do seu chefe que estava ali perto observando tudo. Puta que me pariu, meu dia tá uma merda, questionou-se se faltava muito tempo até que o trabalho terminasse. O dia estava só começando.

Diogo passou de carro próximo de seu trabalho. Pensou que ele entraria lá para lhe dar um bom dia, da um oi, ou coisa parecida. No lugar, o dente-de-sabre apenas parou o carro no canto da rua e ligou para alguém. Ele ficou falando por um bom tempo. O cliente que era um coiote continuou onde estava. Concluiu que não era aquele coiote que roubou o amor de sua vida. Fora outro coiote e provavelmente estaria falando com ele nesse exato momento. Filho da puta.

Demorou até que o carro saísse de onde estacionara. Para onde estava indo? Após o término do expediente, recebeu uma ligação de um conhecido. Era de Fredo. Diogo havia passado ali e pediu para que Pedro não perdesse a cabeça com a notícia que daria.

— Ele está com outro cara, não está? — adivinhou.

— Então já sabe?

— Eu fui na casa dele e vi os dois bonitos se pegando.

— Puta merda.

— Pois é — continuou. — Como é que eu fico com uma notícia dessas? Pior ainda: ver a notícia.

Houve um momento de silêncio do outro lado da linha. — Olha, não faça besteira, por favor — pediu Fredo.

— E que besteira acha que vou fazer? — estava começando a se irritar.

— Não sei. Pegar um taco de beisebol, encher de pregos e bater na cabeça dele até os olhos saírem da cabeça — exemplificou. — Ou então pegar uma arma e meter o pipoco na casa dele.

O que fazer com essa tal LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora