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6 anos atrás
Pedro estava com seus 26 anos
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Perushi ficou um bom tempo com Pedro e o panda vermelho aparecia regularmente para ver como ambos estavam. A recuperação estava sendo rápida, mas ainda era necessário estar observando-os. A hiena listrada ainda sentia muito falta do tanuki e, a parte mais difícil, era ver todas aquelas coisas que ele havia deixado.
O tanuki — primo de Danuki —, a hiena listrada e o panda vermelho arrumaram caixas para guardar todas as coisas que eram de Danuki. Vê-las sendo empacotadas era doloroso, mas reconfortante ao mesmo tempo. Era muito mais doloroso olhar para aquelas coisas e ter que lembrar que ele nunca mais as tocaria novamente. A tarefa demorou alguns dias para ser concluída, mas assim que todas as caixas foram empacotadas, questionaram qual seria o melhor destino delas. Algumas coisas foram para os pais para que guardarem as conquistas dele e outras lembranças felizes. Outras coisas ficaram com o primo, a exemplo do apartamento onde Danuki e Pedro moraram.
O apartamento não ia para ninguém para falar a verdade, contudo, como Perushi estava pensando em se mudar para a cidade e queria manter viva a memória do primo, decidiu alugar a mesma moradia em que ele morou.
— Acho que agora terei que ir embora — falou Pedro de forma triste.
— Não — pediu Perushi. — Esta casa foi sua e dele. Não seria justo eu coloca-lo para fora.
— Obrigado — Pedro deu um abraço em Perushi e ajeitaram as coisas de Danuki para enviar para parentes e amigos.
A hiena listrada ficou com alguns poucos pertences para se lembrar do amor que viveu com Danuki. Era doloroso lembrar e saber que ele nunca mais iria voltar.
O panda vermelho aparecia com frequência para vê-los e Pedro gostava da companhia dele. Principalmente quando estavam a sós. Qual era mesmo o nome do panda vermelho? Pedro demorou a lembrar. Era Joel, mas também muito conhecido como Jojo. Ele era professor em uma escola ali perto. De certa forma, ele o lembrava de Danuki, por isso, abraçava-o com frequência.
Pedro se abriu com Jojo e este ouvia pacientemente tudo o que tinha a falar para ele. Apesar de não ser muito animado como Danuki era, emanava uma bondade e uma tranquilidade que fazia com que a hiena se sentisse em paz.
A empresa lhe deu férias para que pudesse lhe dar com o falecimento de Danuki. Assim que as férias terminaram, ele voltou ao trabalho, mas não da mesma forma. Estava mais sério e as atividades que exercia não faziam sentido algum. Voltava para casa e sentia aquele vazio se apoderar de seu corpo. Seu corpo se movia exatamente da mesma forma de quando Danuki ainda era vivo. Era difícil se habituar a uma nova rotina depois de anos de convivência. Seus olhos laçavam-se para a porta sempre no mesmo horário na expectativa de alguém que já não passaria mais por ela.
Jojo levou Pedro para sair em alguns lugares diferenciados pelo bairro. Encontraram uma casa que vendia chá e Jojo comprou alguns sabores diferentes para experimentar depois. Acabaram na cada de Jojo, onde o panda vermelho apresentou a hiena listrada a seus pais, que o abraçaram e deram seus pêsames pela perda.
Os dois jovens tomaram um chá estranho, mas que tinha um gosto bom.
— Ele gosta muito de chá — falou o pai do panda vermelho. — E também de rapazes bonitos — brincou o pai, o que deixou o filho envergonhado e tímido.
— Você é gay? — quis saber Pedro.
— Gayzão com "G" maiúsculo — anunciou o pai alegremente. O pai panda vermelho não via problemas com o filho ser homossexual, até fazia algumas brincadeiras com isso como se ele próprio fosse. — O bom é que fica menos competição pro paizão aqui — eles riram, mas a mãe deu um cutucão na costela que fez o pai dar um grito de dor. — Eu amo você também, meu amor.
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O que fazer com essa tal Liberdade
CasualeCaio, um lobo entristecido por sua vida, é encontrado por Pedro, uma hiena listrada, em meio a uma rodovia. Após uma breve conversa, Pedro acredita que pode fazer a diferença na vida do lobinho, mesmo que ela seja mínima.