Ouvindo algumas abobrinhas durante boa parte da manhã, Pedro desejou voltar para casa, mas isso não aconteceria por estar trabalhando. Profissionalismo era isso, realizar uma tarefa mesmo quando você não quer fazê-la. Muitas reclamações e ele tinha que resolver todas elas antes do almoço. Teve que se apressar em resolver, contudo, faltaram apenas duas tarefas a terminar quando o relógio gritou em alerta para o horário de almoço.
— Você deixou duas tarefas faltando — lembraram-no.
— Resolvo isso quando voltar do intervalo — falou.
Isso era frequente. Eram mais tarefas do que conseguia cumprir. Ao retornar do seu intervalo, mais tarefas foram atribuídas e ele sentiu a cabeça doer só de imaginar o trabalho que teria para resolvê-los. Antes que o dia de trabalho chegasse ao fim, todas as tarefas foram terminadas. Para passar o tempo que restava, jogou um joguinho no computador.
— Jogando paciência — brincou seu colega fazendo voz de sério. — Bonito, viu? Muito bonito — tirou sarro e ambos riram até que o relógio apitou alertando-os do horário de saída.
Retornando para casa em sua caminhonete, ele recebeu algumas ligações que ficou tentado a atender, mas deixou para fazê-lo quando estivesse estacionado o carro no estacionamento de sua casa. Depois de estacionada a caminhonete dentro do terreno de sua casa, Pedro foi até o tanque da varanda, lavou seus sapatos e deixou-os para secar. Puxou sua camisa, ficando de peito nu. Adentrou a casa removendo as outras peças de roupa até estar apenas de cueca com seu o membro masculino criando volume sobre o tecido devido ao leve inchaço ocasionado pela excitação que sentia imaginando encontrar o seu amado panda vermelho Jojo.
Não encontrando o panda vermelho, a hiena listrada foi ao banheiro, onde lavou todo o suor e odor ocasionado pelo dia de trabalho, ficando limpo e cheiroso para seu amado.
Enrolou a toalha ao redor da cintura após se secar e foi até a sala, onde sentou-se no sofá, esperando o seu amado chegar. Deveria estar na padaria comprando pão para tomar com seu chá da tarde. Aprendeu a tomar chá com o panda vermelho, antes disso, ele só tomava café. De vez em quando, no trabalho, ele tomava café para se lembrar de como era o gosto.
O seu celular tocava dentro da cabine da caminhonete e ele teve que ir até lá para buscar. Antes que pudesse abrir a porta do veículo, o celular parou de tocar, indicando que o telefonema chegou ao limite de tempo de espera. Era o mesmo número que ligara, notou quando pegou o telefone. Voltando para a sala, sentando-se de novo no sofá, rediscou o número que o telefonou. Esperou um pouco e logo ouviu a voz do outro lado.
— Pedro — falou a voz de seu amigo urso do outro lado da linha. — Consegui fazer a mudança — noticiou.
— Que maravilha — parabenizou Pedro. — O bom de morar sozinho é que não há muitas coisas para colocar no caminhão. Mas enfim, conseguiu um colega para dividir as contas?
— Sim! — deu a informação alegremente. — Depois de muito tempo eu consegui.
— E quem é o seu ajudante? — quis saber a hiena listrada, curiosa em ver o colega de casa ou... o provável amante que poderia se tornar o novo amor do urso de pelo escuro.
— Ele é mais novo que eu — começou. — Tem pelo cinzento, é baixo pra estatura comum da espécie dele, e quis se mudar rápido.
Pedro ficou imaginando que seria um lobo pela descrição "tem pelo cinzento". Talvez fosse um dos vários amantes que já arrumou na vida. Quem sabe um vizinho que morava no mesmo bairro anterior.
— Que tal vir aqui para comemorar? — convidou o urso. — Vamos fazer um churrasco amanhã depois de arrumarmos tudo — informou.
— Um churrasco é bom — havia tempos que não comia carne assada de besourão*. — Vou falar com o Jojo e vamos aí amanhã — a ligação se encerrou aí.
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O que fazer com essa tal Liberdade
RastgeleCaio, um lobo entristecido por sua vida, é encontrado por Pedro, uma hiena listrada, em meio a uma rodovia. Após uma breve conversa, Pedro acredita que pode fazer a diferença na vida do lobinho, mesmo que ela seja mínima.