7. Incentivos

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O dia seguinte fez Caio suar frio, ansioso pelo encontro que teria com o urso. Será que levaria um esporro do urso negro por ter dito aquelas coisas? A ansiedade fez com que tivesse pensamentos ruins enquanto trabalhava. Em alguns momentos, pegava-se trocando as coisas de lugar.

O que é que estou fazendo?, questionou-se ao reparar que estava tudo fora do lugar e teve que organizar tudo de novo. Cada coisa em seu lugar.

Uma cutucada em seu ombro indicou que o urso negro chegara. Estava suando enquanto que o urso estava animado para falar.

— O que foi? — perguntou ao ver a surpresa do lobinho. — Assustado?

— Um pouco — disse.

— Por quê? Não há nada de mais, meu amigo. Eu só vim conversar com você, vem comigo. Pega pra mim as coisas que eu for falar pra parecer que está trabalhando — pediu. Caio o seguiu e foi colocando as coisas que o urso pedia enquanto caminhavam lentamente pelos corredores. — Olha, você está com medo porque está acostumado em morar com sua mãe e com outros parentes — começou. — Isso assusta antes da mudança, mas fica melhor depois que sai de casa.

— Eu não sei — lamentou o lobinho. — Ela não vai deixar eu sair de casa.

— Ah, qual é?! Você já tem dezenove anos, meu chapa — apontou o urso. — Pegue aquilo pra mim! Enquanto morar na casa dela você não terá liberdades. Se ela é a dona da casa e paga as contas, então quem tem toda a razão da palavra é ela, não é assim?

— Sim — confirmou o lobinho.

— Todas as casas são assim, meu amigo. Pega o desinfetante ali pra mim. Você ajuda a pagar as contas?

— Ás vezes... — a voz saiu fraca.

— Nunca, não é? — deduziu o urso dando uma risada. — Olha, só por não pagar as contas, já perde poder de protesto. O seu salário aqui não é tão baixo para que passe fome, mas também não é alto para se sustentar sozinho — e Fredo explicou todo o processo de morar sozinho, das coisas que precisava pensar antes de sair de casa, dos objetos que precisa ter... — Tenho boa parte das coisas — falou Fredo. — Podemos rachar uma coisa aqui e ali. Além das contas, claro.

— Vai morar de aluguel? — estava surpreso, achava que Fredo iria arrumar uma casa própria.

— É o que o dinheiro pode pagar no momento — riu Fredo. — Mas independente de ser alugada ou própria, é muito melhor dividir com alguém do que arcar com tudo sozinho. É muito pesado e extremamente estressante.

— E quando você tem que sustentar alguém?

— Aí se torna muito mais estressante.

Caio pensou em si mesmo e questionou-se: será que é isso que minha mãe pensa de mim? Ele seria a razão do estresse dela? Talvez fosse um dos motivos, afinal, pouco ajudava em casa além de limpá-la e tirar o lixo. Por um lado, se ele tivesse que sustentar alguém que pouco ajuda e tem como obrigação apenas limpar a casa de vez em quando, ele também explodiria de raiva.

— Mas você trabalha — continuou Fredo. — Tem um emprego fixo e eu também. Vai ser fácil para nós dois dividirmos uma casa.

O lobinho ainda tinha algumas dúvidas, mas a insegurança que sentia estava sumindo com o diálogo que mantinha com Fredo.

— Posso garantir que não vou te chutar pro olho da rua se tivermos uma briga, já que a casa será dividida.

— Mas não íamos morar na mesma casa? — perguntou Caio, rindo.

Fredo riu de volta. — Pega aquele ali pra mim. É claro que vamos! Quando eu falo em dividir você sabe que é das contas, não sabe? Enfim, tenho uma ideia melhor pra te convencer. Que horas você sai do trabalho?

O que fazer com essa tal LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora