Pedro e Jojo haviam brincado um bocado na tarde do dia anterior e essa brincadeira se estendeu até estarem cansados demais para brincar. Dormiram agarrados um ao outro.
O despertador acordou a ambos, que levantaram da cama e tomaram um delicioso banho gelado juntos. A água molhou-os, encharcando seus pelos. Eles esfregaram o shampoo nos pelos um do outro para ficarem cheirosos. A repetição desse ato fez com que o cheiro de ambos ficasse parecido.
Desligando o chuveiro, secaram-se e foram para o quarto onde se vestiram para mais um dia de trabalho. Ambos estavam bem vestidos, cada um a sua maneira, para trabalhar. Vestiam camisas de botões, enquanto que a camisa roxa de Pedro escondia seus músculos esguios, a de Jojo destacava o seu sobrepeso. A barriga ser larga fazia com que ele parecesse grande, junto a isso havia os ombros largos com os braços levemente musculosos e o peitoral também.
Enquanto que Pedro se locomovia para o trabalho de caminhonete, Jojo se locomovia de moto. Não qualquer moto. Era um modelo biz, uma moto pequena para o tamanho dele. Contudo, servia. Era perfeita para se locomover para lá e para cá, afinal, ele não ia para muito longe.
Ajeitou seus materiais na mochila, colocou-a nas costas, pegou o capacete e subiu na moto. Colocou o capacete sobre a cabeça e foi para o seu trabalho assim que Pedro pressionou o botão que elevou o portão.
Em poucos minutos já estava na escola. Estacionou a sua moto biz no estacionamento da escola. Desligou-a, guardou a chave no bolso e encaminhou-se para dentro da escola.
Sentiu o cheiro de café antes de entrar na sala de professores e, lá dentro, apenas três deles estavam na sala. Um deles, uma onça-pintada, estava com o notebook ligado, ajustando o seu planejamento de aulas. Outro, uma lontra, tomava café enquanto lia o seu planejamento de aula antes de adentrar a sala da turma ao qual iria lecionar. O último, um cachorro-vinagre, estava se divertindo com os memes que via na internet pelo seu celular.
— Bom dia, pessoal — desejou Jojo.
— Bom dia, Jojão — falou o cachorro-vinagre. — Com essa felicidade toda deve ter transado bastante ontem, não transou?
— Nossa, Augusto, você é tão desagradável — falou a lontra, envergonhando-se do cachorro-vinagre.
Jojo caminhou até um dos lugares disponíveis, deixou a mochila de lado para sentar-se e tirou o capacete de sua cabeça, deixando-o sobre a mesa.
— O que temos para hoje? — questionou Jojo.
— Um dos alunos do sétimo ano está viciado em um anime — começou a lontra. — É aquele antigo lá... Brasília Ghoul. Eu vi uns pedaços e é violento pra caramba. Como é que eu explico pros pais que quem gosta é ele?
A lontra era professora de artes e o aluno estava fazendo desenhos inspirados no anime Brasília Ghoul. Jojo tinha ideia de como era o anime que o aluno estava assistindo. Tinha uma boa dose de violência. A preocupação da professora de artes era a exposição dos trabalhos que a escola faria e esse trabalho desse aluno estaria entre eles. Ela já podia imaginar a cara dos pais, a desaprovação, os esporros de ódio...
Jojo lecionava a matéria de história, apesar de ser apto para lecionar todas. Era o que tinha quando fez a inscrição para lecionar. Precisava leciona-la duas vezes por semana para cada turma de metade do ensino fundamental. Era estressante em alguns momentos, contudo, ele tinha paciência para superar essas dificuldades.
Outros professores chegaram e prepararam-se rapidamente para a primeira aula do dia que começaria em alguns minutos. Antes de partirem, tomavam pelo menos um copo de café. Alguns ficaram na sala, pois não tinham aula no primeiro tempo de aulas — que era o caso de Jojo, que continuou sentado em onde estava, apenas olhando para o relógio enquanto a maioria dos professores adentrava as salas de aula após a monitora entrar na sala dos professores e acionar o botão que acionava a sirene, indicando o início do dia letivo.
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O que fazer com essa tal Liberdade
RandomCaio, um lobo entristecido por sua vida, é encontrado por Pedro, uma hiena listrada, em meio a uma rodovia. Após uma breve conversa, Pedro acredita que pode fazer a diferença na vida do lobinho, mesmo que ela seja mínima.