5. Uma voltinha a três

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Os três entraram na caminhonete de Pedro. A hiena prometeu que não iria leva-lo para casa — ainda. Ele precisava ir a um lugar apenas e Jojo iria com ele também. Para não deixar o lobinho sozinho em casa, por medo de que ele arrumasse maneiras alternativas de tirar a própria vida.

Dirigindo pela rodovia, a hiena listrada direcionou o carro para a cidade. Em poucos minutos, chegaram ao centro dela.

— Vou pagar umas contas — explicou a hiena listrada. — Jojo, pode cuidar dele uns minutinhos?

— Posso — garantiu o panda vermelho. — Vem, guri.

O panda vermelho pediu para que o lobo o seguisse e assim aconteceu. Eles foram para caminhos diferentes no centro da cidade. Enquanto a hiena foi para um lado, os outros dois foram para o outro.

A hiena listrada tinha confiança em seu amado, ele saberia lidar com o jovem lobinho. Já estava lidando quando o levou para casa naquele dia. Não haveria problemas agora que o jovem estava mais calmo. O celular vibrou quando recebeu a mensagem que lhe avisou que eles estavam na praça de alimentação comendo um lanche e tomando um suco.

O lobinho lembrava seu pai nesse quesito. Um de seus pais era um lobo-guará e não consumia bebidas alcoólicas. Sentia saudades deles. Precisava vê-los mais tarde. O aniversário de casamento deles estava próximo. Seria injusto não ir para a comemoração.

O caixa eletrônico estava lento. Ficou preocupado se os boletos seriam lidos pela máquina e as contas fossem pagas. As contas já eram dor de cabeça o suficiente. Um lobo depressivo era um problema inesperado, mas ele não era um jovem problemático, o que já ajudava muito em um tratamento. O que o jovem lobo precisava era de alguém paciente, que pudesse ouvir suas dores e lágrimas.

Quanto mais rápido resolvesse o problema do lobinho, mais rápido poderia ter a casa só para ele e para seu amor para poderem fazer o amor que queriam fazer.

A noite já havia caído, as lojas ao redor estavam fechadas, exceto pelo Pátio Central, que era uma espécie de shopping, só que em uma versão mini, que ficava em frente ao banco. Tudo o que precisava fazer para encontra-los seria atravessar a rua.

Após a máquina fazer o barulho característico de que os boletos foram pagos, Pedro retirou o comprovante e seguiu para o Pátio Central. A praça de alimentação ficava no andar de cima, onde as mesas estavam dispostas por boa parte do ambiente e poucas pessoas estavam comendo ali. Casais se encontrando e jantando seus lanches. Amigos jogando conversa fora. Pais e filhos passando um momento juntos. E o seu amado Jojo com o jovem lobo, comendo lanche, tomando suco e rindo um pouco.

Conforme subia a escada rolante, Pedro via-os ao longe e ficava feliz em ver o jovem lobo um pouco mais saudável mentalmente. Perguntava-se se os familiares dele chamaram a polícia para encontra-lo. Seria uma dor de cabeça ter que explicar tudo o que aconteceu. Apesar de ser maior de idade, ainda era muito grande a diferença de idade entre eles e as pessoas poderiam entender coisas diferentes: achar que eles mantêm uma relação. Isso seria um problema muito sério. Ainda mais pelo lobinho não estar em condições mentais adequadas para falar sobre qualquer coisa.

Pedro teria que conversar sobre isso com ele. Seria complicado para o casal se a polícia batesse à porta da casa deles e encontrasse o lobinho lá dentro. O que pensariam? "Sequestro" seria a primeira palavra que viria à mente deles. Como poderiam explicar tudo o que aconteceu sem parecer que estavam coagindo o jovenzinho?

— Eu vou no banheiro, está bem? — Pedro ouviu o lobinho dizer antes de chegar à mesa.

— Tá bom, vai lá — permitiu o panda vermelho.

O que fazer com essa tal LiberdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora