Capitulo IV

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Correr não é o bastante quando não se sabe do que exatamente estamos correndo, não conseguia alcançar nada e pareceu que eu estava mais uma vez em um de meus sonhos. O lobo grande queria me devorar, sua baba caia por onde pisava atrás de mim, meu coração se acelerou e eu não sabia nem para onde estava indo, eu só tentei fugir. Isso é o quão longe minha curiosidade me leva, eu nunca havia visto um lobo na minha vida e agora fico preocupada com os outros que não estão aqui, meu peito doeu devido a corrida, minha respiração falhou por uns instantes e a minha visão começava a desfocar aos poucos. Pensei que fosse morrer ali, já não importava mais, seria um fim aceitável, eu prefiro perder a minha vida ao ter que viver sem saber de nada e confusa. Mas a segunda opção não me deixou, colou em minhas costas, pois sou fraca demais para me manter ativa na corrida contra a morte iminente.

Posso dizer que estou em pedaços por tantos motivos que não consigo parar de chorar. Acordei na minha cama, confusa, perdida e sem saber o que está acontecendo comigo. Eu não aguento mais chegar em um lugar e tudo não ter passado de um sonho realista, acho que estou louca ou enlouquecendo aos poucos, está doendo não saber de nada, me perder, não me lembrar e tudo não passar de uma mentira grande criada por mim mesma. Pensei ter sido uma boa ideia ter vindo para cá, mas não é, coisas estranhas acontecem comigo o tempo inteiro e eu sou sempre tomada como a maluca desse hospício, não suporto isso, não aguento mais, eu não aguento...

— Sakura?

Ouvi a voz de Karin, ela me deixou de lado o dia todo ontem, e no momento eu só quero ficar sozinha na minha cama, eu não preciso de meias respostas vazias, eu não preciso disso, eu não quero isso e nem suporto mais. Eu só queria saber o que é real e o que não é. Estou trocando tudo de lugar, e eu já não sei mais o que pensar ou fazer, eu não devia ter saído do orfanato, eu não devia ter seguido um sonho estupido com um cara estupido e me envolvido com pessoas estúpidas. Abracei minhas pernas e tentei abafar o choro que me engasga e entala minha garganta, eu quero gritar com todos eles, mas a enxaqueca não permitiria, nesse caso, ficar sozinha seria o suficiente para mim, eu preciso disso, preciso respirar.

— Sakura, a gente vai se atrasar!!

Coloquei o travesseiro em cima da minha cabeça. Meus pés estão doendo e isso é o que me prende naquele sonho, mas me lembro de ter caído e cortado minha mão e olhando para ela agora... sem ferimentos. Se eu não tivesse problemas com a minha saúde, talvez eu teria conseguido correr mais e ver o que aconteceu. Fechei os olhos, eu ainda estou com sono, quando acordei estava começando a amanhecer, sinto tanto sono mas quando fecho minhas pálpebras, me vejo presa em outra realidade, me afogando em sonhos irreais, não suporto mais.

Hoje, Karin resolveu vestir a face insistente e abrir a porta. Estou pensando seriamente em ligar para o meu tutor e pedir uma transferência para outro colégio, não faria mal ser a novata novamente, talvez eu aprenda a não deixar qualquer pessoa entrar na minha vida, me descartar no lixo e retornar novamente para recolher o que restou. Ficar presa em um lugar e nunca ser adotada pareceu atraente agora.

— O que aconteceu com você? A primeira aula já vai começar, precisa se vestir — Senti o colchão afundar um pouco quando ela se sentou na cama — Quer conversar?

Levantei minha cabeça minimamente, Karin parece cansada, seus olhos possuem olheiras avermelhadas, parece realmente não estar em seu melhor dia.

— Por que está chorando?

Funguei. Não adiantaria disfarçar quando agora sinto vontade de desabafar com alguém, colocar o que estou sentindo para fora, eu não sei o que devo fazer agora, é como se eu tivesse perdido o meu caminho e nada mais fizesse sentido. Perseguir um sonho nunca foi tão ridículo, fala sério... por que diabos eu pensei que Sasuke tivesse algo haver comigo? Parece um castigo incessante onde eu vou atrás e me enfio em um labirinto sem respostas e frio, vazio, sem nada, incompleto.

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