Notas do autor: Gente desculpa a demora 😬😬
O som da chuva invade meus ouvidos quando na realidade, não está chovendo. Acho que isso faz parte da minha vida agora, ver o que não está lá, sentir coisas e me confundir constantemente. Quem me dera poder escapar dos meus medos e me refugiar dentro de uma caixa a sete chaves, guardada desse mundo vasto de coisas estranhas que me apavoram e me tiram completamente o ar, e a lucidez, principalmente a lucidez.
Novamente me vejo em um sonho, talvez a chuva esteja em uma camada ao lado, na realidade, isso se de fato existir uma coisa chamada realidade. Para mim, realidade, não passa de um conto, onde eu me deito e escolho qual delas irei ler, mas minha cabeça não processa da maneira correta, e acabo me perdendo em realidades distintas, e medonhas.
Não sinto medo, e também não estou encantada com nada neste cenário de livro fantasioso. Um jardim vasto de flores, sempre flores, nunca qualquer outra coisa. Neste, não há variedades, todas são rosas negras, ao fim dele há uma floresta escura que me chama, escuto me chamar, mas para atravessar esse lugar, preciso entrar em meio às rosas, e não sinto tanta confiança. Pela primeira vez, não quero descobrir o que há no final dele, me sentei na parte intocada pelas flores, esperando o sonho acabar para ser puxada de volta para a realidade, torcendo na verdade.
Mas já passou a conta de a quanto tempo espero. Sei que o tempo em sonhos, flui de uma maneira diferente, e talvez isso me de ainda mais ansiedade para sair.
Minha atenção foi puxada novamente para o lado sombrio desse lugar. Me levanto para apaziguar minha curiosidade e a minha pressa. No entanto, apenas uma folha está se mexendo, batendo no galho de outras árvores, se movendo de forma estranha e inconstante, enquanto todo o resto se encontra parado. Engoli minha saliva quase entalada em minha garganta, ao ver algo se mover das sombras.
Me abaixei e engatinhei para me cobrir de flores, escuto passos rápidos e pesados, como se começasse a correr, e a respiração pesada de um bicho, próximo demais. Devagar, me movo para chegar ao meio do jardim, onde parece haver mais flores. Sinto que estou no meio de um oceano, indo em direção ao horizonte enquanto o mar me puxa para uma morte lenta e sufocante, mas poética, seria uma boa maneira de partir.
Para mim, nada se resolve com tanta facilidade e amaldiçoou o infeliz que disse que controlamos nossos sonhos, ou a única que deve ser amaldiçoada sou eu, por não ter controle de mim mesma. O ser criado pela minha mente traiçoeira, caminha entre as rosas arrancando uma a uma dessas pétalas. Ao me enfiar mais dentro delas, sinto minha alma ser sugada com força para outro lugar.
— Não devia estar aqui.
Procuro a voz sussurrada, mas nada encontrei, apenas o vazio intenso em meu coração, como se nem mesmo houvesse um. O som de chuva se alastra, junto a trovões, meu uniforme está completamente encharcado, e tudo em volta está escuro, não conheço bem esse lugar, o único ponto de luz é um poste ao lado de um banco quebrado.
Ando, e mesmo que o frio me desmotive, preciso encontrar um meio para acordar desse pesadelo. Meus passos ecoam por todo o local, mesmo com a chuva se sobressaindo, não ouço nada além dela e do trovão, mas está relampejando muito, e penso que se acaso eu for atingida, talvez eu acorde.
A rua vazia sussurra junto ao frio, e posso jurar ouvir pegadas iguais as minhas atrás de mim. Me viro, e no mesmo segundo um raio corta o céu, iluminando o lugar vazio, sem qualquer sinal de que alguém esteja aqui. Sinto meu corpo inteiro tremer, seja de frio, ansiedade ou medo, pavor para ser mais exata, e nesse minuto desejo voltar para o campo de flores negras.
— Não devia estar aqui.
Me sobressalto em um pulo, procuro em volta a voz que falou atrás de mim, meu corpo se arrepia mas não é mais o frio. Eu não sei onde estou, eu só quero sair, e não consigo identificar a voz, é como se minha cabeça não funcionasse, não quisesse buscar na galeria de memórias em minha mente.
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É você?
RomanceEm busca de um novo cenário para mudar sua vida, Sakura sai do orfanato para mudar de cidade e se internar em um colégio na cidadezinha pacata de Konoha. O que ela não entendia, era que pelas suas costas, existia um mundo sobrenatural, repleto de s...