Capítulo XXVI

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Notas do autor: No início ela fala "ciano" várias vezes. Essa cor é um tom de azul que representa tranquilidade, paz, fertilidade, segurança, primavera, etc.

Gohan: arroz redondinho. Temaki: arroz, cebolinha, cream cheese e salmão enrolados em folhas de alga. Aí fica parecendo um cone.

Boa leitura.

...


Não me sinto eu mesma, ainda que seja minha própria alma, o corpo já se foi e não parece igual.

Como a própria paz, o azul ciano foi tudo o que meus olhos viram em destaque ao abri-los, não havia muito que eu conseguisse ver além do tom e o sentimento de tranquilidade que invade o meu âmago como um abraço quente e caloroso no inverno. Sinto meus cabelos roçarem na ponta dos pés, passando pelos meus braços, alguns fios se enroscam em minha cintura.

Todavia, o sentimento não é duradouro, tampouco o bastante para acalmar a minha ansiedade desconhecida, pelo que estava por vir, pois, de repente, as coisas começam a fazer sentido para aquela cabeça, mas não para o meu eu humano, e tolo, díspar da minha Áurea que, segundo Tsunade-sama, tornou-se perigosa para as pessoas. Naquele segundo, o ar me faltou ao sentir mãos grosseiras taparem a minha boca, me apertarem com brusquidão e de repente, me tirar a força do meu lugar divino.

A dor, ela... Torna-se indescritível com o passar e o repassar da descrição, torna-se difícil de mensurar, mas apenas digo que nunca senti algo tão forte que me arrancassem tudo o que me fez ser quem sou, como a minha película transparente, as belas asas que aos olhos não se vê, e o sentimento de pertence.

Não há forma alguma de saber como ele pensava naquele instante, ou se sabia o quanto estava me machucando ao me jogar em um reino poluente não digno de mim. O ar mais poluente por pouco não me matou, a frequência sonora tornou-se ensurdecedora a cada vez que descíamos mais e mais para escapar dos protetores. Em seus braços, algo duro e pontudo me cortava devido à fricção constante com a fuga.

Por todo o saber, não há nada que possa doer mais do que uma filha tirada de seu lugar, arrancada do peito da mãe lar, a terra de ciano já não me parece tão presente. Em seu lugar fui apresentada a violência de um bruto, que enfiou-me em um lugar molhado, escuro e frio, sem o apego ou uma forma carinhosa de me fazer sair da paralisia que tomou meu corpo. Ao invés de carinho, amor e proteção, ele jogou-me uma praga, ao me condenar a viver abaixo de selos amaldiçoados, como uma... pressão densa, uma eterna pressão baixa, sentidos embaralhados e as minhas forças se esvaindo.

Meus sentidos se comparam a um balanço em meio ao furacão, indo e vindo, inconstantes e por pouco, tornou-se quebrado. Por vezes amaldiçoei sua existência, com ódio nas veias, sentimento impuro para alguém tão nobre, a maldade era questionável quando em meu lar, ela não existe. Mas tal sentimento é subjetivo a quem atinge e o atingido.

Para mim, não fui mais do que uma vítima, em reino desconhecido e sofrendo de constante opressão por parte do cavalheiro bruto que a cada dia parecia mais impaciente, entre outro sentimento que não chegou a ser reconhecido por mim, não sabia o nome, como definiam, ou um exemplo para comparar.

Mas cheguei perto disso, quando de minha boca saiu palavras desesperadas, — sentimento este que não reconhecia e de primeira detestei —, e das mãos dele, reconheci o primeiro exemplo de violência em seus olhos negros, veias sobressaltastes e a terrível dor em meu pescoço.

Faltou-me ar para respirar.

...

Minha cabeça está fervilhando, especialmente no centro, parece pegar fogo ou borbulhar. Seja o que for, é terrivelmente desconfortável, o que me fez acordar, ainda que eu não saiba a que horas fui dormir. Não me lembro de muito depois de Tsunade-sama me colocar em seu colo e falar alguma coisa.

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