Capítulo XVII

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Notas do autor: O capítulo a seguir contém tortura "leve".





Não tenho sonhos, pois não dormi. Estou vagando entre a lucidez e o desmaio, como um trem que vem em minha direção quando vou para o caminho em que me leva a criar cenários. Ele passa por cima de mim, e então eu abro os olhos, o mesmo lugar se apresenta, o meu desespero entra em contato com as algemas em meu pulso, pernas e a corrente no meu pescoço.

Estou acorrentada como um animal, presa contra uma cama de ferro fria e com um fino vestido que prometeu ser branco, mas está encharcado com o meu sangue. Nas minhas veias, a dor é excruciante pelas agulhas na ponta dos meus dedos, na minha cabeça, nos meus pés e no meu peito. Não sei como vim parar aqui, não tenho respostas, mas minha pele está ardendo, queimando... então suponho que, ou estou longe dele, ou essas coisas na minha pele estão provocando essa sensação. Ao mesmo tempo em que meu sangue enche uma bolsa, no outro braço, uma coisa verde translúcida é injetado em mim, é onde mais dois... pelo canto dos olhos vejo meu braço inflamar, está dolorido e não consigo me mexer...

Minha garganta está doendo, como se eu tivesse ficado dias sem água, minha boca está seca e dolorida, assim como a minha gengiva. Os mesmos símbolos que Kakashi deixa ao meu redor, estão no teto e nas bolsas de sangue. Seja quem for, essa pessoa fez o dever de casa, e sabe o que está fazendo. Mover os dedos machuca, eu quero gritar mas não há ninguém por perto para me ajudar, não sei o que ele pretende mas se deseja me ferir no fundo da minha alma, então está prestes a conseguir.

Aqui é frio, minha pele está arrepiada, meus olhos doloridos, meu pescoço doendo. Eu quero sair... eu preciso sair daqui. Como na milésima vez em que acordo, e o lugar não muda como normalmente acontece após identificar um pesadelo, meus olhos doem e as lágrimas descem expeças pelo meu rosto. Talvez fosse lágrimas... mas o reflexo da luz no meu rosto, bem no metal do material, eu vejo a mancha escura na minha face. Eu estou chorando sangue... isso significa algo.

Quando acordei na primeira vez, eu estava amarrada em uma cadeira. Fiz alguma coisa... e o lugar tremeu, e o teto quase chegou a desabar em minha cabeça, mas uma pancada forte me fez apagar, e acordar acorrentada aqui, mas ainda não tinham agulhas, elas surgiram depois. O contato do ferro machuca, queima tanto que tenho certeza de que quando for retirado, estará vermelho em volta, eu sinto minha pele em carne viva. Aquele que prometeu me proteger, me sufocando, não está por perto, na minha pele eu sinto essa distância, eu sinto que ele está fora de contato... ele não vai me ajudar. Quem sabe Karin... mas uso o colar, e se aquele que me sequestrou sabe sobre os símbolos, então ele deve ter usado algo para camuflar meu cheiro. Ele deve ter algo contra mim... contra Sasuke, contra alguém ou só quer me usar, tomando meu sangue de mim.

Minha audição está afetada, não sei se progeto o som de goteira, ou se há mesmo uma infiltração pelas paredes. O cheiro me lembra a mofo, algo podre e barata, não consigo visualizar muito do lugar, parece uma sala científica, mas existem espingardas penduradas na parede, um arco e flecha parecido com o de Hinata, uma capa ao lado, e... tem uma portinha. Eu não consigo ver mais, está doendo...

— Olha só quem acordou.

Ouvi a voz bem humorada dele. Meu corpo retraiu, o movimento me trouxe dor. Não consigo ver seu rosto por trás de uma máscara de plástico de cachorro, ele está usando luvas de borracha e um avental branco sujo de vermelho... eu quero sair daqui, eu preciso sair.

— O... q-que...

Não tenho voz para reclamar, não consigo dizer nada, a minha garganta dói. Apertei meus olhos quando ele se aproximou, me avaliando dos pés à cabeça. Eu sinto nojo da forma como sua risada sibilante soa, como a risada de um fumante, ou algo parecido. Meu braço esquerdo doeu muito, quando ele arrancou as agulhas sem mais nem menos, e eu não consigo gritar. A dor corre por meus pontos nervosos, até chegar ao lado da minha cabeça, apitando...

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