Capítulo XXIX

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Notas do autor: A música do capítulo é essa acima.

Avisos; Cenas +18!

Boa leitura.

...


Para ti, querida.

Existem caminhos amaldiçoados que foram postos em nossa frente para que o seguissem cegamente.

Existem tempestades que não vieram diretamente do céu, mas suas causas surgiram de algo mais a fundo, abaixo de nossos pés.

Demônios não nos oportuna, quando temos em nosso encalço a atenção de apenas um.

Demônios estão pela penumbra e sobem para a terra, dito como seu próprio inferno à parte, em busca de diversão, fazendo de nossos corpos um novo templo de procriação, cultuando a própria desgraça.

Apesar de inconvenientes, seu corpo torna-se um templo quando a famigerada permissão é alcançada através de um sim inocente. Não obstante, em anos não foi necessário ser mais explícito, quando em sua face um sorriso intenso se formava a cada palavra dirigida ou explicação dada. Estava ali para que eu pudesse ver por mim mesmo, que ao assinar a sangue em minha pele, de certo modo seria para sempre um templo onde seus pecados se fundiram ao que a minha existência significava.

Com pesar digo que o mesmo sabia de todos os eloquentes anos de espera a encontrar a chave a qual meu coração pertence. Com remorso lhe digo que se um dia esperei para que fosse tarde demais, é porque em meu peito já não existia qualquer razão para aguardar aquela salvação indigna do que de certa forma, não deveria ser meu, mas como um ladrão agi para que fosse.

Mas, não és de meu direito apontar significâncias do passado que não nos representam mais, e aqui lhe digo que irei quebrá-la como nunca antes, ao ressignificar minhas palavras e deixar claro que nada do que conto agora faz parte do real motivo de estar preso a serpente, tal qual você está presa a mim.

O início de tudo, por verdade afirmo que não foi do meu saber, mas da inteligência mundana de uma cobra sem escrúpulos que tudo o que fez foi para brincar conosco, em uma eterna caça onde por vezes me encontro perdido como um tolo insignificante que busca ganhar de um jogador mais habilitado e experiente do que eu.

Em meus anos eternos em plena agonia e repleta solidão, afirmo mais uma vez que nada dói mais do que ter sua existência ao meu lado e esquecer-me como agir de maneira natural apenas para que não a machuque.

Quiçá, estou errando quando tento lhe provar que posso por várias vezes afirmar que te amo em silêncio, e negar em mesma urgência todos os pecados que cometi, do qual não me arrependo nem mesmo por um segundo, porém sei que fere a virtude que tento manter em você, ainda que não a pertença mais, pois tratei de corroê-la outra vez. Não é certo apagar o que fiz, e nem mesmo fingir que o demônio a quem cito desde o início desta fajuta carta, não existe e está perto de alcançar você como nunca antes.

Ele chegará quando eu não estiver mais aqui para protegê-la, e quem sabe este seja o principal motivo da minha aceitação forçada em treiná-la para ser o que deseja: livre.

Contudo, palavras jogadas não servirão de explicação para você, querida, mas se acaso não tenha notado, estou me despedindo. Não busque razão maior do que o meu mais claro motivo para chegar a isto, não é algo de repente se por alguma circunstância, pense dessa maneira.

Desde que você forçou nossa aproximação mais uma vez, venho me atentando em todos os motivos para concluir que eu de fato a machuco, do mesmo modo que você fere a mim com a sua imaculada existência.

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