Não vou machucá-la.Ele está me encarando, atrás das árvores grandes e exageradamente assustadoras. Vejo seus olhos me seguindo, criando uma passagem para grudar na minha mente e não me soltar mais, eu vejo... só não sei do que exatamente eu estava correndo, eu não compreendo metade do cenário. Ao mesmo tempo em que se parece com muitos dos meus primeiros sonhos, esse tem um Q de reconhecimento, que me assusta e abala as estruturas do meu ser.
Eu estava correndo, fugindo de algo que queria me pegar. Ainda sinto meu coração espancar meu peito, e o som do crocitar dos corvos no meu estômago, batendo asas até que se tornasse um frio doloroso. Vi uma sombra, o que fez meu corpo entrar em alerta e simplesmente fugir, tentando escapar do desconhecido, estranhamente indo à procura de alguém, às pressas como se esse alguém fosse alguma espécie de salvação em meio ao sacrilégio, e me peguei indo à procura do calor de seus braços, até chegar no meio da floresta, e senti-lo olhando para mim.
Aquilo que me perseguia, parou de inundar meus sentidos com o medo, quase como se nunca tivesse corrido atrás de mim. Assustada e ansiosa, eu caminho em sua direção, e os olhos ônix penetram fundo a minha alma, sem me deixar em momento algum, como uma espécie de ligação que não compreendo, mas sigo tentando entender.
A dez passos de distância, meu corpo para, e não percebi que estava sorrindo, até que não estivesse mais. Ele nem ao menos se moveu, e sinto um medo estranho alastrar-se pela minha pele, ouriçando meu corpo completamente, me puxando para um limbo... eu não sei o que dizer ou fazer, e calculo meus passos para trás. O meu corpo pede para que não se aproxime, ao mesmo tempo em que clama um toque seu. Mas o senso de perigo está mais forte, mais intenso, e os passos ficam mais rápidos, perco o cálculo ao tentar fugir e rapidamente me viro, e saio correndo sem nem ao menos entender os motivos.
Todavia, o que pensei ser a minha escapatória como fuga de suas garras, tornou-se meu martírio, pois quando entrei em um casarão abandonado, tudo parecia diminuir seu tamanho, com a intenção de me sufocar. Procuro uma saída em volta, reviro tudo para achar, no entanto, quando vejo uma janela quebrada, meu corpo é arremessado longe, até que o sangue preenchesse a minha boca, ao chocar minhas costas contra um trono abandonado. Levantei meus olhos para reconhecer os dele, tão frios, como sempre foram, mas dessa vez havia algo pior, algo mais forte que fará ele acabar comigo sem pestanejar.
Ele se aproxima, sem expressões e o meu pânico assoma a incredulidade, quando suas mãos tocam meu rosto e com elas, ele aperta, me aperta. Me debato para escapar, o meu algoz, por sua vez, puxa meus cabelos para trás, obrigando-me a encarar seus olhos vermelhos. Sua face me causa tremores, pálida como o gelo vivo durante um rigoroso inverno, algumas veias saltadas de seus olhos, ressaltando o vermelho, os lábios da mesma cor, com presas afiadas e a vontade de me... matar.
Aquele homem, envolveu suas duas mãos em volta do meu pescoço, e com um sorriso de canto, ele me sufocou, regulando sua força para me torturar entre o lento e frouxo, ao apertado e violento. Tento alcançar algo para matá-lo, e sinto ele se alimentar do meu medo, aos poucos sugando o que restou de mim. Me sinto invadida, e a cada ínfimo movimento dos choques em minha perna, mais ele usa de sua força para me atacar, suas mãos frias por si só, já causam o desconforto, aquele medo do desconhecido, o pavor e o pânico somando ainda mais pela violência do seu ato, ele quer me matar...
Sua boca saliva, e quando penso estar prestes a desfalecer abaixo de si, ele me solta, e substitui suas mãos com a boca. A violência de sua mordida, faz um grito engasgado escapar da minha garganta, e aos poucos, tudo o que vejo é o intenso vermelho:
O meu sangue,
em seus lábios
sorridentes.
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É você?
RomanceEm busca de um novo cenário para mudar sua vida, Sakura sai do orfanato para mudar de cidade e se internar em um colégio na cidadezinha pacata de Konoha. O que ela não entendia, era que pelas suas costas, existia um mundo sobrenatural, repleto de s...