Epílogo

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Estou em chamas. Consegue me ver queimando?

Tudo o que me lembro remete a suor, muita dor e gritos. A sensação de estar afogando não se compara à sensação de estar sendo queimada viva. Foi assim que estive, internamente, morrendo por algo que ainda desconheço, mas me sinto próxima de descobrir.

Porém, também senti prazer, eu senti poder correr em minhas veias mais forte do que nunca e senti algo em mim se completar. Em meio aos meus sonhos tolos, o azul voltou a fazer parte do meu mundo divinal. Nele, eu estava em meu trono de direito, eu era coroada e as pessoas se ajoelharam ao meu redor.

Intocável, sim. E certa vez, pensei ter ouvido a pergunta: "como é ter a natureza em suas mãos?" Anjos e demônios caminham ao meu redor e o mundo dos mortos me persegue, estão agitados. Mas há luz em meu caminho como nunca antes, então eu não sinto medo. É um sentimento impossível de descrever, eu sinto que estou pronta para acordar, sair de dentro do meu caixão de pedras e descobrir o que tenho que o outro lado tanto precisa ver.

Chegou o momento, eu posso enfim acordar. Eu posso enfim entregar a minha confiança a voz que me orientou todo esse tempo. Posso finalmente ver o meu marido.

Marido...

Ele que pensou que eu não seria capaz de lidar com o que eu sou, nunca esteve tão errado. Talvez não tenha contado com os sacrifícios que fiz ou pensou que eu fosse frágil como nas outras vidas, nos nossos inúmeros encontros ao longo das vidas consecutivas que tive. Minhas últimas lembranças com ele podem não ser as melhores, mas eu acredito que ele tenha se controlado antes do fim.

Então... Bastou abrir os olhos que a energia que me domina correu por todo o salão de cristal, e o estalo dos espelhos preencheu meus ouvidos, quebrando tudo ao meu redor. Me apoiei no único objeto inquebrável do salão branco e imenso, e as flores ao redor do meu corpo queimaram, assim como o meu vestido escarlate.

Algo está errado, eu posso sentir. Vem de fora, mas a primeira pista está dentro, como o fato de eu estar sozinha, e não com ele ao meu lado. Ouço gritos, então me apresso para sair dessa casca, e não ligo para a dor que sinto em meus pés ao afundá-los nos cacos de vidro espalhados.

O salão é extenso, existem símbolos que me aprisionam e muitas rosas. Os símbolos estão riscados, as rosas morreram. O fogo consome a alma dessa gaiola, e algo externo quer entrar, mas não são boas energias, eu posso sentir.

As pegadas de sangue ficaram para fora, eu realmente não sinto dor. Pelo reflexo dos vidros quebrados, vejo sombras me seguindo, olhos amarelos por toda parte e uma joia em minha testa. Eu sei que tantas energias estão sendo atraídas pelo meu poder, mas o tempo me preocupa. Meus cabelos estão no meio das costas, significa que estou dormindo a tempo demais...

Parei em frente a porta e movi os dedos para que ela se abrisse. Eu deveria esperar que não seria tão fácil, pois na realidade, as portas explodiram me revelando o caos ao lado de fora com bruxas atirando seus poderes contra a minha família. Miriam e Kurenai são as primeiras a verter seus olhos em minha direção, furiosas por um motivo que eu não sei identificar.

Depois delas, Sasuke se atraiu a minha energia. Em suas mãos, o vejo segurando uma bruxa pelo pescoço, com a boca escorrendo sangue e olhos mais vermelhos que antes.

— Oh... não, não!

Tsunade me encara com horror em seus olhos, e então Sasuke solta a bruxa, refletindo o mesmo pavor que elas. Dei um passo em direção a eles, e os demais silenciaram os mesmos sons de espanto com suas mãos.

— Eu avisei! Eu avisei a vocês!

Mirai apontou o dedo para mim... Não, ela apontou para a minha barriga. Seus olhos queimam, estão me incendiando com o sentimento mais puro de ódio e medo. Baixei os olhos e compreendi a reação deles, não foi difícil identificar. A minha barriga não se parece com antes, está um pouco maior, mas eu ainda não compreendo a revolta. Eu não sinto nada por quase ninguém que me encara, mas sinto calor vindo daqui, sinto amor e sinto apego, e a única pessoa que vai me entender é o que mais parece atormentado.

É só uma criança. Um presente dos Deuses.

— É uma aberração que ela carrega no ventre! É o nosso fim, Uchiha Sasuke! Ou você mata a criatura dentro da sua mulher ou vamos queimar as duas!

Ah, Kurenai... Eu lamento não ser tão tolerante quanto antes. Lamento não sentir empatia por vocês. Lamento não sentir nada.

Caminhei até a vidraça quebrada e Sasuke encarou meus pés ensanguentados, baixando a cabeça e vindo até mim, como se erguê-la e sentir o cheiro do que fizemos fosse demais para ele. Aos meus pés o meu marido se ajoelhou, catatônico, desesperado em busca de respostas. Eu já estive assim, mas sei como as coisas podem se resolver entre nós. Ele pode estar assustado, pode ter dito que é impossível, mas a voz que me guia esteve sussurrando adoráveis visões de que nada é impossível para nós. Ele vai entender quando conversarmos, sei que vai.

Mas isso não as inclui, não quando a intenção é machucar a minha energia, o meu calor e o meu pequenino bebê.

— Se escolheu se jogar aos pés dela, então será nosso inimigo. Vocês não vão vencer contra todas as bruxas!

— Você vai descobrir o contrário e se frustrar, Kurenai — A natureza se agitou, meus pés saíram do chão. Eu tenho o controle — Quem será o primeiro a alimentar o meu filho com o seu sangue?

Que comece aqui a Guerra dos tolos.

Notas finais: A segunda temporada contará também o passado de Sasuke e como ele se tornou um vampiro (claro que também com a continuação disso aqui), por conta disso ela será mais dark e mais violenta. Nessa temporada a pegada deveria ser de mistério e romance, na segunda (terá o romance), mas terá aqueles dois completamentos. A primeira era pra ser toda da Sakura, dela conhecendo ele, com todos os mistérios até esse ponto.

Também na segunda, Itachi será introduzido! Será mais curta do que a primeira e na terceira pessoa para abranger as visões dos personagens de todos os lados. Vou escrever uma boa parte antes de postar e é isso!

Não se esqueçam de votar e até breve.

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