Capítulo XIV

1.6K 179 588
                                    





O verde se ressalta enquanto vago por uma clareira em plena luz do dia. As folhas estão pigmentadas, e ao longe, escuto o som de uma cachoeira. Meus cabelos quase tocam o chão, o vestido é estranho em meu corpo, quase me sinto dentro daquele livro, o que certamente não combina comigo.

Não compreendo nada, mas, continuo olhando todo o cenário que a minha cabeça é capaz de criar. As flores nas árvores parecem comuns, não existem corvos me assustando, nem sombras. Ainda é luz do dia, e o sol está esquentando a minha pele, diria que é o melhor sonho que já tive, pois nada veio me machucar até o momento.

Segui o som da cachoeira, em busca de algo mais belo para que eu possa apreciar. Não sei como vim parar aqui, mas prefiro esse lugar do que o ninho de dúvidas que a realidade me oferece. Percebo que estou descalça, quando uma pedra inconveniente afunda em minha pele e me faz reclamar com a dor. Apoiei-me no galho seco, e tirei todo esse cabelo da frente, tentando remover a pequena pedra, e ao fazê-lo algo encosta em mim e dessa vez tive meus movimentos para tentar me soltar e gritar.

— Ei, fique calma. Sou eu.

É ele... mas, ele quem? Tentei me virar ao sentir o toque quente de suas mãos, mas, essa pessoa permaneceu com as mãos em meus olhos, tampando a luz e se aproximando mais. Nossos corpos se colaram um ao outro, é estranho não me sentir desconfortável, o que me deixa ainda mais curiosa para descobrir.

— Onde estava? Eu estive a sua procura.

Me assusto ao notar que eu não controlo os meus lábios, e eles se movem sozinhos, ainda que meus pensamentos sejam meus... o resto não é.

— O povo da vila estava glorificando o seu nome, todos gostam da minha mulher.

Um arrepio subiu pela minha espinha. O tom de voz eu reconheço... mas há outra barreira forte demais me impedindo de descobrir, mesmo perto...

— Você sabe o porquê. Não fique enciumado, é só-

— Eu duvido que seja esse o motivo.

Motivos... eles não dizem mais nada que possa me ajudar a decifrar que diálogo é esse.

Comecei a andar, sem controle, suas mãos permanecem nos meus olhos, e a cada passo, o homem atrás de mim agarra minha cintura. Minha... não consigo me sentir eu mesma, não parece ser eu, e me sinto uma intrusa neste cenário, eles parecem muito íntimos.

A cachoeira da qual eu queria ver, foi-me apresentada quando ele tirou as mãos dos meus olhos, já está bem à minha frente. A água se choca contra pedras grandes, cristalina e bela, com quartzo rosa na beirada, e algumas dentro d'água. Sinto vontade de tocar, mas meu corpo seguiu por outro caminho, suas mãos tocaram as amarras do vestido azul, afrouxando o traje até que caísse no chão e sobrasse um fino vestido branco por baixo. Sinto os olhos do outro em meu corpo, desejosos, mesmo sem encará-lo. Ainda me sinto uma intrusa, mas não consigo me sentir desconfortável, e isso me assusta.

Tirei até a última peça, e os fios longos trataram de cobrir meus seios. Dou passos lentos até a água, na ponta dos pés até que toque a água quente, e suspiro ao afundar meu corpo lá dentro, até que esteja na altura da minha cintura. Atrás de mim, escuto outros passos, e sei que ele entrou, no segundo em que me abraçou por trás, despejando beijos pela minha nuca, fazendo-me gemer sem controle. Este corpo reconhece esses toques, e parece já ser íntimo a eles. Sem que eu pudesse controlar, me viro, de olhos fechados, e seus beijos vieram para minha boca.

Eu nunca... beijei assim, intenso como se isso não fosse um simples beijo, e sim algo diferente, que se resulta em outra coisa. Ele agarra as minhas nádegas, e aperta enquanto sua outra mão segura minha cintura. Tomo impulso para ficar com as duas pernas em volta de seu quadril, e suas duas mãos me seguraram pela cintura. O beijo esquenta todo o meu corpo, tirando o ar que já faltava antes que eu me desse conta, e sons reprimidos soltasse um tento quebrados pelas minhas cordas vocais. Não consigo sentir exatamente o que acontece... lá embaixo, mas é intenso de acordo com os movimentos... os sons cada vez mais altos... a água se movendo constante, como um vai e vem.

É você? Onde histórias criam vida. Descubra agora