É você?

Capítulo XXV.

Havia muita risada, e gosto de vinho em minha boca. Também havia muitas pessoas em volta de mim, fazendo coisas da qual eu não quero nem mencionar. Havia sorrisos, havia... prazer. Essa parte não me surpreende, eu inclusive a citei antes de ir, estaria mentindo se dissesse que não faria aquelas coisas em um estado de controle parcial e totalmente humano. Não me lembro de tudo e não sei dizer se essa é a melhor ou pior parte, mas me lembro de ter ouvido a minha própria voz, no entanto, as palavras não chegaram até mim. São recordações sem sons, algumas sem contexto para me confundir, outras com contextos demais, esses como...

Luxúria e submissão.

Me surpreende que a submissão não tenha vindo da minha parte, e sim dele. Não ouço palavras, nem lembro do que aconteceu após a partida das meninas, mas se há algo que jamais esqueceria seria; da imagem. Do ponto de vista. De Uchiha Sasuke, o vampiro taciturno, fechado e frio, se ajoelhando em minha frente. Eu não me lembro da sensação, mas poderia acrescentar aquela que veio ao ter isso em mente, e os corvos no estômago são essenciais para descrever, assim como o retumbar agressivo em meu coração.

Daria tudo para saber o que tanto falávamos, eu entregaria qualquer coisa para entender, como consegui fazer ele ceder por um momento... Eu venderia a minha alma para sentir seu toque outra vez, e consegui realmente ter uma sensação original e apropriada para o momento. Não sei se agradeço pela interrupção, ou se fico chateada por ter acabado, com a minha falta de noção e senso de espaço e tempo, talvez eu não tenha propriedade para assumir que quem sabe, aquela tenha sido a última vez que ele colocou as mãos... e a boca, em mim.

É difícil assimilar, também preciso colocar em mente, que tudo foi um sonho. Um sonho onde posso controlar o clima, um sonho onde conheço seus cachorros e eles me conhecem como um parente de longa data. Um sonho onde eu deixo Uchiha Sasuke à minha total mercê, e não o oposto disso. Um sonho onde me sinto vigorosa. Mas quem sabe, tudo não tenha passado de um pesadelo, pois em um instante existia festa, luxúria e sentimento de tensão forte entre nós dois, e em outro, sinto o gosto de terra na boca, e desfaleço em seus braços.

Simples assim.

Dois dias estranhos, quem sabe tudo não tenha passado de um sonho em que eu acordo na mansão velha, com seus olhos frios me fitando com atenção, da sua voz soprar rouca em meu ouvido. O arrepio insistente me invadiria se essa fosse a realidade, eu vejo a escuridão intensa que reflete todo o quarto, mas não um breu sem que eu posso enxergar, uma escuridão diferente, assim como a imagem dele refere a minha alma.

Misterioso, não consigo decifrar quando ele não deixa, e ter aquela realidade ou sonho, foi o ponto alto de todos os meus dias desde que o conheci pessoalmente. Eu sinto ânsia de tudo que o envolve, ânsia de conhecê-lo melhor, de tê-lo mais próximo, de... ser o ponto focal de todos os seus olhares. Ser aquela a quem ele sussurra e ajoelha, mas talvez eu esteja pedindo demais, e nesse caso, só me resta acordar.

Abri meus olhos e a primeira sensação que me invade, é a de que estou longe do chão, mas ela pouco importa quando a segunda, é a certeza de que ele está do meu lado. Sei disso quando todo o meu corpo se arrepia, quase beliscando a minha pele. Todavia, a terceira possuiu mais intensidade, pois o enjoo veio no mesmo instante em que me dei conta, ao olhar para janela, de que estou em um avião. Me inclinei para frente, com o bile insistente na boca, com certeza vou vomitar...

— Shh, venha cá.

Senti a consistência de couro nas minhas costas e no braço direito, me puxando de encontro a algo duro e gelado. Suas mãos subiram para minha cabeça, me fazendo esconder meu rosto na curvatura de seu pescoço, isso... é vagamente estranho, mas confortante de certa forma.