Olivia Jones - Horas antes de tudo acontecer.
O barulho da campainha invadiu meus ouvidos fazendo meus pés agirem o mais rápido possível, apressando-me em descer as escadas em dois em dois degraus até chegar a porta onde a abri encontrando-o.
Ele estava com os braços abertos oferecendo um daqueles sorrisos maravilhosos que só ele possuía. Pulei agarrando-o rodeando seu pescoço com minhas mãos e com minhas pernas rodei sua cintura.
- Oi, minha ruivinha - disse fazendo-me revirar os olhos.
- Sabe que não gosto quando me chama assim.
Peter riu e sem delongas mexeu-se entrando dentro de casa caminhando até a sala onde eu já havia deixado o filme pronto para dar o play.
Sentou-se comigo ainda no colo, parecendo um bicho preguiça. Encostei minha cabeça no seu ombro respirando fundo, antes de dizer:
- Tem mesmo que ir? - perguntei, sabendo a resposta.
- Sabe que sim.
Gentilmente, Peter levantou meu queixo fazendo-me olhar para seus olhos. Os olhos que eu sou totalmente apaixonada.
- Logo logo, você estará comigo. Sabe que foi uma honra ser chamado para ajudar no acolhimento sendo calouros, não sabe?
- Sei, tenho orgulho de você por isso. É porque é um mês longe você. E nunca ficamos tanto tempo longe assim um do outro.
- Eu sei - suspirou passando os dedos por meus cabelos - Por isso, tenho uma surpresa.
Franzi o cenho e me sentei ao seu lado no estofado para ajudá-lo a pegar o que quer que seja do bolso de sua jaqueta de couro.
Meus olhos se arregalaram quando visualizei a caixinha vermelha de veludo. Voltei meus olhos para Peter que sorriu ao abrir a caixinha.- Olha pra ela, minha ruiva - pediu e eu assenti fazendo o que ele pediu.
- Uma chave? - levantei uma sombrancelha mas, com um sorriso brincando nos meus lábios.
- Daqui um mês, você também irá para Califórnia. Estava pensando, que invés de cada um ficar em dormitórios diferentes nós poderíamos morar juntos...
Fiquei paralisada, uau!
Morar juntos... Um grande passo, um enorme passo. Um passo que eu estava mais que disposta a dar.
- Amor? Se você não quiser, eu super entendo. Talvez eu tenha agido muito rápido e...
Coloquei meu dedo sobre os seus lábios impedindo-o de falar. Abri um sorriso de orelha a orelha antes de tirar meu dedo de sua boca apenas para substitui-lo com a minha.
O beijo não demorou muito pois eu não conseguia tirar o sorriso dos meus lábios.
Abracei Peter o mais apertado que pude voltando para seu colo.
- Está falando sério?
Meu namorado segurou meu rosto com as duas mãos em forma de conchinha enquanto sorria.
- Estou falando muito sério. Acho que nunca falei tão sério em toda a minha vida - e realmente, sua expressão estava muito séria.
- É claro que eu quero morar com você.
- Então, essa é a chave do nosso apertamento. É na rua de trás da faculdade, o nome do condomínio é Estrelas do Sul e nosso andar é o doze.
Acho que nunca sorri tanto. Um sentimento de realização, de conquista. Eu estava vivendo meu conto de fadas, o mais belo conto de fadas. Por que, depois de tanto sofrimento eu finalmente havia encontrado minha felicidade e meu porto seguro e faria de tudo para manter-lo ali, bem próximo de mim.
Depois de alguns longos minutos comemorando nossa nova fase de nossa vida, colocamos nosso filme favorito Yesterday que, na verdade só amamos por conta da trilha sonora, que foi responsabilidade dos The Beatles.
Peter estava deitado parcialmente sobre mim enquanto meus dedos se perdiam em seus fios castanhos quando começou a cantar Something baixinho, o que me fez sorrir.
Era nossa música.
- Algo no modo como ela anda
Atrai-me como nenhuma outra mulher
Algo no modo como ela me seduzEu não quero deixá-la agora
Você sabe o quanto eu acreditoEm seu sorriso, ela sabe
Que não preciso de nenhuma outra mulher
Algo em seu estilo que me mostraEu não quero deixá-la agora
Você sabe o quanto eu acreditoVocê me pergunta (se) meu amor crescerá
Eu não sei, eu não sei
Preste atenção e você verá
Eu não sei, eu não seiAlgo no modo como ela entende
E tudo o que tenho a fazer é pensar nela
Algo no que ela me mostraEu não quero deixá-la agora
Você sabe o quanto eu acreditoNo final, eu também me juntei na cantoria fazendo a lembrança do pedido namoro surgir em minha mente. Tocava essa música no fundo, enquanto dançávamos no baile do colégio. Lembro-me que naquela noite, eu não soltei ele por nada e hoje não irá ser diferente. Terei que aceitar o pouco tempo que nos resta até ele partir para Califórnia.
E quando eu menos esperei, já estávamos do lado de fora. Nos despedimos.
- Por que não vai de carro? - perguntei ao ver a moto estacionada na frente de carro.
- Não precisa se preocupar, vou ir com calma - garantiu, me puxando para um abraço apertado.
Agarrei sua cintura e encostei minha cabeça em seu peito suspirando pesadamente, sentindo seu afago em meu cabelo.
- Só um mês - disse, mas para si do que para mim.
- Trinta dias - resmunguei fazendo-o rir.
Me afastei, ajeitando sua jaqueta buscando uma oportunidade para toca-lo. Percebendo isso, Peter me puxou para nosso beijo. Foi lento, apreciando casa segundo como se aquele fosse o beijo mais doloroso que já demos. Talvez fosse mesmo.
- Não me esqueça - brinquei, ao me distânciar.
- Eu nunca te esqueceria. Prometo.
Ele subiu na moto, lançando uma piscadinha antes de colocar o capacete e dar partida. O acompanhei com o olhar até ele sumir de minha vista.
Só um mês.
Mal sabia eu o que estava por vir.
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Até você se lembrar. {Completa}
Romance"Quem é você?" Foram as três palavras que saíram da boca dele. As três palavras que ela não esperava ouvir depois de dois meses. Eles estavam prontos para iniciarem uma nova fase. Um novo passo em suas vidas. Um novo parágrafo na história de amor qu...