Peter Collins
Já havia se passava quase dez dias que eu tinha recebido alta e a cada dia que passava mais perdido me sentia. Era como se eu fosse um peixe fora d'água, perdido em um tempo que parecia não me pertencer. Era ridículo a forma que eu fazia força para me lembrar desses últimos e longos meses.
De nada adiantou as fotos, vídeos, filmes e músicas. Era como se piorasse. Cheguei a pensar que, estava vivendo em uma simulação ou até que estivesse ainda em coma mas acho que seria meio impossível. Eu acho.
Virei o porta-retrato de cabeça para baixo, minha cabeça explodiria se eu visse mais uma foto minha sorrindo, abraçando e beijando uma pessoa que eu conhecia, não amava e que não existia para mim por mais que eu gostasse muito de Olivia eu não nutria nenhum tipo de sentimento por ela e me doía vê-la me olhar daquele jeito carinhoso e saber que eu não podia retribuir.
Sai do meu quarto e desci as escadas indo para a cozinha onde parei travando meus pés no chão ao ver quem estava lá conversando e sorrindo com minha mãe.
— Mark? — os olhos negros me encararam.
Mark, era mais alto que eu com cabelos pretos como os olhos, a pele sempre bronzeada me fazia pensar que o mesmo fazia bronzeamento artificial e incrível como estava com um tênis preto nos pés.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, ríspido.
— Peter! — minha mãe chamou minha atenção mas, não me importei. O olhar de meu (ex) amigo murchou.
— Fiquei sabendo de tudo o que aconteceu. Sinto muito — balancei a cabeça, assentindo.
Percebendo o clima tenso que tinha se formado, minha mãe se levantou indo para o jardim que ficava nos fundo da casa passando pela porta francesa.
Continuava no mesmo lugar, com os braços cruzados amando o fato de meus músculos ficarem bem evidentes. Encarei Mark que também estava grande, parecia um geladeira e percebendo aquilo descruzei meus braços obtendo uma postura amigável.
Aproximei-me da geladeira pegando água e ofereci para ele que negou. Me sentei na outra ponta da ilha de centro já que ele se encontrava do outro lado.
— Fiquei sabendo sobre sua... memória — tentei esconder a feição de irritação — Sua mãe deixou escapar.
Não respondi, o que eu responderia? Falaria que não lembrava de sua traição e daria o braço a torcer?
— Desculpa — levantei meu olhar para ele que encarava suas mãos — Não se lembra mas, se não lembrar eu quero te contar.
Remexi-me na cadeira, semi fechando os olhos nele ansioso pelo o que estava por vir. Esperei, por minutos até ele tomar coragem e finalmente dizer:
— Na metade do segundo ano do ensino medio... Fiz algo que acabou com a confiança que tinha em mim. Eu tinha inveja de tudo que tinha, a liderança do time, a inteligencia e uma namorada. Consegui a ultima coisa. Sua namorada — tranquei os dentes.
— Belo amigo você — sussurrei.
— Mas você agora está com Olívia, pena que não se lembra — fechei minhas mãos em punhos colocando-as em frente ao balcão — Relaxa, Peter.
— Relaxa? Eu tenho que passar pela traição duas vezes. A mesma situação, tem noção disso? Duas vezes? — sorri, sem humor algum — E agora você vem aqui na minha casa esfregar na minha cara que eu não lembro da minha atual?
— Não sei o que está passando, imagino que seja difícil — ele se levantou — Eu só queria te ajudar. Como eu te ajuda antes. Está sozinho, Peter e estou te oferendo minha companhia.
Mark começou a andar em direção a sala de estar onde ficava a porta. Ele era meu melhor amigo, pelo menos era o que eu me lembrava. Eu sou um Idiota.Me levantei e fui atrás dele que sorriu ao me ver.
— Está bem! Diga o que você acha que pode a me ajudar a lembrar.
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Lá estava eu, em frente a porta de Oliv — o apelido que eu dei a ela — mais uma vez. Eu praticamente estava morando aqui, era engraçado a forma como eu me sentia a vontade ali, segundo minha mãe, eu passava maior parte do meu tempo ali jundo com ela, como um chiclete que gruda no cabelo de alguma menina.
Pensei em voltar, talvez fosse uma má ideia, talvez ela se sentisse desconfortável porque até eu estava um pouco, apesar de não achar um odeio tão ruim assim.
Estava decidido, eu ia embora. Virei as costas descendo os degraus mas parei ao ouvir sua voz me chamando.
Fiz uma careta, virando-me devagar como um gato assustado.— Oi! — sorri.
— Oi! O que está fazendo? — perguntou passando por mim indo até o jornal que estava jogado no chão.
Dane-se.
— Vim te fazer um proposta ou melhor, uma pergunta — ela me olhou, ficando frente a frente comigo com os olhos brilhando de curiosidade.
— Ah — suspirou — O quê?
Desviei meu olhar para cima por dois segundos antes de voltar olhando-as nos olhos verdes, hipnotizantes. Havia algumas sardinhas abaixo de seus olhos e espalhadas pelo seu nariz e bochecha. Logo abaixo estava a boca, rosada e parecia ser tão macia.
Voltei a olha-la nos olhos soltando os músculos do ombro.
— Posso te beijar? — Olivia arregalou os olhos, surpresa e confesso que até eu estava. Ela abriu a boca diversas vezes mas nenhuma palavra saia — Desculpa, eu não devia ter feito isso. Só achei que fosse funcionar, como nos filmes.
Um sorriso curvou-se em seus lábios piscando várias vezes como se entendesse claramente o que eu estivesse falando.
— Está bem, pode funcionar — havia impolgação na sua voz.
Sorri dando um passo pra frente quase colocando nossos corpos. Levei uma mão até seu rosto e respondendo ao meu toque, Oliv fechou os olhos apreciando o meu toque. Colocou sua mão sobre a minha abrindo os olhos, sorrindo.
Inclinei-me, podendo sentir seu hálito no meu rosto. Com a outra mão, segurei sua cintura antes de encontrar seus lábios com os meus. Olivia suspirou com o simples contato, saiu como um resmungo de saudade que mexeu em minhas entranhas.
Aprofundei o beijo, sentindo sua língua e seu gosto enquanto seus dedos se perderam nos cabelos da minha nuca. Apertei-a mais contra mim, querendo mais e mais.
Volte para mim.
Me afastei devagar ao ouvir quase um sussurro em minha mente, distante. Franzi o cenho, piscando um par de vezes. Respirando fundo olhei a garota que ainda estava em meus braços.
— Lembrou? Como nos filmes?
— Não — ela bufou — Mas não me importo de tentar outras vezes.
Um risada gostosa saiu se sua garganta, acabei sorrindo com ela. Talvez eu pudesse me apaixonar... Caso eu não me lembrasse.
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Até você se lembrar. {Completa}
Dragoste"Quem é você?" Foram as três palavras que saíram da boca dele. As três palavras que ela não esperava ouvir depois de dois meses. Eles estavam prontos para iniciarem uma nova fase. Um novo passo em suas vidas. Um novo parágrafo na história de amor qu...