CAPÍTULO 16

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Olivia Jones

Dei pulinhos de alegria antes de abraçar com força Daniela que se juntou aos meus pulos. Motivos da alegria? Eu iria ser madrinha, sempre foi meu sonho desde de pequena e agora minha melhor amiga preste a se casar eu iria finalmente realizar esse desejo.

Olhei os mimos que ela mesma havia feito, alguns bombos e a paleta de cores que deveríamos usar.

— Eu não queria ter demorado tanto para te chamar mas, só queria ter certeza a cor que combinaria com seu cabelo e ao mesmo tempo com os olhos de Peter — apontou para o homem que estava no sofá com os pensamentos longe, não estranhei, ele estava a semana toda assim — Não ficou animado, Peter? Se quiser, eu troco o par de Olivia de não quiser participar — Dani disse fazendo-o olhar para nós duas.

— Claro que quero. Obrigada pelo convite, tenho certeza que o lavanda combinará com nós dois — sorri para ele mas não fui retribuída.

Me virei para Dani transformando meus lábios em uma linha reta. Ela sorriu sem graça.

— Bem, eu tinha te falado que a festa seria na cidade de Aline mas ganhamos um sorteio de um salão em Califórnia, daqui um mês e duas semanas — arregalei os olhos — Eu sei, eu sei. O tempo é próximo demais mas não queremos nada demais, e a mãe da minha noiva tem um ateliê; os vestidos ficarão fácil de arrumar e aí só ficará o buffet, a decoração, a maquiagem, os fotógrafos... Aí, é muita coisa.

Ela desabou na poltrona. Peguei sua mão agaichando-me na sua frente.

— Vai dar certo, vou te ajudar. Sabe disso — sorri — Afinal, essa é a função de madrinha não é?

Daniela fez um biquinho me chamando para um abraço que aceitei de bom grado.

— Te amo, cabelo de fogo — gargalhei.

— Também te amo.

Virei minha cabeça para Peter que pela primeira vez no dia sorriu. O chamei com a mão mas ele negou, insisti. Revirando os olhos jogou a almofada para o lado e caminhou até nós duas que abrimos os braços.

Peter se juntou a gente colocando um braço nas costas de Dani e o outro na minha cintura. Olhei nos seus olhos sorrindo e de alguma forma eu senti que meu namorado estava aos poucos voltando para mim.

Depois que minha amiga e Peter foram embora eu também saí, disposta a dar uma volta já que fazia muito tempo que eu não tinha aquele tempo para mim.

Desde o acidente eu não tinha parado para pensar no que estava acontecendo em minha vida, quase perdi meu namorado, pensei que estava grávida, minha vaga na faculdade estava por um fio, iria ser madrinha da minha melhor amiga. E não tinha se passado nem quatro meses.

Apesar de ter Peter comigo eu não estava bem, passava os dias imaginando como seria se nada tivesse acontecido e de quebra deixava algumas lágrimas caírem.

Me sentei em um banquinho da praça que ficava a um quarteirão de distância. Havia algumas crianças brincando o que me fez sorrir, me lembrando da minha própria infância no internato onde passei toda a minha vida.

De longe, vi uma garota com os cabelos ruivos sentada e sozinha o que me fez me ver espelhada nela nos dias dos pais que todos os alunos levavam seus pais e eu era a única que não tinha ninguém para levar. E também nos finais de semana, antes de Dani entrar, eu também era a única criança que ficava lá. A única que não voltava para a casa no final da tarde da sexta-feira.

A garotinha me olhou e quase no automático levou as mãos até o cabelo me olhando encantada. Sorri para a mesma antes de dar um oi para ela, acenando com a mão, a menina me retribuiu sorrindo mostrando as covinhas mais fofas do mundo. Apertei o banco me segurando para me manter firme, ultimamente tudo servia de gatilho para a tristeza se espalhar e me fazer querer me desabar.

De repente, ela se levantou correndo até um homem que estava no banco segurando a barra de sua camisa e apontando para mim. O homem sorriu para ela concordando com qualquer coisa que ela dissera e a pegou no colo levando-a dali.

— Olivia! — olhei para o lado vendo Mark vindo em minha direção.

— Mark! — disse, sem entusiasmo.

— Como está? Espairecendo a mente?

— Estou bem, Mark.

— Sério? Não imaginei que superaria tão rápido — franzi o cenho me virando para ele.

— Superaria? Como assim?

— Ué, dá conversa com Peter. Uma revelação daquela merece uma tarde colocando os pensamentos em ordem — disse, olhando para as crianças.

— Ah! A conversa...— fingi, entrando no seu jogo — Foi tão..

Mark estava com melancólico, com expressão chateado, diria até triste com algo. Dava para sentir que algo o incomodava.

— Triste? Decepcionante? Olha, se quiser um ombro amigo eu estarei aqui — meu coração se apertou dentro do peito, engolindo seco quando ele sorriu sem humor nenhum — Ser traída não é fácil mas, a gente supera. Digo por experiência própria.

— Traída — disse em um sopro apertando ainda mais o banco.

— Não culpe-o. Não agora, tecnicamente ele não se lembra e não fez ainda. Espare ele se lembrar para então o culpar por ter tido uma recaída com a ex — assenti, sentindo a dor me queimar. Clara.

— Ele não se lembra, claro.

— E o que vai fazer? — dei de ombros — Olha, ele é meu amigo, está confuso ele descobriu isso a uns dias e com certeza não deve estar feliz consigo mesmo. Pense bem. Não que traição tenha perdão mas, meio que ele ainda não fez. Não o pressione.

— Eu sei, por isso estou aqui. Para pensar.

Mark concordou saindo quando seu celular tocou indicando que alguém o ligava. Quando ele já estava em uma distância segura permite a dor me consumir por completo.

Eu não sabia da verdade mas, só pelo fato da hipótese de ser e ainda ter descoberto pela boca de outra pessoa era... Terrível. Limpei minhas lágrimas respirando fundo, se fosse verdade ele me contaria, não é?

Vi uma flor ser colocada do meu lado.

Ergui meu olhar vendo a garota ruiva me olhar com pena e ao seu lado o homem.

Olhei para ela franzindo o cenho, ela se escondeu atrás da perna dele que riu acariciando os fios vermelhos.

— Minha filha Cecília gosta de dar uma flor a toda ruiva que vê por causa de sua mãe, que ama essa espécie. É algo que ela faz para lembrar de minha esposa que está em coma a alguns meses — mais uma lágrima desceu — Espero que não se incomode.

Limpei meu rosto balançando a cabeça.

— Eu amei — sorri — Obrigada!

Finalmente, Cecília veio até mim e me abraçou com os bracinhos gordinhos.

— Não chore, o mundo é bonito demais para não sorrir — assenti e ela se afastou junto com seu pai.

Olhei para a flor, reconhecendo-a sendo uma lírio do vale. A flor preferida dele.

Até você se lembrar. {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora