Olivia Jones
— Para de rir, Peter — falei, colocando a almofada sobre meu colo.
— Você está usando um pijama da Peppa, é impossível não rir — revirei os olhos com um sorriso bobo brincando em meus lábios.
Peter se ajeitou no sofá ficando alguns segundos olhando para o nada como se estivesse buscando palavras para o que iria dizer.
— Os exames saíram? — perguntou-me e neguei.
— Amanhã de manhã tenho que ir lá buscar — dei de ombros — Provavelmente uma anemia ou coisa do tipo.
Enfiei um salgadinho que ele havia trazido.
— Você não se cuidou muito durante esses meses, não é? — com vergonha, disse que não o que fez o cara ao meu lado suspirar — Tem certeza que é só anemia?
Olhei para ele franzindo o cenho. E quando entendi o que ele queira dizer senti a dúvida bater em mim fazendo-me piscar um par de vezes. A minha reação pareceu assustar Peter que respirou fundo encostando de vez as costas no estofado do sofá passando a mão na testa.
— É só anemia, Peter. Não estou grávida — garanti — Nos cuidavamos é quase impossível estar nessa situação.
— Quase? — eu diria que ele estava quase entrando em colapso — Se estiver grávida...
— Eu não estou grávida, Peter — falei, novamente com muita convicção.
— Mas se estiver significa que vou ter um filho e não vou me lembrar da mãe dele? — aquilo me atingiu em cheio porque, se aquela fosse mesmo minha realidade iria doer duplamente mais. Eu não podia estar grávida. Seria doloroso demais.
— Para, eu não estou grávida. Por favor, eu só não estava me alimentando direito porque estava ocupada.
O assunto se encerrou ali já que Peter se levantou telefonando para alguém, que mais tarde descubri ser a farmácia já que depois de alguns minutos a campainha tocou e o homem ao meu lado foi até a porta atendendo-a e voltando entregando-me uma sacolinha.
— Só... Para termos certeza — sussurrou com um tom sofrido — Mas se não quiser fazer, tudo bem.
Peguei a sacolinha me levantando indo até o lavabo que ficava no andar que estávamos. Fiz o xixi no potinho e virei para a parede esperando os minutos necessários.
Eu queira ser mãe, era meu sonho mas não agora. Lógico que se eu estivesse, iria amar o ser que crescia dentro de mim mas se pudesse escolher preferia não estar. Eu e Peter nunca tentamos, nem tínhamos conversado direito sobre construir uma família. No entanto, havíamos concordado que talvez poderíamos tentar depois da faculdade.
E agora lá estava eu, chorando esperando um resultado de teste de gravidez sozinha no banheiro. Não era assim que pensei que seria meu primeiro teste.
— Olivia — chamou-me do outro lado da porta — Posso entrar?
Destranquei a porta e me sentei na tampa do vaso com o olhar perdido. Vi quando ele virou o Teste pegando-o na mão e depois a caixinha provavelmente para saber o que significava os traços. Ele ficou em silêncio, o que fez meu sentir meu peito gelar mesmo que eu não tivesse visto sua reação. O desespero, era uma sensação que ultimamente eu estava sentindo muito.
Escondi meu rosto entre as mãos, respirando fundo angustiada com seu silêncio, sofrendo antecipadamente.
Senti seus braços me rodarem de forma constrangida mas o que fez meu corpo reagir e reconhecer o seu toque permitindo as lágrimas sairam mais forte. Agarrei sua camisa ouvindo sua voz sussurrando "calma" repetidas vezes. Peter segurou meu rosto fazendo-me ver seu rosto que estava com os olhos fechados e uma feição serena.
— Desculpa por te pressionar assim. Não devia ter feito isso. Não está grávida, Olivia — fechei meus olhos com força, por mais que eu não quisesse ter um filho saber que não estava grávida fazia-me sentir uma pintada aguda no peito — Eu só estava com medo. Acabei de acordar de um coma de dois meses com uma vida totalmente diferente e com a possível possibilidade de ser pai. Eu não podia ter feito isso.
De novo me encontrei sendo cercada por seu abraço.
— Juro que quando me lembrar de você e vou fazer de tudo para isso acontecer. A primeira coisa que vou fazer é colocar um filho dentro de você — soltei uma risada abafada — E se eu não me lembrar... Bem, podemos começar do zero.
Peter Collins devia parar de fazer promessas assim.
Ele se abaixou um pouco apoiando os braços em meus joelhos, olhando-me nos olhos.
— Começar do zero?
— Me faça apaixonar por você — disse se levantando e esticando a mão para mim — Será que podemos ver mais fotos?
Assenti com um sorriso. Talvez eu pudesse ter meu namorado de volta um dia.
Fomos para a sala novamente sentando lado a lado vendo fotos de nosso passado e de nossa história. Fotos que pudessem despertar o lado de Peter que me amava e que queria ir morar comigo em Califórnia. Ele sorria a cada foto, nada mais. Nem mesmo uma memória relâmpago ou sei lá. Precisava seguir firme.
Só não sabia onde iria encontrar forças.
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Até você se lembrar. {Completa}
Romans"Quem é você?" Foram as três palavras que saíram da boca dele. As três palavras que ela não esperava ouvir depois de dois meses. Eles estavam prontos para iniciarem uma nova fase. Um novo passo em suas vidas. Um novo parágrafo na história de amor qu...