CAPÍTULO 17

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Olivia Jones

— Não está gostando do filme? — me virei para Peter sacudindo a cabeça.

— Estou. Ele é... Bem legal — virei para o notebook respirando fundo.

Me manti em silêncio. Já havia se passado dois dias e nesses dois dias ele sempre vinha para casa, passava o dia todo aqui e mesmo assim não havia me dito nada; nem uma indireta ou suposição de que sabia de alguma coisa. Ou Mark estava errada mas algo na voz dele me dizia que não, ele realmente parecia sentindo.

Me encolhi dentro do meu moletom, olhei para a tela a minha frente vendo o rosto do grande Will Smith no entanto não senti a mínima vontade de prestar atenção na história que provavelmente teria um final feliz ou uma vitória.

Desviei meu olhar indo para a janela, estava chovendo, um clima agradável para ficar para baixo.

— O que está acontecendo? — Peter perguntou fechando o aparelho de súbito.

— Só não estou afim de ver filme — admite.

— Mas você ama filmes — revirei os olhos.

— Mas eu não quero ver — me levantei da cama percebendo que eu havia levantado a voz.

Passei a mão pelo meu cabelo vendo a expressão de Peter, como se estivesse assustado. Com medo. Era até engraçado ver um cara duas vezes maior que eu com medo até de fazer um movimento brusco.

— Desculpa — suspirei — Acho que estou de tpm.

Caminhei até o closet deixando a porta aberta, me inclinei pegando a caixinha que eu escondia alguns doces.

— Você esconde doces? — assenti ouvindo sua risada.

Meu olhos recaíram na caixa de papelão que eu havia colocado todas as fotos, fitas de filmes e presentes de meses atrás. Em um momento totalmente nostálgico estiquei minha mão pegando-a.

Deixei o doce de lado e abri as abas da caixa sorrindo tristemente ao ver todas aquelas fotos que provavelmente não passaram de mentiras.

Nossa! Doeu pensar nisso, pensar que um ano e meio da minha pode ter sido apenas uma ilusão, uma mentira.

Mesmo assim, remexi as coisas sabendo que Peter se aproximava de mim devagar.

No fundo da caixa estava ela. A caixinha vermelha aveludada com a chave de nosso apartamento. Meu coração se apertou, duvidei até que tinha parado de bater por alguns segundos. Lembro-me de cada detalhe daquele dia, de todos os beijos, declarações, lágrimas de alegria, conversas e das risadas. Achei que aquele seria o melhor dia da minha vida.

— O que é isso? — Peter chegou por trás, colocando o queixo em meu ombro com a mão no meu quadril.

Abri-a revelando a chave.

— Foi a chave que me deu. O apartamento que íamos dividir, eu já te falado sobre isso — fechei a caixinha pronta para colocá-la onde ela estava a mão dele se fechou na minha, mantendo a caixa entre elas.

Fechei meus olhos.

— Você sente minha falta, não é? Não minha, a do seu namorado — neguei — Para de mentir para si mesma, Oliv.

— É que um pouco difícil fingir que não conhece alguém quanto na verdade você a conhece, ou pelo menos acha que conhece — abri meus olhos — É difícil fingir que acabei de te conhecer para fingir começar um relacionamento sendo que na verdade o relacionamento já existe há um ano e meio.

— Eu te entendo.

Me virei para ele.

— Não, Peter, você não entende — balancei minha cabeça — Não entende porque não se lembra e é como se tivesse vivendo pela primeira vez. Não sabe o quão ruim é fingir surpresa quando você diz o filme favorito ou a comida que mais gosta. Eu estou tentando, Peter mas...

Peguei a caixinha e a guardei junto com as outras coisas.

— Estou sendo sincera com você a todo momento e preciso que seja comigo porque, as vezes eu penso  que você só está aqui comigo por pena — Peter me olhou por alguns segundos como se tivesse sido baleado mas, logo em seguida segurou meu rosto se aproximando.

— Não estou aqui por pena de você e  estou sendo sincero — se aproximou roçando seus lábios nos meus — No começo, pensei simplesmente fugir mas não foi difícil me apaixonar por voce

Seus olhos estavam fechados e parecia que eu tinha voado para quando eu ouvi sua primeira declaração. Esqueci de toda dúvida que eu tinha sobre a traição, deixei-me aproveitar aquele momento e torcer para que fosse verdade. Apertei sua camisa fazendo ele acabar com a distância que nos separava.

Nos beijamos. E pela primeira vez eu não senti que estava beijando um completo estranho, era meu Peter. Envolvi meus braços em seus ombros antes de me afastar ainda com os olhos fechados sentindo o carinho deixado no meu rosto.

— Por que está comigo, Olivia? Vale a pena passar por tudo isso só pra me ouvir dizer "eu te amo"— encarei-o.

— Eu te amo e te amarei até voce se lembrar, Peter — ele segurou minhas mãos com os olhos atras de mim e eu sabia que estava olhando para a caixa de papelão.

— Se eu tivesse morrido...no acidente — engoliu seco e meu corçao se apertou só de pensar nas hipotese — Voce seguiria a vida, não é? Iria para a faculdade e arrumaria outra pessoa?

— Voce não morreu, Peter. Está aqui.

— É, estou aqui.

Sorri levnado sua mão até minha boca deixando um beijo ali.

 — Está tarde, acho que devemos dormir.

Ele assentiu agarrando minha mão e indo até a cama deitando-se comigo. Me aconcheguei em seu corpo quente torcendo para que a história de Mark não passasse de um mal entendido. Por mais que eu sentisse que minha historia de amor estivesse no fim.

Até você se lembrar. {Completa}Onde histórias criam vida. Descubra agora