Capítulo 16

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Um start ecoou em minha cabeça e eu me lembrei de algo que havia esquecido.

Meu Deus... George. Tirei o braço dele dos meus olhos.

- Rápido! Anote isso! Cadê o pincel!- Tentei pegar dele o pincel, mas Thomas olhava fixamente para algum ponto e parecia um pouco horrorizado. Ouvi um arfar e um grito abafado. E ia me virar quando ele me abraçou impedindo-me de olhar.

Vamos. - Disse me puxando e segurando meu rosto. Tudo o que conseguia ouvir era sussurros e uma sensação estranha rodeava minha mente. - Está é uma memória muito longa. - Ele resmungou. - Droga.

- Eu lembrei de algo, Thomas. - Falei tentando melhorar o clima.

- É mesmo? Que memória?

- George.Eu tenho um amigo chamado George.- Disse.- E eu gosto muito dele.

- É seu namorado?

Sorri. Era estranho.

- Não... Ele não gosta de mim desta forma.

- O que mais lembra?- Ele andava bem rápido e eu me esforçava para acompanhá-lo.

''Socorro!''- Era a voz de uma mulher.

Ia me virar, mas Thomas segurou meu ombro.

- Ela não está falando com você. - Disse.

'' Socorro! Por favor!''

Cerrei a mão. Como eu poderia ignorar um pedido desses.

'' Por favor! Alguém!''

-Thomas.. - Me afastei dele. - Eu preciso...

Ele me olhou aparentemente preocupado. Então suspirou. Olhei para trás e travei. Uma mulher vinha em nossa direção e um homem vinha a seguindo. Ele falava palavras rudes. Fiz uma careta. Que espécie de memória mais macabra era esta?

A mulher estava repleta de sangue e segurava o abdômen tentando conter o ferimento.

-Por favor alguém me ajude! - Disse por fim Fechando os olhos. Respirei fundo e fui em sua direção.

-Você precisa fazer algo que quebre o ciclo. - Thomas olhou em volta...- Parece possível...

Passei por ela e andei em direção ao homem de sua memória. E gritei. Thomas encolheu os ombros no susto. Gritei o mais alto que pude. A mulher arregalou os olhos e fitou sua visão em mim.

-Por favor.. Me ajude! - Disse vindo em minha direção. Me afastei e deixei com que o homem passasse por mim. Ele segurou o calcanhar dela e a puxou de volta.- Não! Ela gritava. Mordi o lábio. -Por favor! Socorro! ME SOLTE! MALDITO!- Ela esperneava. Meu coração estava acelerado, mas eu precisava fazer aquilo. De acordo com a pouca experiência que havia obtido ali, era necessário que eu o fizesse.

Olhei para Thomas e notei que ele respirava ofegantemente e parecia muito assustado. Aquela cena estava mexendo mais com ele do que o esperado e isso me intrigou.

Segui os dois.

-Por que?! - Ela me olhou e olhou para o homem que a levava.- ME SOLTE! - se debatia.

-Espere um pouco.- Disse.- Só mais um pouco...

-ME SOLTE! - Ela enfim conseguiu se soltar. Notei que a ferida dela havia desaparecido. - Por que fez isso? Está ficando louco!- Ela se levantou se limpando. Foi ali que a lembrança dela começou. Então ele mostrou uma faca e ela gritou tentando correr, então ele a segurou pelo cabelo e a puxou em direção ao chão. A mulher caiu. Mordi o lábio inferior. Ela o chutou e ele cambaleou e caiu sentado no chão. Gritei o mais alto que pude. A mulher olhou-me surpresa.

- Corra! - Disse pegando seu pulso.

Então a puxei e o homem veio andando atrás de nós. Ela correu até mais rápido que eu e acabou por me puxar.

-Thomas! - Gritei e ele encolheu os ombros e correu também depois de alguns segundos. Não sei ao certo do que fugíamos já que não passava de uma mera lembrança, mas sentia que precisava.- Qual o seu problema!?

Thomas me ignorou. Conseguimos então mudar de lembrança. Essa ela ensolarada. A mulher olhava boquiaberta as coisas em volta.

- O que está acontecendo?! - Ela perguntou nos encarando. Então estreitou os olhos e levou a mão a cabeça - Me sinto estranha... - Disse.

- É uma longa história- Thomas falou. - Como você se chama?

- E... Ester... - Disse meio confusa.

- O que estava acontecendo lá, Ester?

-Lá onde? - Ela nos olhou confusa.

Eu e Thomas respiramos fundo.

Se a memória dela se referisse ao último momento em que ela estava, era um péssimo momento. Será que ela estava bem? E eu? Como eu estava? Fechei meus olhos sentindo que estava esquecendo de algo. A gente se sentou um pouco enquanto esperava a Ester bater um pouco mais em sua cabeça com as mãos chorando e resmungando coisas aleatórias.

- George. - Thomas falou. - Vocês eram muito próximos?

- OH! - Fiquei de joelhos e segurei seu colarinho - Obrigada por lembrar-me! Eu sou apaixonada por ele. - Disse, mas a minha frase soou um pouco sem emoção.- ... Eu acho. - conclui.

- Bem. Deve está ansiosa para revê-lo. - Ele resmungou fitando o nada.

Suspirei.

- Estou ansiosa para sair daqui e voltar ao mundo ... Thomas, as folhas! - Disse lendo a frase em sua testa - Onde está?

- Elas desapareceram - Ele falou respirando fundo. - Quando entramos na memória daquela mulher.

- Por que?! - Perguntei.

- Não sei ao certo. Mas desconfio que por que elas não pertencem a nossas memórias não teriam como durar muito. - Ele parecia irritado.- Mas - Thomas mostrou o que havia escrito no braço.

- Isso está.- E apontou para a testa - E isso também. - O que você faz em mim por algum motivo permanece.

Procurei o pincel em meu bolso e sim, ele também havia desaparecido.

-Ah! Isto é tão cansativo! - Joguei a cabeça para trás e então olhei a mulher. Ela estava encolhida encostada na parede.- Ei! - A chamei e ela me olhou- Você ta bem?

- Não! - Ela voltou a se encolher.

DO OUTRO LADOOnde histórias criam vida. Descubra agora