CAPÍTULO 15

127 43 11
                                    

Um pulo para cá: Nome.

Um pulo novamente: Idade

Um pulo novamente: Objetivo.

- Qual seu nome? - Thomas perguntou sentado no meio fio. As vezes faziamos isso para pensar um pouco. Eu não sentia cansaço físico ali. Às vezes ficava mais entediada. Eu estava em pé em sua frente.

- Yona - Respondi pulando.

- Errado! - Ele brigou. Arregalei os olhos e então levei a mão a boca.

- Yohana... - Disse me sentindo nervosa e pulando em desespero - YOHANA! YOHANA!!! MEU NOME É YOHANA!- Gritava.- Mas eu não lembro o resto...- Respirei fundo abaixando minha cabeça.

- Sua idade?

- 16 anos. - Respondi enquanto pulava. Meu braço ainda permanecia amarrado contra meu corpo.

- Seu objetivo.

- Sair deste inferno - Sorri junto com ele.

- Tudo certo. - Ele resmungou jogando a cabeça para trás.

Me sentei e fiz o mesmo.

- A quanto tempo estamos andando? - Perguntei.

- Não posso responder está pergunta.

Olhei em volta.

-Não seria possível que estivessemos repetindo os lugares?

-Perfeitamente possível. - Ele falou. - Mas eu não lembro. Você lembra?

- Não...- Cocei os olhos me sentindo frustrada. - Aqui é como um labirinto mental. Um conjunto de pequenos espaços mentais.

- São como uma prisão.- Ele bufou. Por mais que passe tanto tempo aqui, a perda de memória é constante. Faz com se torne um pouco mais suportável. Quer dizer, parece que estou a poucas horas aqui... Mas sei que deve ser a mais tempo...

-Ao menos ainda nos resta um pouco de lógica de acordo com nosso conhecimento secular - Sorri.Ele me olhou e afirmou.

-Não acredito que tenhamos esquecido de verdade - Thomas cruzou as pernas e os braços. A bola permanecia grudada em seu corpo. - Acho que o lugar é como uma trava para que tais memórias venham a tona.- Ele tilintou os dedos no braço . Eu balancei a cabeça de um lado para o outro pensativa sobre.- Mas eu tive sorte. - Ele sorriu.

-Como assim ? - Perguntei o olhando.

-Agora não tenho somente a minha querida bola para conversar.- Ele pegou a bola e mandou um beijo para ela. Fiz uma careta, mas logo em seguida sorri.

-Duas cabeças pensam melhor que uma - Falei e me dei conta que alguém havia me dito isso a muito tempo, ou foi a pouco tempo? - Levei a ponta do dedos aos lábios enquanto pensava sobre.

O encarei ao notar que ele me olhava. Então Thomas desviou o olhar. Estalei o dedo ao ter uma ideia.

- Precisamos impedir que esqueçamos- Falei.- Que tal anotarmos?

Ele sorriu.

-Eu já tentei fazer isso - Disse. - Mas em algum momento as folhas se foram. E eu tinha anotado em meu braço para não esquecer das folhas. Mas quando me lembrei de olhar eu já estava sem elas. - Sorriu. - Ao menos disso eu me lembro...

Ri. Era algo trágico, mas também um pouco engraçado porque imaginei a cena.

- O bom é que agora temos duas pessoas. - Falei.

- E? - Ele perguntou.

Conseguimos as folhas com um pouco de dificuldade. Tivemos que entrar em uma casa que pudesse ser habitável e que fizesse parte de alguma memória. Isso não foi nada fácil de se fazer. Mas isto nos manteve distraídos e focados por um tempo.

-Por que tem que escrever na minha testa? - Ele perguntou se remexendo.

-Fique quieto! - Apertei seu nariz - Eu só posso usar uma mão. - Briguei.

- Mas que mania, Yona!- Seus olhos lacrimejavam.

Thomas suspirou. Ele estava sentado em um batente alto de uma casa aleatória.

'' AS FOLHAS ''. Escrevi na sua testa enquanto segurava a folha.

- Eu posso ver seu peito se continuar assim. - Ele falou.

Puxei o ar com força e me afastei rapidamente ainda segurando o pincel e o olhando com os olhos arregalados.

- Qual é desse olhar.. Eu poderia nem ter dito e apreciado a visão...- Ele falou desviando o olhar e eu fiquei boquiaberta o encarando. Simplesmente estava sem palavras.

Eu vestia uma roupa confortável. Uma calça legging preta e uma camisa vinho lisa folgada e comprida. Parecia como uma roupa usada para dormir. Ao menos estava com um tênis branco.

-Vamos... - Ele se levantou e continuou andando. O encarei ainda me sentindo envergonhada, constrangida e nervosa. Ainda sem palavras.

-Idiota. - Resmunguei um pouco irritada. Então discretamente olhei por dentro do colarinho da minha roupa. E tentei imitar a posição em que estava para ver até onde ele viu. Eu estava de sutiã, mas se juntar os braços assim...

- O que você está fazendo? - Thomas perguntou e eu o olhei surpresa.

-Nada! - Falei andando e passando por ele rapidamente. - Vamos logo!

Nos papéis a gente anotava com um pincel de quadro, que encontramos na mesma casa cujo roubamos os papéis, tudo aquilo que lembramos quando passávamos por uma memória.

- Desenha esta árvore - Ele falou e eu fiz. - Credo, que é isso?

- Uma árvore, idiota!- Nós ficamos um tempo olhando o desenho - ... Eu acho.

- Me dá isso! - Ele me tomou e fez uma árvore.

- Nossa, você é muito bom! Devia me ensinar... -Ele me olhou por alguns segundos. Então sorriu balançando a cabeça em modo negativo. Me senti um pouco ridicularizada .- Deve ser por que minha mão esquerda tá amarrada...

-Mas você é destra.

- Tuche...- Falei indo tentando apertar seu nariz, mas ele segurou minha mão. Ele olhava desenho por algum momento. Parecia impressionado.

-Eu havia esquecido que sei desenhar.... - Thomas deu um sorriso bem largo e bonito. Pisquei. Ele era um garoto bonito. Então ele apontou o braço para mim e levantou a manga de sua roupa.

-Escreva em mim.

-O que?

- Escreva '' Você sabe desenhar''

Fiz o que ele me pediu.

-Caramba...- Ele falou assim que terminei de escrever.

-O que? - Perguntei inocentemente.

- Até sua letra é feia...- Ele resmungou.

-Se continuar eu vou...- Apontei o pincel para ele e o rapaz levantou ambas as mãos em sinal de rendição.

Entramos em uma memória cujo tudo parecia escuro. Thomas parou subitamente. Piscou olhando em volta.

-O que foi?

-Esta memória não é algo bom... - Disse dando um passo para trás.

-Como assim ?

Ele segurou meu braço livre e puxou-me para perto e tampou mesmo olhos.

-Por favor. Não olhe. -Disse.

DO OUTRO LADOOnde histórias criam vida. Descubra agora