Eu e Thomas nos encaramos por alguns instantes, mas ele desviou o olhar e se sentou ao meu lado. Tinha tantas coisas que gostaria de perguntar a ele, mas sabia que ele não se lembrava. Gostaria de saber o que ele gostava mais de fazer. Sabia apenas que ele gostava de desenhar. Nem saberia ao certo como responder essas perguntas. Bufei. Era estranho a forma como eu me sentia perto dele. Era como se eu o conhecesse a tanto tempo. Me sentia muito à vontade ao seu lado. O que mais me fascina nele era seu sorriso bonito e largo além de seu jeito descontraído e simpático de ser. Quanto mais ficava perto dele, mas sentia que o havia conhecido antes. O que poderia ser isso?
- Não vamos ficar para baixo! - Thomas falou - Vamos continuar andando, mas dessa vez vamos para aquele lado. - Ele apontou para o outro lado da rua. Me perguntava quem estava cuidando de mim. Beatriz? Meus pais cujo não recordo o nome nem o rosto. Será que ainda estavam vivos? Eu não sentia nada por que não me lembrava.O que George estaria fazendo agora? Será que eles sentem a minha falta?
Tentei lembrar um pouco de George, mas tudo que vinha em minha mente era uma curta sensação de tê-lo tampando meus olhos e uma sensação de que ele se preocupava comigo. Nada além disso. Eu sabia que eu gostava dele, mas não conseguia lembrar-me desde quando... Ou por que... Era estranho e confuso ao mesmo tempo.
Saímos da minha memória e entramos em uma bem diferente. Estávamos em um grande salão de um hotel bem chique.Aparentemente.
-É no exterior! - Ester falou- Com certeza estamos no exterior! - Ela parecia bem feliz.
-Por falar nisso todos nós pertencemos ao mesmo país. - Disse e eles me olharam.
-Seria péssimo se eu não pudesse entendê-la. Já aconteceu algumas vezes - Ele disse. - Mas acho que este é o país em que existem mais pessoas vivas. Isso explica a quantidade.
- Foi onde começou os primeiros casos - Falei. - Não sei ao certo como sabia disso, mas o sabia. Thomas me olhou e balançou a cabeça em modo positivo.
Entramos em um outro salão com algumas pessoas, mas suas faces estavam meio distorcidas. o que era meio assustador. Me sentei uma cadeira vazia. Haviam algumas pessoas dançando. Thomas fez o mesmo colocando sua bola em uma cadeira vizinha.
-Ainda é uma memória bem longa - Disse apoiando meu queixo no encosto daquela cadeira bem confortável. Era acolchoada e cheia de detalhes chiques. Olhei para o teto do salão. Tinha um lustre enorme e bem vistoso. O salão era bem iluminado e tudo parecia brilhar. Percebi que algumas pessoas eram bem visíveis. Sorri.
-O que foi?- Thomas me olhou.
-Deve ser e a memória de uma mulher - Falei.
-Thomas olhou em volta.
-Um homem também pode prestar atenção nessas coisas - Ele disse cruzando os braços - Bem... Em algumas dessas coisas... - Sorriu. Sorri com ele.- Acho que ela gosta de música.
-Sim...- Fechei meus olhos aproveitando a melodia. Aquela memória me fazia querer fazer isto. Então senti um peteleco na minha testa e abri os olhos levando a mão a minha testa.- Ai... O que foi? Qual o seu problema?
-Não faça isso. - Ele disse cruzando os braços. O encarei por alguns instantes. Garoto estranho... Olhei para o piano. Aquela pessoa tocava bem. Então me dei conta que poderia ser a memória da pianista. Thomas fungou e então respirou fundo e esticou a mão para mim.
- o que é isso? - Perguntei.
- Minha nossa...- Ele revirou os olhos.- Não acredito que não saiba...Bem...- Parecia um pouco nervoso. Pisquei.- Quer dançar?
Hesitei. Ninguém nunca tinha me pedido para dançar antes. Lembrei-me deste fato. Me senti um pouco envergonhada e então eu aceitei segurando sua mão. Thomas a segurou com firmeza e me conduziu até o centro do salão onde havia poucos casais dançando. Meu coração batia tão forte. Reparei que no meio do castanho claro haviam alguns pontos verdes em seus olhos. Notei também que ele havia um sinal abaixo do olho esquerdo.
Thomas me segurou pela cintura e eu prendi a respiração.
-Relaxa, moça. - Disse por fim. - Já basta eu...
O encarava fixamente enquanto ele me conduzia a passos lentos e marcados de uma valsa. Era uma sensação estranha. Eu me sentia um pouco constrangida, mas ao mesmo tempo não conseguia desviar o olhar. Ele rodopiou-me e eu segui o fluxo voltando para seus braços. Pisquei o vendo sorrir. Um sorriso largo e muito bem feito.
Eu estava ficando quente e ansiosa, mas ao mesmo tempo feliz. Meu estômago parecia rodopiar. Ele me abraçou. Ele era alto, mas não tanto. Não precisava ficar na ponta do pé. Meu braço amarrado incomodou um pouco. Descansei minha cabeça em seu ombro enquanto passava meu braço ao redor do seu pescoço. Me perguntei se ele podia ouvir meu coração. Ou sentir a minha temperatura. Eu queria saber se seu coração estava batendo forte, mas minha outra mão estava amarrada. Senti a pele do meu pescoço e ombros se arrepiar quando sua respiração ficou próxima. Engoli a seco. Céus, era uma sensação nova para mim. Eu estava nervosa, um pouco incomodada, mas muito feliz. Fechei meus olhos sentindo minhas bochechas formigarem.
Então senti um ardor em meu peito. Meus olhos lacrimejaram e eu pisquei olhando para cima na tentativa de impedir que as lágrimas caíssem. Thomas parou de dançar e me afastou um pouco para olhar para meu rosto. Levei a minha mão a meu rosto. Não queria que ele me visse chorar.
-O que foi? Está doendo em algum lugar? - Ele perguntou preocupado. Não respondi, mas as lágrimas se tornaram ainda mais incorporadas e escorreram pelo meu rosto. - Eu pisei no seu pé?
Sorri soluçando um pouco.
-Eu to bem... - disse.
-Por que você tá chorando então? - Ele parecia bem preocupado - Me fale... Eu não gosto de vê-la assim... - Ele enxugou minhas lágrimas e eu me senti nervosa por ele está tão perto novamente.
-É... Foi a músi...- Travei assim que ele encostou sua testa na minha. Meu coração disparou no mesmo instante.
Ele sorriu! Pisquei sentindo que meu coração estava prestes a sair pela boca! O que estava acontecendo comigo? Thomas me segurou pela cintura e eu prendi a respiração ao perceber que ele se aproximava ainda mais de meus lábios.
-GENTE! - Ester entrou gritando. Me afastei subitamente dele e olhei para Ester. Ela parecia nervosa. - Tem uns caras!
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DO OUTRO LADO
Science Fiction**CONCLUÍDA** **PLÁGIO É CRIME** O maior medo de Yohana é dormir e não mais acordar. Depois do surgimento de uma doença misteriosa e avassaladora, o mundo nunca mais foi o mesmo. Os casos, mesmo esporádicos, não cessaram fazendo com que as pessoas d...