CAPÍTULO 18

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Outro barulho alto seguiu, mas percebi que ele não parecia escutar. Então era eu?

-Thomas...- Me lembrei dele e sai da sala. Aquele barulho podia significar que ele estava em perigo ou que algo tivesse acontecido, certo?

- YONA! - Thomas gritava. - YONA!

-Thomas! - Gritei.Outro barulho que fez aquela memória estremecer. Pisquei. O que estava acontecendo? Vi o Thomas no fim daquele corredor. Ele escorregou ao virar a esquina e se apoiou na parede para não cair. Então voltou a correr em minha direção.

- SAIA! - Gritou - Corre YONA! - Gritava ao se aproximar . Ele parecia assustado. Ester vinha logo atrás dele. Pisquei surpresa, então olhei para o menino que ali estava. O senhor me proteja. Entrei na sala as pressas e fui em direção a criança.

- O que você está fazendo ? ! - Thomas parou na porta e olhou para o homem morto - Ah... Na ...Não temos tempo! - Ester passou por ele correndo em direção a saída

-Corram! - Ela gritou.

Tentei puxar o menino do lugar, mas ele não se mexia, era como se estivesse preso ali.

-YONA!- Thomas veio em minha direção e me puxou. - É impossível!

-Por que?!

-Por que ele morreu!- Disse me puxando. Hesitei, mas corri com ele. A memória estava se desfazendo aos poucos como se tudo estivesse se desmoronando. Corri tão rápido. O chão parecia amolecer em nossos pés. Aquilo nos acompanhava. Saímos do hospital às pressas, mas ainda tinha um quarteirão inteiro para correr antes que aquela memória se desfizesse.

Thomas me segurava com bastante força . Correr com uma das mãos amarradas não era uma das minhas habilidades. Olhei para trás, O chão estava despedaçando-se como um quebra cabeça tendo suas peças sugadas por algo. No lugar da memória uma densa escuridão que me dava arrepios. Olhei para frente. Um outdoor gigantesco caiu ao meu lado. Gritei. Ele caiu em pé e já ia caindo sobre mim. Mas continuamos a correr e finalmente ele foi ao chão. Senti o vendo passar pela minhas costas. Era tão real! Thomas olhava para frente extremamente concentrado no que fazia. Mais na frente Ester continuava a correr. Senti meu pé afundar, por pouco não perdi o equilíbrio.

O chão estava rachando por onde nós andávamos. Tentei aumentar a corrida.

-DROGA! - Thomas gritou e eu olhei que a rachadura chegava até os limites da memória. Corremos o máximo que pude. Ester desapareceu. Pelo visto ela atravessou os limites da memória. - PEGA! - Ele jogou sua bola e ela atravessou os limites e sumiu. Nós pulamos assim que senti que estava caindo.

O chão se desfez sobre meus pés. Gritei me sentindo cair, mas Thomas segurou minha mão livre. Amaldiçoei aquela corda. Olhei para baixo. Era uma escuridão intensa e parecia chamar-me.Gritei ao sentir a minha mão escorregar.

-THOMAS! Não me solta! - Gritei.

- Nunca! - Ele gemeu colocando toda sua força e me puxou. De repente a paisagem mudou e me vi em cima dele, ofegante e com as pernas bambas. Thomas respirava ofegante enquanto estava deitado no chão de costas. Ele me abraçava com força.

Ester estava sentada no chão agarrada a bola e respirando com força.

-Que ... Viagem! - Ela resmungou buscando ar ainda - MAS QUE MERDA DE MEMÓRIA LONGA DO CACETE! - Gritou - Corri tanto que senti meu pé batendo na minha bunda!- Um silêncio seguiu e só conseguimos ouvir a respiração uns dos outros.

Thomas riu. Ri também, mas pela primeira vez sentindo-me cansada. Ficamos mais um tempo da forma que estávamos.

-Olha sem preconceito, mas seria melhor se estivéssemos em um lugar mais macio sabe? - Ele falou e eu o olhei.

-OH! - Sai de cima dele me sentindo envergonhada - Desculpe!- Disse evitando olhá-lo nos olhos. Ele sorria enquanto me olhava. Parecia está se divertindo com meu constrangimento. Então se sentou e respirou fundo.

- O que raios aconteceu? - Ester perguntou.- Por que começou a se desfazer do nada?

- Ele morreu. - Thomas respondeu. Lembrei-me da criança. Ele era tão jovem...

- Eles estão matando pessoas neste hospital - Disse.

-Não é nele exatamente- Ester falou - É abaixo dele - Olhamos para ela. - Vimos uns lances sinistros lá em baixo. Tipo umas espécies de salas especiais. Mas não conseguimos entrar - Ela falou . Estava trancado.

-Me pergunto o por quê - Thomas resmungou.

-IBSS - Falei assim que olhei para minha mão e então mostrei a sigla para eles. - Vi isso em uns documentos na porta dos quartos e depois ouvi o médico falar sobre isso. -Será que é alguma doença? - Inclinei a cabeça olhando a sigla. Ela me era estranhamente familiar, mas não recordava.

Suspirei saindo de cima das minhas pernas e me levantei olhando a paisagem. Que por sinal eu reconhecia. Pisquei observando minha casa.

- Voltamos para minha memória - Disse perplexa.

- O QUE? - Thomas olhou em volta e então arregalou os olhos - Como?

Talvez a surpresa dele fosse por termos voltado ou por simplesmente ter conseguido lembrar dela.

Ester parecia tranquila.

Mas minha memória parecia bem menor. Eu já podia ver minha casa dali.

DO OUTRO LADOOnde histórias criam vida. Descubra agora