O encarei e então algo se tornou um pouco mais claro.
- Você se perdeu... - Falei e ele me olhou um pouco apreensivo. Mas então sorriu.
- Ao menos você está aqui. Eu tive sorte. - Disse batendo a bola no chão. - Você também teve sorte.
Segurei meu pulso com força. Ele respirou fundo e então olhou em volta. Subiu na nossa varanda e no batente onde tinha um jarro pendurado com uma corda.
-O que está fazendo? - Perguntei.
- A vontade vai ficar cada vez mais forte.- Disse colocando um pouco de força. Então o jarro caiu no chão quebrando. Olhei para a porta. Será que Beatriz não... Esqueça isso. Ela não é a BEATRIZ. Pensei. Apenas uma curta memória da Beatriz.
Ele pulou do batente e colocou a bola encostada na parede. Então trouxe a corda.
-Vai me amarrar? - Perguntei.
- Sim. - Disse enrolando a corda em meu braço. Olhei para cima enquanto ele fazia o processo.
- É só esse braço, certo?
-Sim. É onde eu usava o... - Ele tapou minha boca com força. Fiz uma careta.
-Não fale. - Disse por fim.
Ele amarrou meu braço logo abaixo dos meus seios de modo que meu pulso não ficava visível. Parecia uma espécie de atadura bem firme. Era um pouco incômodo.
- Muito bem - Ele falou olhando o trabalho. - Terei que amarrar a sua boca também? - Perguntou.
- Não! - Balancei a cabeça em negativo e ele sorriu me dando um peteleco na testa.
- Ai!... Mas que mania! - Reclamei o vendo pegar a bola e colocá-la debaixo do braço. Ele sorria.
- Por que anda com essa bola por aí? - Perguntei enquanto seguíamos para o lugar que ele dizia ser o limite de minhas memórias.
Ele bateu a bola no chão e me olhou por cima do ombro.
-Me ajuda a manter a sanidade mental - Respondeu. O analisei por alguns instantes. Seus cabelos eram bem amparados na nuca, porém na frente tinham um comprimento um pouco maior de forma que às vezes algumas mechas lhe caíam na testa. Ele bateu a bola uma vez no chão a fitando - Nome: Thomas. - Ele bateu novamente - Idade: 15 anos. Eu acho - Riu e bateu mais uma vez a segurando por fim - Objetivo: Sair deste inferno.
- Como você acha que podes sair? - Perguntei enquanto andávamos.
- Pode não fazer sentido, mas deve ter alguma saída - Falou.- Uma forma... - Thomas mordeu o lábio inferior.
- O que acontece se eu olhar meu braço fora dos ''limites da minha memória?''
- Talvez tudo o que você saiba se perca. Talvez você volte para sua memória incial. Não sei ao certo, mas não quero arriscar, você quer?
Balancei a cabeça em modo negativo.
- Você não sabe chegar de volta a suas memórias? - Perguntei.
-Não.- Ele me analisou - Perdi as memórias que tinha. Por pouco não esqueço meu nome. - Respirou fundo.- Não sei que lugar é este, mas ele faz isso com as pessoas.
Thomas parou em frente ao local do limite.
-Vai sair? - Perguntou - Decida...
Ele atravessou e desapareceu. Mordi o lábio e dei um passo à frente. A sensação era de ter passado por uma fina camada de ar e de repente toda a paisagem mudou. Tornou-se noite e estávamos em um local completamente diferente
- Oh! MINHA NOSSA! - Abri a boca em choque olhando tudo em volta.- MINHA NOSSA! - Tampei a boca. Olhei para trás e parecia uma continuação da paisagem que estávamos agora - QUE COISA MAIS LOUCA! - Falei e Thomas riu.
- Uma hora você se acostuma com as coisas por aqui. - Falou andando.
- Então... - O segui até até ficar ao seu lado - Você sai andando por aí em busca de suas memórias?
- Basicamente sim. - Ele me olhou sorrindo - E também de alguma forma de sair daqui. Apesar de sentir que esqueci muita coisa. Mas de uns tempos para cá mudei minhas prioridades. Parece que só achar minhas memórias não vai garantir que saia daqui.
Parei um pouco para pensar nas informações que havia recebido. Estávamos em um lugar que conecta as memórias de pessoas, seria isso? Por mais que pensasse sobre, nada me fazia sentido. Não lembro ao certo quando fui parar ali. Levei a mão a cabeça na tentativa de lembrar algo que estava faltando. Era como se estivesse ali, mas não conseguia vê-lo.
- Até que ponto vai minha perda de memória? - Perguntei analisando a situação.
- Não sei. Mas conheci algumas pessoas perdidas como eu cujo esqueceram até mesmo seu nome. Quando perceber que está prestes a acontecer com você , faça algo para se lembrar. - Ele ficou sério.
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DO OUTRO LADO
Science Fiction**CONCLUÍDA** **PLÁGIO É CRIME** O maior medo de Yohana é dormir e não mais acordar. Depois do surgimento de uma doença misteriosa e avassaladora, o mundo nunca mais foi o mesmo. Os casos, mesmo esporádicos, não cessaram fazendo com que as pessoas d...