CAPÍTULO 28

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2 ANOS DEPOIS

Eles estavam certos. Não houveram mais casos de IBSS. Ainda é um mistério sua real causa ou o quem são os verdadeiros culpados. Mas o mundo nunca mais foi o mesmo depois de tudo aquilo. Os hospitais foram todos demolidos dando espaços para memoriais das vítimas. Enormes pedras com os nomes grifados. As vezes me via no da minha cidade, olhando os nomes como se buscasse algum em específico.

Até hoje não se sabe o que foi enfim IBSS. Ninguém que voltou parece lembrar se estava em outro lugar. Mas após alguns estudos usando a EXPENSER 989 . Descobriram que era como um lugar onde sua consciência ganhasse vida. Felizmente ou infelizmente as pessoas não eram capazes de lembrar.

Eu consegui encerrar os estudos complementares e minha vida seguiu. Mas eu constantemente sinto falto de algo ou de alguém. E parece que essa vontade de encontrá-lo apenas aumenta toda vez que acordo. Eu estou sempre procurando por algo que não sei o que é e isso tem se tornado um fardo que carrego comigo desde então. Não consigo lembrar-me dos meus sonhos enquanto estava dormindo. Parecia que aquela sensação nunca iria me abandonar até que encontrasse o que estava perdido. Mas o que poderia ser?

Sai da loja de sorvete com George ao meu lado. Ele Continuava o mesmo de sempre. Assim como nosso relacionamento. Apesar de que sentia ele um pouco mais próximo de mim agora que estávamos na mesma faculdade.

- Faz tempo que a gente não toma sorvete.- Ele falou rindo enquanto passávamos em frente a quadra central do bairro. Estava bem movimentada por sinal.

- Eu achei que você não gostasse de morango. - Falei levando uma colher de sorvete de flocos a boca. Era meu favorito.

- E quando eu disse isso? Eu gosto de qualquer coisa... - Ele riu.

- Você não mudou nada desde que quando éramos crianças... - Falei olhando as pessoas na quadra.

- ihhh e como você sabe? Andou pesquisando minha vida foi? - Ele quase deixou um pedaço de sorvete cair pelas laterais da casquinha, mas lambeu antes que ela se perdesse.

Um barulho de quicar de bola me ecoou na cabeça.

'' Nome''

''Idade''

- Objetivo... - Sussurrei para mim mesma enquanto ouvia o barulho. Que sensação estranha. Me sentia arrepiada. Respirei fundo e olhei para George - Como assim? Eu te conhecia, cabeçudo! - Falei apertando o nariz dele.

-Para com essa mania! - Ele resmungou - Como assim me conhecia, Você está viajando.

-Não acredito que você esqueceu! - Mordi um pedaço de sorvete - A gente costumava brincar de esconde esconde! E um dia a gente invadiu a escola no meio da madrugada porque queríamos saber como seria estudar ali...

George me olhou confuso.

-Acho que você ainda precisa voltar a fazer terapia...- Ele continuou andando.

-Eu... o que? estou falando sério! - Ri...- Pare de brincadeira.

- Hana...- George parecia sério - Nós nos conhecemos no ensino complementar. Você ficou sem grupo e eu me juntei a você para fazermos o trabalho. - Ele lambeu mais uma vez o sorvete. O encarei séria.

- Mas... - Fiquei pensativa.

- Você ta bem mesmo? Nossa! Olha seu sorvete! Vai derreter!...

Ouvi o barulho da bola novamente e aquelas palavras ecoaram em minha mente. Nome... Idade... Objetivo. O que isso significava? George segurou minha mão e levou o meu sorvete até sua boca.

Olhei para trás.

Ele continuava a bater a bola com pausas entre cada batida. Ele saiu da quadra e andou na direção contrária.

-Ei! Estou comendo seu sorvete! - George falou - Se não se apressar vou comer tudo...Está me ouvindo?

Me virei para ale.

-Ah...- Olhei para o sorvete.

- O... que você acha então de irmos no cinema? Eu compro as pipocas.. Você deveria estar mais feliz! Afinal entrou na faculdade... Não é de se comemorar? - George falou ainda segurando minha mão.

Fitei o nada por alguns instantes. Meu coração batia forte. Levei a mão ao peito. Que sensação era aquela?

- Desculpe. - Falei tirando minha mão das dele e corri o caminho contrário. - Fica pra próxima! - Gritei ainda correndo. Virei a esquina. Ela havia desaparecido. Mordi o lábio e o encontrei atravessando a rua. Corri o mais rápido que pude. Tropecei na calçada e por pouco não perdi o equilíbrio. Percebi que era por que estava correndo com o braço junto ao corpo. Por que? Parecia ser uma mania estranha... Olhei para frente. Ele estava se distanciando.

Voltei a correr. O vento balançava meus cabelos que agora estavam no meio do pescoço. Aqueles sapatos não me ajudavam em nada correr. Havia acabado de ter uma entrevista para ingressar na faculdade. Parece que foi mais fácil para mim já que tive IBSS e perdi um ano de estudos. Minha mente estava repleta de coisas.

Quando eu era criança... Aquela bola...O sorriso ao me ver. Tudo... Sempre foi ele... Por que eu me esquecia disso? - Meus olhos começaram a lacrimejar. Sua mão quente me conduzindo para fora da escola e me dizendo que estava na hora de eu acordar. Foi a tanto tempo, mas ele não havia mudado nada! Mas por que, porque eu voltava?

-Ei!- Gritei e ele não me ouvi.

Dane-se! Corri mais rápido e segurei seu ombro.

-Thomas!- Falei e me surpreendi comigo mesma .Ele se virou e me olhou nos olhos por alguns instantes. Thomas? Oh minha nossa! THOMAS! Seu nome era Thomas! Senti as lágrimas descerem pelo meu rosto. O olhei.- Você ... é o Thomas! Certo? - Por mais que eu lembrasse, eu não conseguia afirmar. Ele me olhava confuso.

- Desculpe, senhorita...- Ele cerrou os lábios. - Eu... Não sei de quem está falando... - Ele virou-se e continuou a andar. Tinha a bola debaixo dos braços.

DO OUTRO LADOOnde histórias criam vida. Descubra agora