DO OUTRO LADO

CAPÍTULO 1

14 de setembro de 2055

- Souberam da novidade? - O professor falou assim que abriu a tela do quadro. Estreitei os olhos. Odiava aquela luz. - Feche as janelas, alguém, por favor. - Um dos alunos se levantou e foi até a janela puxar a alavanca inteligente. As janelas se fecharam todas ao mesmo tempo. - Espero que um dia troquem essas janelas... - O professor falou. - Bom, souberam da novidade? - Repetiu a pergunta.

Ninguém respondeu. O professor então suspirou. E abriu na sua tela (quadro) um site que falava do EXPANSOR 989.

Pisquei lendo rapidamente o documento antes que ele mudasse para o programa que guiaria os vídeos explicativos.

- Parece que doenças ligadas a mente está mais próxima de serem curadas do que imaginamos. O departamento médico aceitou o uso dos EXPANSORES 989 nos hospitais psicoterapêuticos da cidade.

- Se ao menos eles tivessem criado isso quando precisávamos realmente... - Uma menina falou com tom de desprezo e raiva. A olhei. Ela gostava de sentar na frente. Era uma das que sempre tirava as notas mais altas. Mas também era conhecida por falar muito.

Abaixei o olhar e fitei meu caderno de desenhos. Nunca aprendi. Por mais que ele tenha tentado me ensinar. Mas a arte e os desenhos me chamavam muita atenção. Me pergunto desde quando...Por mais que não fosse tão boa queria mesmo seguir a carreira da arte e do desenho gráfico. Coisa que estava sendo substituída cada vez mais por programas. Mas não desprezo um papel e um lápis ou uma tela e tintas.

- Abram o arquivo na página 37. - O professor falou bem humorado. - Vamos ver o nosso amado Artur explicando a importância do logaritmo e onde ele foi utilizado...Como sempre, uma viagem na história...

Revirei os olhos. Tinha visto a mesma coisa no dia anterior com o professor de história e de sociologia e por acaso o de filosofia. Cada um na mesma época, mas tratando a sua área. Arthur era o programa que fazia vídeos explicativos. Era também o nome do personagem animado que tinha uma voz calma e muito boa de escutar.

Mesmo que não me interessasse, tudo parecia interessante. A forma como a história era nos mostrada. E até mesmo os exemplos dados me faziam prestar atenção. lembro que conheço o Arthur desde os meus 4 anos. Ele sempre ensinou -nos desde aquela época. Sorri ao lembrar que com essa idade eu achava que ele era uma pessoa real.

Foi um choque quando descobri que não passava de um holograma e não uma mágico poderoso. Nós usávamos uma tela interativa para ver todo o material de aula. Abri a minha e fui até a página do arquivo que o professor mencionou.

Recebi uma mensagem no meu Dispo que vibrou em meu pulso. Rapidamente a leio com a luz baixa para que o professor não perceba.

- '' Olha para mim agora ''

Levantei o olhar e fitei George Saadi. Ele remexeu as mãos de forma descontrolada e eu não entendi nada do que ele queria me dizer. George demonstrou cansaço e então apontou para o seu Dispo . Olhei para o meu em meu pulso. Outra mensagem chegou.

- ''Preciso conversar com você. É importante.'' - Tentei linkar o que ele disse agora com o que ele tentava me dizer com as mãos. O olhei de volta e fiz um joinha com ambas as mãos. Ele voltou-se para frente.

Sem mais delongas. George era o menino que eu gostava romanticamente. Ele era gentil e sorridente. Além de ser muito bonito. Infelizmente eu não fazia seu tipo. Sou absurdamente comum. Eu não lembro direito, mas o conheço a muito tempo. Desde meus 4 anos. Eu acho. Nós costumávamos brincar de esconde esconde e ele era muito bom em achar-me.

Meu nome é Yohana Silvestre Belmont . Mas cancela o Silvestre. Me lembra coisas relacionada a mato. Belmont é bem mais requintado. Na minha opnião. Apesar de pouco conhecido. Ah é, eu estava falando o quanto eu sou simples. Enfim, sou morena clara. Meus cabelos são estupidamente lisos, curtos na altura dos ombros e Castanhos escuros ; Meus olhos são castanhos escuros também.Tenho 1, 60 de altura e um corpo normal. Nem magro demais . Nem gordo demais. Mas relativamente curvilíneo.

Ele gostava de garotas mais visíveis. Um loiro bem evidente ou um ruivo bem chamativo ou até aquela morena bem vistosa. Mas mesmo sabendo de todos esses contras, meu coração estava acelerado com a suposta mensagem importantíssima.

Acho que esse gosto pevuliar chegou quando entramos para aquela escola. Não lembro como ele era quando mais jovens, mas tenho certeza que era bem diferente do que agora. Ainda sim permaneço gostando dele desde nossa infância.

Finalmente no término da aula ele veio em minha direção e eu rapidamente arrumei-me em minha cadeira. Ele esperou até que a pessoa que estava em minha frente saísse. Então puxou a cadeira e ficou de frente para mim.

Me sentia nervosa. Odiava situações como essa. Onde meus sentimentos ficam mexidos. Me remexi na cadeira ansiosa pela sua mensagem.

-Fale logo. - Disse impaciente.

Ele piscou. Seus olhos estavam brilhantes como se ele fosse me contar algo maravilhoso.  Gelei pensando que talvez ele pudesse ter começado a gostar de mim...

Infelizmente eu estava enganada...