Senti aquela leve dor de cabeça novamente e respirei fundo. Atravessamos a memória e entramos em um prédio. Aparentemente parecia ser um local de trabalho. Thomas abriu uma porta que ficava de frente aos elevadores e entramos nas partes das escadas. Ele se sentou na escada e esperou que eu sentasse ao seu lado.
- Eles estavam usando alguma máquina que faz com que entrem e saiam daqui sem nenhum problema - Thomas coçou a nuca. - Eles vieram exclusivamente para matar-me.- Me olhou como se esperasse alguma reação. Pisquei esperando por mais informações- Eles acham que eu sou responsável por algo, Yuna... - Thomas jogou a cabeça para trás. Quando os vi, lembrei das diversas vezes que tenho fugido deles... E pensar que essa memória vai se desfazer...
-Eu me lembrarei- Falei segurando seu rosto para que ele não abaixasse a cabeça - Lembrarei com certeza do que está me contando.
-Isto não é uma promessa muito boa para se fazer neste lugar, Yuna... Principalmente neste lugar. - Thomas imprensou os lábios de forma que se tornaram pálidos. Ele então sorriu de forma melancólica.- Mas antes eu quero te mandar de volta a sua casa... A sua vida...
- E você Thomas?!- Perguntei segurando seu rosto fazendo-o olhar- me nos olhos.
-Eu nem sei se estou vivo ...- Ele suspirou e sorriu, mas seu sorriso apresentava tristeza e aquilo machucava meu coração. Foi tanto pouco tempo que passei com ele, mas eu me sentia tão próxima como se fosse anos. Só de pensar em nos separar isso me dava uma dor única e inexplicável. - Não duvido que realmente tenho culpa de algo... - Ele resmungou pensativo.
- Como assim, Thomas.- Perguntei apreensiva.
- Se as coisas ao meu redor não mudam não importa o quanto eu faça devo começar a desconfiar que o problema está comigo... Na forma como eu vejo e consequentemente nas coisas que faço e que acredito... Eu sei que estou aqui a tanto tempo e não parece haver progresso algum...- Suspirou. Ele então arregalou os olhos por alguns segundos e eu o olhei assustada.
-O que foi? - Perguntei olhando para onde ele olhava, mas o garoto estava fitando o nada.
-Eu perdi a minha bola... - Disse e eu estreitei os olhos o olhando.
-Seu nome é Thomas, Sua idade é...15 anos...- Eu acho - E nosso objetivo é sair deste lugar.
Thomas agarrou a própria cabeça.
-Eu irei esquecer isso...
-Não! Não vai. - Disse levantando sua cabeça - Olhe para mim! Thomas! - Eu fiquei de joelhos em frente a ele.
-Estamos rodando a dias... A semanas, a meses ou a anos? Eu não sei! - Ele parecia bem nervoso e isso me deixava aflita - Estou começando a achar que nunca irei sair deste lugar Yo...- Ele mordeu o lábio inferior em sofrimento visível.
-Meu nome é Yona- Disse a ele séria. Então segurei seu rosto e encostei meus lábios nos dele. Quando criei coragem eu não sei, mas queria fazer isto. Thomas hesitou por alguns segundos. Ele segurou a respiração e parecia surpreso. Mas então me abraçou retribuindo o beijo. Era quente e bom. Segurei sua nuca e senti seus cabelos macios entre meus dedos. Ele fez o mesmo e me segurou pela cintura. Thomas ficou de joelhos no chão e me puxou para mais perto. Nós afastamos e o abracei ficando de frente para os degraus. Meu coração batia tão forte. Coloquei minha mão em seu peito e senti seus batimentos fortes. Pisquei olhando para cima.- Thomas...- Disse e ele gemeu em resposta. Ainda me abraçando. - E se subirmos?
Ele suspirou.
-Eu...- Me olhou segurando minhas bochechas entre suas mãos. Sorriu
Sorri me sentindo meio envergonhada por ele está me olhando fixamente.
-Por que está me olhando desse jeito.
- Estou admirando você...- Segurei sua mão me sentindo bem nervosa.
- Vamos? - Perguntei me levantando.
-O que?- Ele me olhou confuso e depois olhou para cima. - Subir? O que tem isso? - Ele se levantou e eu segurei sua mão com força então puxei sua mão e nós começamos a subir as escadas.
- Me recorde por favor. Sei que há um motivo por trás disso... Por que meu braço esquerdo está amarrado, Thomas?
Ele piscou olhando para meu braço.
-Eu...- Levou a mão a testa.
- Tudo bem...- Continuei o puxando. Deve haver um motivo. Não sei quantos degraus subimos, mas chegamos ao terraço superior. O vento era bem forte ali. Tão forte ao ponto de empurrar-nos um pouco. A vista era fantástica. Olhei para trás e Thomas olhava para o céu. Olhei. Limpo, apesar da cor lembrar nuvens bem carregadas, o céu não tinha nenhuma marca ou sinal delas.
Thomas foi até umas caixas que haviam no chão daquele terraço e a abriu tirando algumas peças metálicas lá de dentro. Deveria ser peças da grande antena que continuava a subir. Ele me olhou e mordeu o lábio inferior apreensivo e então jogou a peça para cima, o mais alto que pode. A peça subiu e desapareceu. Levei a mão a boca. Thomas olhou aquilo boquiaberto e os olhos bem arregalados depois estreitou os olhos, mas nada da peça voltar.

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DO OUTRO LADO
Ciencia Ficción**CONCLUÍDA** **PLÁGIO É CRIME** O maior medo de Yohana é dormir e não mais acordar. Depois do surgimento de uma doença misteriosa e avassaladora, o mundo nunca mais foi o mesmo. Os casos, mesmo esporádicos, não cessaram fazendo com que as pessoas d...