Já faz alguns dias que Gaara havia retornado para Suna junto com seus irmãos e a verdade sobre o Kazekage veio à tona. Naquele entardecer seco e quente, ele estava vestido de preto, assim como todos os presentes no funeral do Quarto Kazekage, Sabaku no Rasa, seu pai.
A foto escolhida para o memorial mostrava uma versão mais nova de Rasa. Gaara ficou o memorial inteiro concentrado na foto diante dele, introspectivo. Ele odiava ser parecido com seu pai, tanto fisicamente quanto nas habilidades. Na foto, o homem de cabelos ruivos opacos estava com um sorriso discreto, mas os olhos castanhos já eram cruéis, era fácil notar mesmo naquele retrato. Os olhos castanhos dos seus pais eram determinados, magoados e continham raiva, os dele mesmo eram assim, agora os seus verdes estavam repletos de dúvidas, medos e inseguranças.
Kankuro levou a urna onde estava as cinzas do seu pai até o butsudan, o altar de orações onde estavam as cinzas dos antigos Kazekages. Ele aprovou a decisão, a simples ideia de deixar a urna de cerâmica ao lado da sua mãe pela eternidade lhe causava repulsa. Seu pai sempre foi um shinobi acima de tudo, incluindo da sua família, então era certo que ele ficasse ali. Gaara orou junto com as pessoas de luto, não pelo descanso do seu pai, mas para que, após sua morte, suas cinzas possam repousar ao lado das pessoas amadas por ele.
No caminho de volta para casa, algumas pessoas desviaram deles, como sempre. Uma onda de dor tomou conta de seu coração ao olhar para o lado e ver seus irmãos sendo ignorados por causa dele. Ele soltou um suspiro alto quando entrou na segurança da sua casa.
-Você está bem irmãozinho?
Kankuro perguntou, parado um pouco afastado dele. Ao olhar para ele, Gaara se lembrou da ameaça que fez contra ele na floresta da morte em Konoha, e mais uma vez seu coração doeu, pois era claro que seus irmãos tinham medo dele.
-Desculpe por te preocupar.
-Não diga isso! Eu sou seu irmão mais velho, é meu papel me preocupar com você!
-Na verdade, esse papel é meu, já que eu sou mais velha que vocês dois - Temari disse depois que terminou de tirar suas sandálias.
-Mas eu continuo sendo o homem mais velho dessa casa!
-Grande coisa! Eu continuo mandando em vocês dois pirralhos.
O ruivo ficou observando a discussão entre os dois, algo tão natural e comum entre eles. Quando estavam sozinhos na casa deles, seus irmãos sempre agiram assim, como irmãos e não como seguranças. Gaara preferia assim, ver os dois sorrindo, mesmo que não pudesse fazer parte da diversão deles.
-Viu? Você é tão pirralho que até Gaara está rindo de você! - Temari apontava hora para o ruivo, hora para o moreno.
-Ele está rindo é dessa sua crise de tpm, não é irmãozinho?
Os dois olhavam com expectativas para ele, mas Gaara não sabia o que responder, aquela briga dificilmente chegava até ele.
-Gaara! Nós homens temos que nos unir!
Kankurou tentou outra vez incluir Gaara na conversa deles, e aquilo foi o bastante para aumentar mais ainda a dor no seu coração. Com o rosto consternado, ele encarou os seus irmãos.
-Como vocês ainda me consideram um irmão? Quantas vezes vocês já se machucaram pelas minhas mãos? Quantas vezes vocês foram excluídos, julgados ou maltratados por terem que serem meus guardas?
Seus irmãos pareciam mais tristes do que surpresos com o súbito aumento no tom de voz do mais novo, então depois de trocarem um olhar, Temari começou a falar
-Quando eu entendi o que você era e o que foi selado em você, eu fiquei com medo, muito medo. A primeira vez que você perdeu o controle do Shukaku ainda me assombra. Acho que na época eu fiquei uma semana sem conseguir dormir direito.
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A Liberdade é azul
Fiksi PenggemarNaquele dia, os planos de Gaara falharam e ele perdeu o controle da Bijuu selada em si, e ele se encontrou outra vez perdido no seu inferno pessoal e diário. Naquele mesmo dia, Gaara encontrou um azul tão límpido que ele se sentiu perdoado para semp...