capitulo 6

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ja era quase meia noite e eu ainda estava na casa do Gustavo, ele tinha pedido que eu ficasse um pouco mais, porque o mesmo tinha pedido uma pizza. eu aceitei porque estava morrendo de fome. comi em silêncio, mas sempre sentindo o olhar de Gustavo em mim. depois de quase me deixar louca, o mesmo colocou uma camiseta e eu agradeci mentalmente por isso.
— Gustavo, eu preciso ir embora.
falei bocejando.
— tem certeza que precisa ir ? não gostaria de ficar?
eu estava quase caindo no feitiço daqueles olhos azuis e aquela voz rouca.
— sim, não, quer dizer...
me perdi nas palavras e o mesmo deu um sorriso safado. era a primeira vez que o via sorrindo e era ainda melhor, ele ficava perfeito sorrindo.
— eu preciso mesmo ir.
— eu vou pegar a chave.
ele disse se levantando e saindo da mesa. eu fui esperar o mesmo na garagem. aquela tinha sido uma longa noite e teria sido mais longa ainda se a merda da secadora não tivesse apitado. mas no que estou pensando? estou precisando orar, isso sim. mamãe viajaria hoje de manhã e eu nem estava em casa ainda, com certeza ela estava uma pilha de nervos comigo.
— vamos.
ele falou entrando no carro. entrei também e o mesmo deu partida. estava bem frio e ainda o ar condicionado do carro estava ligado, fazendo com que calafrios percorresse meu corpo. minhas pálpebras ja estavam começando a pesar, mas eu estava me esforçando pra não dormir. o único barulho que se ouviu era dos pneus do carro arrancando no asfalto molhado. Gustavo permanecia calado e isso estava começando a me incomodar.
me ajeitei no banco e cocei os olhos, subi as mangas da minha blusa e olhei pro Gustavo. ele estava com uma mão no volante e a outra estava na sua coxa. percebi quando o carro parou enfrente a minha casa e me dei conta que em nenhum momento eu falei o caminho pra ele.
— c-como sabia onde eu morava?
perguntei saindo do carro e ele fez o mesmo.
— conheço cada canto de los angeles e cada pessoa que mora aqui, e também eu te trouxe em casa na sexta.
ele disse ficando na minha frente.
— cada pessoa? você por acaso è algum mafioso ou bad boy de los angeles?
falei irônica.
— não, mas eu gostei do bad boy.
ele soltou um riso nasal.
— ha quanto tempo esta aqui? disse que tinha se mudado recentemente.
— digamos que eu menti, eu nasci e fui criado aqui.
ele respondeu calmo e eu o olhei surpresa.
— e por que nunca te vi?
— você não gosta muito de sair, prefere ficar em casa. ja eu não, não consigo ficar parado. deve ser por isso que nunca nos vimos antes.
ele respondeu e eu sorri.
— e o que foi fazer na igreja aquele dia?
— fui porque uma amiga pediu, ela disse que era o único modo de largar o vício no cigarro.
ele não parava de me olhar um segundo sequer, e eu não tinha outra direção pra olhar, se não fosse seus olhos, era seu corpo, e eu preferia um lugar que me deixasse menos tentada.
— eu achava que você fosse mais religiosa, igual as outras mulheres daqui...mas você è diferente.
ele passou a mão pelos cabelos, os bagunçando.
— devo ser a única pessoa que você não sabe nada.
falei o desafiando.
— está enganada.
ele disse convicto.
— e o que sabe sobre mim?
falei um pouco apreensiva. ele olhou para cima e pareceu pensar um pouco. depois voltou a me encarar.
— sei que ama ler, aparenta gostar de acordar cedo, não gosta de se atrasar pra nenhum compromisso, você tem vergonha quando alguém te elogia, mas no fundo você gosta.
ele falou se aproximando do meu corpo, cada passo que ele dava, eu recuava, ate bater contra o carro. eu estava sem saída. ele escorou a mão esquerda no carro e a outra segurou minha cintura. um calor súbito me percorreu.
— sei também que se arrepia quando ouve a minha voz, ou quando eu digo seu nome. você não tem medo de mim, mas sim, medo do que possa acontecer enquanto esta comigo. não è mesmo?
seu hálito quente misturado ao vento frio batia contra o meu pescoço. cada parte de mim, parecia que ia entrar em convulsão. por deus, eu estava fervendo de puro desejo por aquele garoto.
— mais alguma pergunta?
ele estava a centímetros do meu rosto, e eu não estava conseguindo raciocinar  direito. eu nunca tinha sentindo isso por ninguém, e também nunca imaginei que alguém fosse capaz de me fazer se sentir...excitada. como ele conseguia fazer aquilo comigo? fazendo-me ter desejos pecaminosos e indecentes, ele tirava de mim tudo de pior e fazia vir a tona. por que ele gostava de me provocar tanto?
— boa noite Gustavo.
falei tirando sua mão da minha cintura e entrando pelo pequeno portão. ele nada respondeu, apenas ouvi o barulho do motor. entrei em casa após fechar o portão.
eu mal acreditava que estava me "tarando" com um garoto a essas horas da noite. estava um silêncio dentro de casa, eu passei pelo quarto da mamãe que estava com a porta escancarada e depois fui pro meu. tirei toda a roupa ficando apenas de calcinha. o sono? estava morrendo. mas estava sem um pingo de coragem de tomar banho. apenas peguei um lençol fino e me joguei na cama. apesar de estar um frio, o meu corpo estava febril. com alguns minutos meus olhos se fecharam e eu adormeci.
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droga de despertador não era nem seis da manhã e ele soou. me sentei na cama, ainda sonolenta e quase dormi novamente. foi ai que lembrei que mamãe viajaria daqui uma hora. levantei em um pulo e corri pro banheiro. fiz um coque no cabelo e liguei o chuveiro. fechei o box e ouvi a voz de alguém.
— yumy?
mamãe disse em um tom nervoso.
— que horas você chegou? eu mal te vi entrar, menina.
— cheguei meia noite.
falei ensaboando meus braços.
— você estava dormindo, então preferi não te acordar.
— se arrume, conversaremos la embaixo.
juro que engoli em seco quando ela disse isso. terminei o banho e sai. coloquei um vestido solto e uma sapatilha, soltei meus cabelos. desci as escadas tentando não fazer barulho e desejando que 07:00 chegasse logo.
— sente-se aqui comigo yumy.
mamãe estava na cozinha sentada na mesa, mexendo em uns papeis. fiz o que ela pediu e fiquei esperando que a mesma começasse com os sermões.
— a empregada vira todos os dias e ficará com você até as 17:00.
— okay.
— quero que continue indo na igreja e na escola como sempre foi, e não quero mais que chegue no horário de ontem.
ela colocou os papeis dentro da bolsa e se levantou.
— a propósito, quero que va ao confessionário essa tarde.
ela beijou o meio dos meus cabelos e depois ajeitou minha franja.
respirei aliviada por ela não me dar uma bronca. uma hora passou rápido e logo o taxi da mamãe estava parado enfrente de casa, enquanto o homem colocava as coisas dentro do carro, ela me ditava as regras.
— ta bom mamãe, eu ja entendi.
falei tentando faze-la parar de falar.
— mais uma coisa tem dinheiro na gaveta de roupas íntimas no seu guarda roupa, eu acho que vai dar por esses dias.
nos abraçamos uma ultima vez e ela entrou no carro. ela acenou de la dentro e eu acenei de volta.
o que aconteceu na noite passada não saia da minha cabeça, sempre que fecho os olhos e tento pensar em alguma coisa, è sempre ele que vejo. não tem um minuto se quer que não lembro da voz dele e do seu toque. ele estava me deixando completamente louca.
alguém por favor tem um manual de como resistir o Gustavo foganoli?

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